As informações sobre o show de comemoração de 40 anos do álbum Refavela, tanto no site do Teatro Castro Alves quanto em sites locais de cultura, como o IBahia e do jornal Correio, falavam que Gil receberia outros artistas, como Céu, para cantar as canções inspiradas em sua viagem à Nigéria. Porém, foi uma espécie de karaokê de familiares de Gil e Caetano, com tentativas explícitas de lançar artistas desconhecidos, como a nora de Gil, casada com o produtor do espetáculo, Bem. O anfitrião do show, na verdade, era Moreno Veloso. Gente, quando é que eu pagaria 120 reais e venceria 60 km de estrada para assistir Moreno Veloso saltitando para lá e para cá? Para ouvir o tímido vocal da nora de Gil? Para só ver Céu 1h20min depois de iniciado o show - quando, na verdade, já estávamos indo embora, por fim convencidos da trapaça toda?

Em uma entrevista do Correio, cuja chamada é de que Gil seria o anfitrião, somente no meio do texto dá-se a entender que ele vai cantar 3 músicas durante o show (se tivesse lido isto há 3 semanas, nem perderia tempo). De resto, parece haver um grande conluio midiático para promover o show e os parentes menos famosos do cantor. Tristes tempos estes, em que a cultura também é manchada pelo oportunismo, pelo favorecimento de iguais, em detrimento da maioria da população.
Atualização no dia 25 de setembro:
Teatro Castro Alves: Prezada Solange, lamentamos pelo seu descontentamento. O show de fato se configurava como um tributo, e não como apresentação de Gilberto Gil. O release publicado no site do TCA, disposto pela produção do evento, fazia esta contextualização. Ademais, esclarecemos que a realização do show e do projeto é independente, não se tratou de um espetáculo promovido pelo TCA. Ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Solange Lemos: Teatro Castro Alves, ninguém lamenta mais do que eu, que tenho ido a tantos shows na Concha Acústica, e observado problemas aqui e ali, como a superlotação do espaço e os gritos do público na direção de quem está de pé. Lamento muito que a sanha do lucro produza massas apinhadas nos acessos às arquibancadas da Concha Acústica, que não haja nenhum cuidado da produção com a segurança e o bem-estar do público. Lamento a comunicação dúbia apresentada/compactuada no site do TCA e em outros meios digitais e no cartaz enorme diante do teatro no caso do evento referido. Lamento sobretudo por saber de antemão que esta seria a resposta óbvia à minha reclamação - "não temos nada a ver com isso" porque "o evento é independente", embora eu tenha comprado do TCA, e não da produtora de Bem Gil, os ingressos, o que configura responsabilidade solidária. Lamento, lamento muito mesmo que esse grande complexo tenha se tornado tão pouco convidativo, tão pouco "cultural".
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