terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pintar e bordar, é só começar

No blog vizinho, o Ser o que soa, publiquei uma viagem mental que liga Sherazade e Penélope, tudo porque vejo no bordado uma lógica semelhante à da narrativa. Tudo isso porque um dia desses acordei com vontade de bordar, uma coisa que nunca fiz (como milhares de outras ligadas às antigas prendas domésticas - definitivamente, não sou uma mulher prendada). Fiquei com essa ideia Sherazade+Penélope na cabeça até que saiu o texto.
A ideia de bordar também tomou forma quando fui ao armarinho muito antigo aqui perto de casa, administrado por duas velhinhas e um velhinho. Cheguei sem saber direito o que pedir (tamanho de agulha, tipo de linha). Nem mesmo ter encontrado um manual de bordado on-line (como sou feliz de viver na época da internet sem ser fã do "face" - em outro post explico por quê) me impediu de gaguejar na hora de fazer o pedido do material. Uma das senhorinhas me deu umas dicas e me apresentou caixas de linhas ORGANIZADAS POR COR, UMA MAIS LINDA QUE A OUTRA! Pirei, claro. E comprei várias meadinhas coloridas, mesmo sem saber que bicho ia dar. E duas agulhas (não sei o número), e 1,5m de cânhamo (não soa chiquérrimo? sabiam que é a planta da maconha? éééé!). E saí abrindo caminho livremente, sem seguir o que dizia o manual sobre os pontos, primeiro para ver se curtia. Trapaceei um pouquinho usando tecido, uma coisa que adoro desde que trapaceei com ele nas ilustrações do curso do Odilon Moraes e do Fernando Vilela no Tomie Ohtake.
E gostei. É terapêutico, inclusive o fazer e desfazer (com o qual não tenho problema se for para chegar a um bom resultado). É divertido. O bordado é fotogênico (o avesso dele está parecendo um filme de terror, mas a frente até ficou fofinha).
Portanto, já meti as caras - e, incrível, só furei o dedo uma vez.
Agora é só aprender, né?

8 comentários:

  1. Que lindo, Sô!!! Você é uma verdadeira Ariadne!!! Já pode começar o livro bordado.
    beijos!

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    1. Obrigada, Tam! Puxa, esqueci da Ariadne, imagina! Depois que tinha escrito é que me lembrei. Bueno, vou postar só sobre ela. :)
      beijocas!

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  2. ADOREI!
    Muito boa a ideia de misturar tecidos ao bordado.... Vamos combinar?
    O unico bordado que nao faz a minha cabeca eh o ponto em cruz.... Odeio, por causa do avesso.... Mas os outros tipos..... Aiiii que delicia....

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    1. Ká, pensei muito em você, por conta da história da máquina de costura! Quem sabe não fazemos um livrinho juntas?
      beijos!

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  3. Começou brilhando, Sô! Parabéns!
    E essa conversa sobre a narrativa, e as mulheres, e o bordado... me lembrou um trecho do Asas do desejo, em que o velho Homero, que ninguém mais ouve contar histórias em volta da fogueira, se pergunta: haverá um dia uma narrativa sobre a paz?
    E nós, que aqui estamos, temos histórias e queremos contá-las, aceitamos esta faina?
    Beijos,
    Marisa

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    1. Que lindo, Má! Amo esse filme! Sim, contemos as histórias que temos dentro de nós! Que no final das contas, ao voltar a reunir pessoas em volta das fogueiras, reais ou virtuais, essas narrativas promovam a paz.
      beijos!

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  4. Adorei mais esse autorretrato, Sol! Vc foi à última Bienal? Havia vários trabalhos sobre tramas, tecituras, tear... Acho que anotei alguns nomes, não sei agora onde. Vou buscar e te passo. Geniaiis os trabalhos, os que vi lá e o que vejo aqui!
    Bjs
    Wagner

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    1. Ai que saudade docê! Não fui à última Bienal - ensaiei, ensaiei e perdi (aliás, promessa de ano-novo é não ficar mais marcando passo e perder o trem). Me mande os nomes sim. Me ligue pra marcarmos café e conversa?
      beijos

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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