domingo, 23 de julho de 2023

A perfeição do encontro

O que é perfeição? Tão difícil definir, tão pessoal de perceber. Mas, na última sexta, foi esse encontro para celebrar a vida que chamei de perfeição.
Ganhei uma festa em SP de presente de aniversário, da minha querida-deusa-feiticeira Naiara. Fui num dia e voltei no outro para não atrapalhar meus anfitriões e também por causa de Zenzito, ainda se acostumando à minha ausência. Foi uma oportunidade de encomendar o bolo e os brigadeiros da Arícia, que são realmente perfeitos - e ela me mandou uma caixinha de mimo com brigadeiros, inclusive de morango, meodeos!
Em meio à gataria fofa, cantamos, dançamos e brindamos à vida e à amizade, com meus 51 como pano de fundo. Amigos de diferentes épocas, afetos de longa duração: a arte do encontro. Já disse que foi perfeito?

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Gracias a la vida

Os 51 chegaram, e chegaram no melhor estilo, num momento muito bom, de mudanças significativas (que pude fazer graças a um mínimo de planejamento, que cada vez mais na vida valorizo, mas sem perder de vista o privilégio que tive).
Em um mês de vida em Salvador, quanta coisa já aconteceu! Reposto as imagens com as queridas chicas gauchas do espanhol no Cuco Bistrô e flanando pelo Pelô, e adiciono as do tributo a Rita Lee na Saladearte, o encontro com Liu e Igor e Ed Ribeiro no Raso da Catarina, o bolo de aniversário coletivo em Guarajuba, por fim o encontro com Dani e amigas para experimentar o menu do Origem, uma perfeição, benzadeus. Haja privilégio. 
Embora sempre de olho no que fazer para combater a injustiça social, sigo dando graças à vida, que me faz encontrar pessoas maravilhosas no caminho, gente que coloca em pauta e em prática essas questões que me incomodam. Para que mais gente possa justamente dar graças, sentar-se a uma mesa com amigos, ter uma refeição, gozar da própria dignidade de ser. 

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Cena de las chicas

Voltei a estudar espanhol no ano passado, on-line, com Raquel, uma gaúcha que mora em Salvador há muitos anos. Começamos no básico mesmo e agora estamos no avançado, praticando conversação (embora eu saiba que preciso estudar muito mais, de forma mais organizada, jizuis). 
Com o arrefecimento da pandemia e minha mudança pra Salvador, finalmente pudemos nos encontrar. A ocasião foi a chegada de uma das colegas, Caissana, que veio do Sul para cá a trabalho. Encontramos também Deise, outra colega, no ótimo Cuco Bistrô, no coração do Pelourinho. 
Tudo lindo, com atendimento ótimo, comida impecável. O preço não é exorbitante e ainda temos o entorno perfeito, o Pelô, que eu não visitava há anos. Ainda por cima demos um rolezinho por ali com assessoria de Raquel, que trabalha num escritório de turismo. Noche perfecta con las chicas!

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Reinstrumentalização

Na minha primeira mudança solo, comprei ferramentas básicas e uma furadeira. Os homens sempre se espantavam por eu ter uma caixa de ferramentas e furadeira em casa (ainda se espantam quando digo que não preciso de ajuda com instalação do fogão ou porque, se necessário, vou tirar os rodízios do sofá-cama para que ele passe pela porta). Depois, a caixa e a furadeira acabaram ficando com Guga, porque ele é quem costumava fazer a maior parte dos reparos - e eu nunca mais pus as mãos na furadeira.
Agora, na nova casa, resolvi comprar tudo de novo. Além de montar as mangueiras do fogão, a sapateira, o criado-mudo e a estante de metal, ainda preciso pendurar uns quadrinhos. Achei uma furadeira-parafusadeira, porque parafusadeira é a melhor coisa que há no mundo das ferramentas, né? Conheci quando Ju foi instalar armários pra mim na Aclimação. E eu amo ter ferramentas apropriadas para tudo, ainda mais se for para economizar tempo e energia (a bancada da cozinha, que parece uma minipadaria, que o diga).
Um dos maiores exemplos da importância de se ter ferramentas que nos auxiliem é a máquina de costura. Enfim, comprei uma este ano, menor que as domésticas comuns - aliás, da Philco também, como minha parafusadeira nova -, porque cansei de tanto fazer consertos de costura na mão, usando ponto de bordado. Não é difícil, a maior parte das vezes, mas demora demais - como a barra improvisada das cortinas que ganhei, e que agora vou trocar. E também me inscrevi num curso de costura, que queria fazer há tempos, ainda por cima no centro, que eu adoro. 

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Mi casa

Quando a casa começa a ficar com nossa cara? 
Quando cheguei aqui, tudo estava tão branquinho, tão recém-pintado, que me deu uma preguicinha de pendurar quadros nas paredes. Também mudou minha percepção do que "mostrar". Preciso colocar todas minhas referências, lembranças à vista de todo mundo, mesmo que esse todo mundo seja uma parcela de pessoas que frequentem minha casa? Vou um pouco na contramão desses tempos de ultraexposição. Preguiça? Talvez? Ah, Macunaíma!
Mas também ando fotofóbica, como já disse em outro momento. Então as paredes branquíssimas e a luz reinante que aumenta meu melasma e só me deixa trabalhar num horário restrito acabam exigindo alguma cobertura, seja de cortinas menos transparentes, seja sim de coloridos nas paredes. E isso me faz comprar furadeira nova, voltar a ter ferramentas apropriadas e próprias. 
No meu caso, porém, a casa começou a ficar com minha cara pela cozinha. Não me importa que a sala pareça vazia, porque larga. Mas a cozinha, bicho. Com poucos armários, logo pediu uma bancada com prateleiras para colocar meus equipamentos culinários - planetária, sorveteira, extrator de suco, multiprocessador, liquidificador, quase uma padaria. E uma muretinha logo virou lugar das essenciais ervas de temperos, que agora volto a ter ao alcance da mão. E as paredes também vão ganhar seus enfeites, escolhidos a dedo (tomando cuidado para não provocar mais fissuras, porque aqui a coisa é delicada, como já mostrou a parede do escritório, cuja pequena fissura existente virou uma pequena placa tectônica depois da colocação da rede de proteção na janela - essas eventualidades das mudanças). 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

O melhor bolo de chocolate sem farinha do mundo

Hoje fiz o bolo de chocolate sem farinha do Panelinha. Pensei logo, quando vi a receita, que deveria ser a ideia daquele O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, mas provavelmente melhor, já que tinha dedo de dona Rita Lobo. Isso porque aquele que se dizia o melhor tinha um quê de suspiro, casquinha e tudo, e o de Rita Lobo também vai nessa direção de textura. Mas é muito melhor, como eu imaginava. Nada seco, muito saboroso, uma versão delicada mas marcante de brownie. Amei.
Dessa vez, não reduzi a receita à metade, mas a um terço, porque só comprei uma barra de 85 gramas. Ficou perfeitinho. E ainda tinha sorvete de leite pra acompanhar, mais que perfeitinho ficou.

Vida que segue

Ando com uma fotofobia gigante. O apartamento é tão claro, e o sol incide sobre a parede externa do prédio, que reflete sobre a tela do computador, meus óculos e tudo. Deve ter a ver com idade, pode ser astigmatismo aumentado, enxaqueca por compressão da cervical, saída de um espaço menos claro, e preciso mesmo ir ao oftalmologista, mas me parece também metáfora da vida - uma claridade renovada, reconquistada, diante da vida. 
Saio por aí e olho tudo com atenção redobrada, mesmo de óculos escuros. Vou ganhando a cidade do jeito que sei fazer - palmilhando, fruindo, conversando com os locais, colhendo informações, histórias e gentilezas. Já há quem me trate como local, mesmo me sabendo estrangeira. E também ganho companhia na rua, como o doguinho caramelo cotó que foi me acompanhando até o ponto de ônibus.
Zenzito, que pirou na primeira semana, já conquistou também os novos espaços - menores que os anteriores, mas os gatos nos ensinam sempre a arte da adaptação, da flexibilidade, da não invasão. Ele ainda tem a linda vizinha Ayla, que vem sempre contemplá-lo algumas vezes por dia. Talvez promovamos, eu e a dona de Ayla, o encontro dos bichanos qualquer dia. 
A rosa do deserto já mostra que gostou do novo espaço, exibindo novos botões a cada dia. Logo outros vasinhos devem lhe fazer companhia. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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