Aconteceu a mesma "epifania" com as plantas. Comecei uma hortinha de temperos no meu antigo apartamento, para uso culinário, claro. Tinha já tentado ter um lírio da paz, que resistiu anos, mas por fim morreu. Percebi que aquele verdinho mínimo na janela me deixava contente, e depois sofistiquei a hortinha em grandes baldes de metal com mais ervas. Olhar para elas me trazia um apaziguamento, além, claro, de ideias sobre novos pratos a preparar.
Na nova morada, a sacada do quarto virou um miniviveiro de plantas. Antes as ervas habitavam a espaçosa área de serviço, mas vieram os gatinhos, e deu-se a mudança. E fico pensando em como será quando eu tiver uma casa com jardim e quintal. Plantas, ervas, árvores! E gatos (e quem sabe um cãozinho) loucos para prová-las.
Hoje estava rearranjando as plantas, arrumando sombra para as que não curtem sol direto, aguando um pouco mais as que estavam cabisbaixas com a seca implacável sobre a cidade. E lembrei como minha avó sempre gostou de ter um canteirinho. Quando era pequena, eu gostava de regar o jardim do fundo da casa, quando moramos em Suzano. Depois me desinteressei, mas admirava a constância com que ela mantinha suas ervas e plantas, muitas delas procuradas pelos vizinhos. Minha avó sempre tinha um chá a receitar - talvez tenha herdado o hábito do meu avô, que conhecia ervas e era fã da homeopatia. Com meu avô, ia à feira, hábito que estou retomando agora, até por necessidade prática. Minha mãe tem um pouco de dedo verde, mas é aos meus avós que devo essa imagem afetiva do plantar.
Nunca fui boa em reconhecer espécies vegetais, mas as ervas culinárias começaram a mudar isso. O interesse por aromaterapia também. Acho, porém, que não me interessaria por isso tudo se não tivesse já uma sementinha plantada lá no fundo por meus dois velhos queridos. (Estava inclinada a dizer que o ser humano sempre procura voltar à natureza, mas ultimamente acho que não.)
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