domingo, 28 de fevereiro de 2021

Sorvete de pistache e avelã

Pistache cru e sem casca é tão, mas tão caro, que eu só compro muito de vez em quando, se quero fazer uma extravagância. Na minha última incursão on-line à zona cerealista de SP, comprei um pacotico e reservei. Ontem, resolvi fazer um sorvete sem sorveteira, com creme de confeiteiro e o pistache saborizando o leite. Mas resolvi reforçar o montinho modesto da preciosidade verde com um pouquinho de avelã. Achei que combinava.
E achei certo. O sabor do pistache, tão peculiar, continuou predominante, e pudemos ter pelo menos cinco porções de sorvete feito em casa. Uma chiqueza de sabores.

O que está por trás de uma compra?

Estou até emocionada: chegou minha primeira compra no ECDE, a capa para nosso pufe detonadinho. Foi Ariana Campelo quem fez, em crochê com fio de malha, a capinha sob medida. 
Fiquei encantada com o resultado, mas principalmente com todo o cuidado que Ariana demonstrou, do início ao fim do processo - atendimento atencioso, embalagem caprichada com carimbo fofo, bilhetinho de agradecimento com brinde, instruções de cuidado com a peça; por fim a peça linda que vestiu o pufe como uma luva. E os pets foram logo conferir. 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Tempo de acerolas

No meio do verão, quase no final, é época das acerolas. Lindas, vermelhas, gorduchas. Eu não conhecia o sabor das acerolas até nos mudarmos pra cá, porque elas em nada lembram o gosto daquelas polpas congeladas. 
Como tudo que dá no nosso quintal é de uma vez só, quando chegam as acerolas, é uma corrida para colher, separar, desinfetar, lavar, pulsar, peneirar, ensacar e congelar. É trabalhoso. Por isso já combinei com marido que ele colhe, eu processo, porque ainda por cima cai um pozinho em cima da gente durante a coleta que coça horrores. 
O tempo das acerolas é o dos insetos de verão (quer dizer, nem sei se eles chegam a ir, acho que sempre estão) - maruins, muriçocas, mutucas, marimbondos. Muitos cupins, atraídos pelo gado no pasto vizinho, e formigas de todo tipo. Abelhinhas que enroscam no cabelo ou deixam uma gotinha de mel na nossa pele, quando pousam. E outros seres alados: os bem-te-vis vêm atrás das frutinhas, como os anus brancos e pretos (que me lembram uma quadrilha e fazem um escândalo quando veem Zen); os colibris, mais discretos, dançam em torno da flor de bromélia. Ah, e as cigarras, que não se atrevem muito a entrar em casa depois da chegada dos dogs, especialmente da retriever Chica. 
Quanta gente vem junto com as acerolas!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

A necessária incompletude

Então ontem defendi meu TCC. Fiz um roteiro, fiz powerpoint, e na hora não consegui usar nada. Tinha pensado em gravar, para enviar à minha mãe, mas descobri que minha versão do Meet não possibilitava a gravação. Fiz uma explanação confusa, me estendi muito, não consegui dizer o que queria dizer. Enfim. E me lembrei da minha defesa do mestrado, somente eu, a banca e meu amigo James, porque a USP estava em greve. E a garganta travada na hora da apresentação. Ontem não travou, mas volta e meia me faltavam as palavras, porque também agora isso é um problema da idade, quase vinte anos depois.
Mas vieram os queridos e queridas - Guga, Gui, Liu, Kate, Lu, Rafa, de encontros tão diversos na vida. E Cheron, minha avaliadora, elogiou texto e sugeriu publicação, com as devidas correções. Então foi muito bom.
A surpresa veio de minha orientadora, Cris, que disse que é difícil e é fácil orientar alguém como eu. Difícil porque, segundo ela, leio muito, já vi muito, escrevo muito e tal. Fácil porque, também segundo ela (e acho que concordo), tenho consciência da minha incompletude, não acho que não há mais o que saber. E ela reconheceu em mim o mesmo gosto que ela tem pela revolução. Foi muito bom mesmo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Rotinas do décimo-primeiro mês pandêmico

