sexta-feira, 6 de abril de 2018

Em algum lugar do passado mas dentro de mim também

Depois de décadas, voltei a ter carteirinha de estudante. Nem me lembro de ter tido na faculdade, apenas no colégio; achava que era muito demorado, e me virava superbem com as da USP e do SESC. Devo ter perdido várias oportunidades de ir a shows e comprar livros com desconto, mas sobrevivi bem a isso.
Agora, com a pós em gastronomia, alguém do grupo cantou a bola de que podíamos ter carteirinha de estudante, com validade nacional e tudo. Como não tenho mais a do SESC, e se tivesse pouca diferença faria aqui, pensei que seria uma boa para ter descontos em shows em Salvador - até porque a Concha Acústica, que tanto frequentamos, é cara, apesar da estrutura megadespojada.
Tudo hoje é on-line, então, fiz o pedido pela internet, paguei, mandei fotinho produzida, doc escaneado. A entrega foi demorada, mas nada que se compare à de anos atrás (em que ainda por cima havia fila, endereço distante etc. etc.); de todo modo, a UNE hoje disponibiliza uma carteira provisória pela internet mesmo: é só imprimir a imagem.
Hoje recebi a dita e fiquei contentíssima, me senti de novo na condição de estudante. A volta ao passado pode ser bem boa. Sou uma estudante eterna.

*

Por falar em passado, voltaram à minha timeline fotos que minha amiga Denise publicou outro dia, de nossa viagem a Ouro Preto, há quase 18 anos. Que delícia de lembrança, passear pelas ruas barrocas com pessoas queridas, falando de arte e cultura, compartilhando a maravilhosa comida mineira! Época tão boa, a do trabalho com meus companheiros arte-educadores. Da 24a Bienal de Arte e da Mostra dos 500 Anos ao trabalho em instituições culturais, foi o que tive de mais verdadeiro em uma função, quando fui mais eu, mais combativa, ao realizar um trabalho e foi quando também fiz amigos para sempre, mesmo que não nos vejamos com frequência.
Também falei do passado com Wagner na última vez em que nos vimos, e lembramos nossa turma de trabalho no cursinho. Foi mesmo uma turma muito especial - guiados pela generosa Cely, com espaço para discussão e humor, tivemos uma oportunidade única de formação, profunda e de alta qualidade. Trabalhamos muito, aprendemos muito. E os amigos também ficaram.
Continuo, claro, na área de educação. As pessoas que mais admiro são dessa área. Mas sinto falta da dinâmica mais cara a cara, do sentir que faço diferença diretamente na vida de alguém, que me vê e que eu vejo.
Felizmente, assisto ainda a meus amigos intrépidos, ainda que cansados de tanta loucura, realizando coisas lindas. E me alegro de ter isso dentro de mim, essa chama, passado e presente, essência. Os amigos me ajudam a lembrar.

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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