
Com ar de enfezada continuo eu. Não sei evitar espasmos faciais diante do que me desagrada, sobretudo a injustiça e suas variações - covardia, escrotice, violência. Continuo, como disse uma prima, sendo uma pessoa positiva, embora mais cansada.

Estou mais aberta a mudar de opinião, mas não a mudar de valores - isto talvez nunca mude.
Cansei de correr. Nas corridas de infância, sempre perdia um dente ou ganhava uma cicatriz. Só quando parei de correr por tudo passei a ouvir minha voz interior. Pode parecer estranho, porque sempre fiz o que quis fazer, ou acreditava querer fazer - isso não seria ouvir "a própria voz"?. Depois, porém, descobri que, sob várias camadas, minhas pretensões eram muito mais modestas, artísticas, ecológicas. Prossigo não sendo uma pessoa competitiva, de qualquer modo, ainda que me bata muitas vezes comigo mesma.
Tenho um quê pragmático, que cultivo. Acho bom. Mesmo com o lado canceriano fazendo drama, procuro não sofrer [muito] com o que não tem jeito. Deve ter uma influência oriental esse olhar para o presente, e agradeço aos ancestrais por isso.
Hoje respiro melhor que antes. Tenho maior consciência corporal. Valorizo o que ganho, agradeço por tudo. Evito ruminar/reclamar muito, até porque a reclamação é mais hábito/pensamento que verdade/ação.
Aprendi a resetar sempre que necessário. Tem a ver com respirar melhor - lembro-me de respirar fundo e isso me faz me readequar à situação. Técnica de sobrevivência + paz de espírito.Mudei tanto quanto uma árvore pode mudar. Sempre diferente a cada época, ela mostra-nos sempre o que nasceu para ser - árvore.
Com mais sardas, olhos mais fundos, fios de cabelos brancos, uns quilos a mais, sigo sendo o que nasci para ser: contadora de histórias/bordadeira/padeira/ciclista/viajante/educadora/cantora de karaokê. Isso porque sou gente. Se sou uma árvore, simplesmente uma quaresmeira.
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