Pois dezembro começou muito bem, com espetáculo lindo de dança na Concha Acústica. Fui prestigiar os colegas da Funceb, na Mostra Odún, que reuniu todos os grupos ligados à fundação. Eu imaginei que seria bom, mas não que seria tão lindo! Que bom ter vencido a preguiça dominical e ter pedido um ingresso no grupo (compromisso que, como sempre, garantiu o ter vencido a preguiça).
Não consegui falar com Lu, claro, que estava na concentração. Mas o bilheteiro gentil me concedeu um ingresso e lá fui, me juntar a uma multidão que lotou a Concha, uma lindeza. Logo comecei a bater papo com minhas vizinhas de arquibancada, que tinham ido ver um dos dançarinos de dança afro - filho/afilhado/neto.
A organização foi perfeita, houve uma história que alinhavava o espetáculo, puro Sankofa. E nisso residia a beleza maior, honrar as ancestralidades. Como disse, fui surpreendida com a qualidade das apresentações (embora minha ex-turma tenha apresentado outra coreografia), especialmente a partir da segunda metade do espetáculo.
Foi a partir da segunda metade que o espetáculo pegou fogo. Já havia o elemento de negritude em algumas coreografias anteriores e no próprio texto dramático, mas dali a pouco havia também ventania e raios e pequenas poderosas oyás, havia animal totem embalando o burlesco ao som de Gal, floresta ancestral e yabás, dança afro pulsante e enérgica (e lá estava o afilhado/filho/neto brilhando), a mais nova espada e seu corte do orixá da luta e da justiça, vencedor das demandas Ogum. Ali a dança abraçou todo o seu sentido, o de falar com passado e futuro pelo corpo, torná-lo ancestral no momento presente. Se isso não é magia, então não sei o que é.
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