Hoje me dei conta de como parece que estamos no período medieval inclusive na forma de contar o tempo - em semanas ou meses associados a um evento. Em vez de ano I d.C. ou Ano da Morte de Ricardo Reis, temos o tempo da pandemia. Hoje é o décimo-primeiro mês da dita cuja por aqui, mas em outros países até começou antes. 
Por esses dias, depois da chegada de Frau Fritza e de algumas experimentações, consegui fazer o filé à parmigiana, seguindo as dicas de um chef blogueiro patrocinado pela Mondial. Ele indica forrar o cesto da air fryer com papel alumínio, para não escorrer o molho. Ficou perfeito, mas, foi postar nas redes, e vieram as advertências - alumínio passa pra comida, alumínio queima a air fryer. Acho que tudo procede, e o próprio chef fica em cima do muro com relação a isso quando indagado se pode ou não usar papel alumínio ou manteiga no equipamento. No final das contas, minha amiga Luciana Tchu deu a dica preciosa de usar folhas de acelga nesses casos de comida com molho.
Recebi a encomenda do doce feito de melaço e coco por Rafa, colega do curso de jornalismo gastronômico. Podemos dizer que é um gosto adquirido - no terceiro dia, já tinha conquistado os paladares, mas no primeiro causou um certo estranhamento. Provavelmente, é muito apreciado em Fortaleza. Os caramelos, mais puxa-puxa, ficavam muito grudados no acetato. Mas a apresentação de tudo é muito bonita. 
Também chegaram meus sapatos da Wishin. Toda vez que apareciam na minha timeline, eu pensava em como eram bonitos, mas como arriscar comprar sapatos que nunca experimentei? Daí, houve uma boa liquidação e resolvi arriscar. Provavelmente, o ótimo custo-benefício se deve ao barateamento do uso de material plástico no solado, que não compromete o visual nem a qualidade. O couro macio abraça os pés.
Pedalei na última semana, numa trégua da chuva, e ganhei duas picadas de mutuca, uma em cada ombro. Sigo como laboratório de alergias a picadas de inseto. 
Como ninguém é de ferro, também temos momentos de mormaço com pets (cã trabalhadora e cão pilateiro) e marido. 
Hoje adoraria um mormaço tranquilo, mas os prazos urgem contra. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Novos padrões de consumo

O que a pantys e uma luminária artesanal podem ter em comum? 
Além da lindeza, da perfeição na entrega e na confecção dos produtos, o fato de serem produtos que pensam o consumo de forma mais responsável - a pantys evita o descarte insano de absorventes pelo país; as luminárias do Fiu, que vem lá da Ilha da Maré, em Salvador, fazer a entrega cá no litoral norte de ônibus, são feitas de palha de coqueiro, aproveitamento de um descarte naturalíssimo. 
Conheci as luminárias do Fiu, que é de uma simpatia simples e querida, indo buscar pizzas em Açu da Torre. Lá, na minha pizzaria favorita, me deram o contato do rapaz que fazia todas as luminárias lindas do local. Entrei em contato com ele, que me enviou um monte de fotos para escolher e foi muito atento e rápido nas respostas por WhatsApp. Nem quis que eu depositasse a grana antes, disse que confiaria em mim, que poderia pagar na entrega. Coisas lindas de interior. 
Quanto à pantys, acabou sendo minha solução depois que o coletor menstrual não rolou. As peças são lindas, confortáveis, chegaram logo e vieram nessas embalagens fofíssimas, ainda com um saquinho para lavagem ou para guardar. 
Embora eu já viesse tentando comprar do pequeno ou do ecológico sempre que possível (móveis com os meninos do Gato Maloko e o mel maravilha do Capão diretamente com o presidente da cooperativa, Pedro), agora, com a pandemia, os pequenos negócios de todo tipo têm ficado mais evidentes. A Rede Dotsy, de São Paulo, criada pela Kuki Bailly, já fazia, bem antes da Covid-19, a promoção de vários profissionais locais com sucesso. Eu nunca comprei nada porque estava fora de SP. Agora há a ECDE, Esquerda Compra da Esquerda, uma iniciativa da simpaticíssima Érica Caminha (olha a mulherada aí, sempre) para promover, num momento de extrema dificuldade financeira para todos, a circulação econômica entre aqueles que se identificam com princípios éticos como ecologia, solidariedade, respeito às diversidades. Tem gente do Brasil todo e de alguns outros países e engloba artesãos, artistas plásticos, escritores, professores, trabalhadores domésticos, mecânicos, faz-tudo, médicos, dentistas, psicólogos, tudo o que se imaginar. Mesmo de outros estados, já fico de olho em várias utilidades e bonitezas - até porque mais que nunca tenho comprado pela internet e tudo chega por correio mesmo. 
Além de apoiar os pequenos e os locais (nas compras de supermercado, tenho preferido as empresas nacionais), evito o mais que posso comprar de quem está alinhado com ideias fascistas e seus propagadores. Nunca mais pisei na Centauro, por exemplo. Mal entro na Riachuelo e agora tenho minhas ressalvas com a Mundo Verde. Nunca fui ao Madero, e sei que não irei nunca. 
Também no consumo, princípios são fundamentais.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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