segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A morte do cerefólio (e a vida que segue)

Meu cerefólio morreu!
Quando eu o trouxe da Sabor de Fazenda, como a erva que escolhi replantar no curso de Jardinagem Gastronômica, ele tinha duas ou três folhinhas amarelas, mas parecia impávido. Como não gostou do lugar onde o coloquei primeiro, com sol direto, mudei-o para um mais sombreado. Logo vários mosquitos vieram habitar o vaso - borrifar pó de café na planta não fez nenhum efeito.
Numa última tentativa, coloquei-o atrás do vaso de ervas "mediterrâneas", para que tivesse meia sombra. E vi o cerefólio minguar implacavelmente, as folhas delicadas amarelando e pendendo para a terra. As salsas pedem bastante cuidado, mas dá para achar o termo perfeito - comprei umas mudinhas (sou insistente com as salsas) que transplantei para o vaso mediterrâneo, e pelo menos uma delas curtiu o lugar. Já o cerefólio, foi ele quem decidiu não ficar, desde o início. Estaria doente? Como saber?
Só sei que tenho aprendido muito na observação das plantas. E esse mudo contemplar acaba sendo bastante útil na observação pessoal - aprendo a falar menos (juro que é possível) e a olhar mais, lendo nos gestos e silêncios o que não se ousa/consegue/deseja dizer. Quando é preciso ensolarar, quando é preciso aquietar à sombra. Mais ou menos nutrição. Revolver o solo. Tirar ervas daninhas, folhas velhas para trazer o renovo. Entender que às vezes "não rola", e tudo bem - perdemos de um lado, ganhamos de outro. Alegrar-se com as pequenas conquistas/bênçãos diárias. Um trabalho incansável, mas que vale muito, muito a pena.
A vida que segue.

2 comentários:

  1. É isso mesmo amiga. Estar no mundo, é fazer trocas, é perceber o outro, é dar o que temos de melhor, seja o ato de regar ou o simples ato de ouvir e saber calar. Beijos, Li

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    1. E não é muito bom, Li? Eu gosto muito, sobretudo quando estou no mundo com as pessoas queridas. :)
      beijos!

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