domingo, 29 de agosto de 2010

Diez canciones desesperadas

Vi, por um acaso, uma lista publicada na Veja das músicas mais tristes de todos os tempos, nacionais e internacionais. Bah!
Além de ser uma pretensão inútil - afinal, cada um tem sua própria lista, sabe onde lhe aperta o calo -, seria preciso ter clareza (será possível neste caso?) quanto ao que se considera triste. A melodia? A letra? Tratar-se de uma música dor de cotovelo? Na relação apresentada pelo semanário, confundem-se canções melancólicas, "épicas", rasga-coração e de protesto, não se levam em conta as nuances da tristeza. E, absurdo dos absurdos, não há Cole Porter, Jacques Brel, Gilbert O'Sullivan! Da lista "nacional", só duas me pareceram de fato fraternalmente tristes, O mundo é um moinho e Amor, meu grande amor. Questão de repertório? Gosto? Enfim.
Se eu fosse fazer uma lista dessas, escolheria uma categoria de tristeza, a das canções desesperadas (singela homenagem a Neruda). Misturaria canções nacionais e internacionais. Todas igualmente tristes, sem primeiro lugar. Talvez os graus de desespero diferissem um pouco entre si, mas manteriam o espírito do "não sei que fazer". Desse modo, o homem que quer ser "a sombra da sombra" da amada tomaria um último trago com aquele que teme os "olhos morenos, que metem mais medo que um raio de sol". Seria mais ou menos assim:

Bom dia, tristeza - Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes
Ne me quitte pas - Jacques Brel
Lígia - Tom Jobim
Beatriz - Edu Lobo e Chico Buarque
N'oubliez jamais - Joe Cocker
A flor e o espinho - Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha
With a little help from my friends - The Beatles
Soneto - Chico Buarque
Begin the beguine - Cole Porter
E como é difícil pensar em tristeza num domingo de sol, ainda falta uma para completar a lista. Alguma sugestão?

14 comentários:

  1. Sô,
    Vc adora listas! Parece o personagem daquele filme que o cara tem uma loja de vinis e faz lista de tudo.
    Vou pensar na música.
    bjos,
    Adri

    ResponderExcluir
  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    aliás, adoro esse filme, "Alta fidelidade", muito bom!
    aguardo sua sugestão!
    beijos,

    ResponderExcluir
  3. Ah, tantas... Bridge over troubled water, de Simon e Garfunkel, acho triste de doer... Canto triste, do Edu Lobo (não podia faltar, né? hehehe), com a Elis cantando, de cortar os pulsos... Carta ao Tom 74... triste, não desesperada, mas de uma melancolia... Acalanto, do Elomar, muuuuito linda e tristíssima...

    Aff, quantas reticências, hahaha

    beijoca,
    Tam

    ResponderExcluir
  4. Ah, o Elomar é um dos reis da tristura! E a Elis consegue sempre dar um temperozinho à tristeza alheia, hehehe!
    besitos,

    ResponderExcluir
  5. Déjame recordar, do Bola de Nieve. É a última música do filme A lei do desejo.
    Dá até arrepios!
    Bj,
    Marisa

    ResponderExcluir
  6. Nossa, os filmes do Almodóvar, aliás, são campeões nessas músicas. Quase coloquei "Resistiré", do Duo Dinámico (do filme Atame!), mas no final achei mais esperançosa que desesperada (o que vale outra lista!).
    beijos, beijos,

    ResponderExcluir
  7. Hahaha! Essa é uma delícia!
    Lembrei outra triste: Lover, you should´ve come over, do Jeff Buckley.
    E agora chega, que isso pega!
    Um lindo domingo de sol, Sol!
    Bj!

    ResponderExcluir
  8. Sô, minha sugestão é "Crying", do Roy Orbison, pra chorar junto com ele. É aquela que é cantada na cena do Clube Silencio, no "Cidade dos Sonhos", do David Lynch, mas em uma versão em espanhol, igualmente linda e tristíssima!
    A versão original do Roy Orbison: http://www.youtube.com/watch?v=07NMA51D46c&
    E a versão em espanhol, "Llorando": http://www.youtube.com/watch?v=AIpkMg9sh6Q

    Beijos,

    Rafa

    ResponderExcluir
  9. Maravilhosa, Rafa!
    Mas para espíritos alegres (mesmo que dramáticos) como os nossos, é bem pra de vez em quando, né? rsss
    beijos,

    ResponderExcluir
  10. Oi, japinha.
    Saudade docê.
    Uma canção que sempre me arranca lágrimas é a guarânia "Trem do Pantanal", celebrizada na voz de Almir Sater. A letra fala de um sujeito que, fugindo da guerra, cruza o Pantanal Mato-Grossense de trem a caminho de Santa Cruz de la Sierra. Não me pergunte por que, mas eu sempre choro quando ouço... acho que tem a ver com o lamento da harpa paraguaia.
    Bjão

    ResponderExcluir
  11. Marcelino,
    eu, que já ando saudosa das nossas risadas, agora sou sempre me lembrar de você quando ouvir Almir Sater cantando!
    beijocas,

    ResponderExcluir
  12. Só não vale chorar, hein?
    Na verdade, meu depoimento sobre este tema não tem grande valor -- afinal, eu já me debulhei em lágrimas ao ver a cena inicial de "O Rei Leão" (se você não se lembra, ela mostra apenas o Sol nascendo por detrás de um baobá). Em outras palavras, sou um boca-aberta... Eh, eh!
    Beijãozão

    ResponderExcluir
  13. Ah, mas eu também, nessa primeira cena, música do Elton Johan sobre o ciclo da vida... O amigo que me acompanhava não acreditava no que via! Vexame histórico em comum!
    beijos!

    ResponderExcluir

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog