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domingo, 20 de julho de 2025

Também gregária

Gosto da minha companhia, graças à deusa. Mas também sou gregária. Se estou em grupo, participo. Claro que os diferentes grupos possibilitam isso ou não. 
Este semestre foi especialmente rico em vivências coletivas. As duas turmas que frequentei como aluna especial foram ótimas, e as aulas de fechamento de ambas seguiram a mesma linha. Senti muito afeto pelas pessoas e pude realmente fazer parte e me sentir ouvida. As imagens dos últimos encontros transbordam afetividade. Num deles, que seria on-line, algumas de nós resolvemos participar de forma híbrida, com café que teve lelê de fubá e acaçá, para fazer companhia às colegas que não puderam voltar para suas cidades - não preciso dizer mais. 
Como julho é meu mês, também me incluí em comemoração de aniversário na casa da ex-sogra, e ainda pedi bolo red velvet, perfeito! Que sorte a minha ter sido atendida! Depois, preparei um brunch em casa com amigos, dessa vez com bolo floresta negra, pães e frios, uma comilança com debates acalorados mas respeitosos. 
Uma fuzarca de vez em quando tem muito valor, ora se tem. Com comidinhas deliciosas, é puro exercício de comensalidade.   


 

domingo, 6 de abril de 2025

A dona da voz

No ano passado, quando estive com Carlos, entre tantos assuntos da nossa conversa nunca longa o bastante, falamos sobre voz. Acho que o assunto começou porque ele comentou sobre minha capacidade de manter múltiplos interesses distintos do trabalho, como cantar. Daí passamos à questão da impostação da voz, da importância que isso sempre teve para nós, por motivações diferentes, mas com o mesmo fim: sermos ouvidos. 
Pequena ainda, devo ter percebido o efeito de falar alto e claramente nas primeiras declamações em público, depois na peça escolar. Mas, no decorrer da vida, ao mesmo tempo que ouvia que deveria trabalhar com a voz, havia quem dissesse que eu falava muito alto, que eu precisava me conter. Se, para Carlos, era importante impostar a voz para se colocar no mundo, no meu mundo feminino era preciso o contrário, não demonstrar força. Por bastante tempo, acabei reservando a potência somente para as situações em sala de aula.  
O canto, contudo, sempre esteve ali. Sem pretensões de brilho, mas por uma necessidade da alma. E quando cheguei a Salvador foi uma das coisas que me ocorreram retomar. A pesquisa Google me indicou os cursos de extensão da UFBA; entrei em contato, havia perdido a inscrição. Fui fazer outras coisas, mas este ano priorizei me inscrever na EMUS, a escola de música da universidade. Depois de preencher o formulário, achei que não iriam me chamar para o teste, pois a tudo respondi com não - sabe cantar, sabe tocar, sabe ler partitura?
Contudo, recebi um email falando dos dias e horários dos testes. Quando chegou a data, pensei em não ir. Mas, arianamente, fui. Na minha vez, fui tomada pelo nervosismo, que só aumentou quando vi a banca de três jovens professores e eles me perguntaram "o que eu ia cantar pra eles". Eu não tinha preparado nada, imagine o disparate. Daí cantei o que me ocorreu, Lenine por Virgínia Rosa - que eles, aliás, não conheciam. 
Para resumir a história, depois de eu ter descido a Centenário meio chorando, meio cantando, fui aprovada para uma turma, que, depois descobri, só tem mulheres mais velhas. Pelo que disse a jovem professora, egressa da Paraíba, ela esperava fazer uma espécie de coral conosco, pois era parte da sua experiência anterior, um coral da terceira idade. Contudo, ela logo viu que não seria possível, pois cada uma das cinco maduras tinha uma expectativa, menos a de ser cantora de coral. Essas aulas têm tudo para serem interessantíssimas, portanto. 
Além do mais, o prédio da EMUS me lembra os puxadinhos do Anglo. A decadência é compensada pelo trânsito de jovens, velhos e crianças em busca de algo mais belo que o cotidiano. Cada um em busca de sua voz, de seu som, de seu timbre único, belo e incomparável. 
(P.S.: compartilhando essas experiências com Carlos, soube que ele também começou a cantar, uma lindeza!)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Agradecer antes de tudo

Mais um Dois de Fevereiro em Salvador, com amigos. Sem discussão, minha festa de rua favorita. Mas, como no ano passado foi um sufoco achar um lugar para beber e comer - tudo inflacionado no Rio Vermelho -, resolvi fazer uma feijoada em casa. Cada convidado trouxe uma contribuição - farofa, couve, sobremesa, vinagrete, bebidas - porque os tempos estão bicudos para os não herdeiros (e somos tantos! cadê a revolução?).
Saímos pouco antes das 8h para o Rio Vermelho. O sol das 9h parecia o do meio-dia. A multidão parecia maior que a do ano passado. Os mocinhos dos lavapés lá estavam, graciosos e indispensáveis. O acarajé ainda pela manhã nos levou até Cira. Lancei uma rosa de cada cor, em gratidão à Mãe d´Água, à Mãe de Todos. Agradecer antes de qualquer coisa, sempre. Liberar o caminho das águas.

domingo, 22 de setembro de 2024

Quando entrou setembro

Nem deu pra cantarolar "Sol de primavera", e setembro está quase acabando depois de um intenso agosto. 
Mesmo mais low profile, afinal é um mês mezzo virginiano, mezzo libriano, setembro veio cheio de pequenas realizações, estreias e até recomeços.
Teve teatro, com o Dom Quixote de Leonardo Brício e Kadu Garcia, sob direção de Fernando Philbert (aliás, lá do perfil dele a linda foto), coincidência ou não o mesmo maestro de Todas as coisas maravilhosas. No espaço aconchegante da Caixa Cultural, sessão lotada, claro. Tudo de bom!
Por fim, fui com Liu e Igor conhecer a Cidade da Música, ao lado do Mercado Modelo, um espaço incrível, lindo, com equipe ótima. Tivemos muita sorte, porque as atividades interativas tinham voltado na hora que chegamos, ainda por cima fomos no dia gratuito. Rolou karaokê, oficina de percussão e até amostras de mixagem. Muita história da música da Bahia e de Salvador. Só não conseguimos participar do quizz, porque o espaço já estava bem cheio. De lá, fomos almoçar no Pelô, por fim provei o malassado, delícia, no Cantinho Gourmet do Centro (CGC). Tomamos um sorvete incrível no Tropicália Gelato e Caffé - pedi os sabores capim-limão e gengibre. Gente!
Rolou filme sobre período da ditadura, , de Rafael Conde, proposta interessante, ator principal fraco, pena, ainda mais para um assunto tão importante.
Depois de eu ter levado o Mac para revisão e ter colocado mais memória e SSD, o mouse, novíssimo, parou de funcionar, provável problema com a placa-mãe. Com jobs pintando na área, arianamente comprei outro computador, voltando ao Windows mais de uma década depois. Tive de reaprender tudo, inclusive a trabalhar com InDesign, que assinei temporariamente. 
E mais delicinhas: almoço no Ceasinha, cookies da prestes a estrear Breiq Confeitaria do Rio Vermelho (o de castanhas de caju e do Brasil e licuri, benzadeus, o melhor da vida), minha experimentação de waffle de queijo, perfeito. 
Cada vez mais, reconheço esse caminho. Uma nova canção, o mesmo sol.

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Peripatética em Sampa

Fui a SP para tratar de questões familiares e acabei encontrando amores que eu não via há muito tempo, como Carlos (desde 2011) e Karen (desde 2018). Com a amplitude térmica ainda maior, vivenciei a alternância de onda de calor (32 graus) e friaca (9 graus), algo mais comum nestes tempos de emergência climática (uma das amigas que queria ver, Lu Salgado, não pôde me encontrar porque a cidade de onde vinha estava tomada por incêndios, um risco imenso nas estradas). Passei frio, mesmo tendo me preparado para as baixas temperaturas de metade da semana.
De todo modo, consegui ver minhas pessoas, resolver imbróglios para mamis, cantar, dançar, rir, ouvir, comemorar conquistas (como de Marisa, com quem depois fui andando até o Ceuma, para ver Wisnik falar de Bosi), compartilhar heranças e alergias (com irmãos, é claro). Andei muito, da zona leste à sul, recordando caminhos de cujas grandes distâncias não me lembrava (como as avenidas que ligam Itaquera a Penha). Experimentei docinhos mil (Speranza, Itigo Itiê, Mori Chazeria, Biscoitê, Aizomê), tentei evitar o café em excesso, mas em Sampa é impossível, tudo e todos pedem café, e ainda ganhei uma degustação surpresa e exclusiva no Starbucks, com direito a dois baristas presentes, que elogiaram meu "palavreado". Aproveitei para revisar minha câmera e presenciei a GCM expulsando os moradores de rua com jatos d'água na Sete de Abril. Renovei cabeleira, comi bastante sushi (todo mundo anda na vibe de comida oriental, segundo Emersom, uma nova onda de cultura japonesa tomou a cidade e conheci um novo restaurante, Shigueo), mas mantive a tradição de ir à Speranza com as thelmas. Comprei coisas de que não precisava na Liberdade, de artigos de papelaria da Haikai a chás da Casa Bueno e do Azuki. Provei croissant com creme de amêndoas na Beth Bakery, trouxe um sourdough pra casa, além do pão davvero italiano que Eli me deu, sequíssimo, que deve ser umedecido por 10 segundos. Revi filhotes das amigas, como os altíssimos filhos de Marise e as três graças de Eliane, que carreguei no colo, me inteirei dos projetos de Rafaela, conheci a mamislinda de Marise. Enfim, fui à Japan House, onde, além de exposição sobre moda japonesa, conheci a linda embora pequena biblioteca e o banheiro à la Perfect Days; dali, voltei ao antigo espaço de trabalho do IC, onde estava rolando a Ocupação Naná Vasconcelos e uma exposição de Guto Lacaz. Até ao teatro fui, ver Kiko Mascarenhas em Todas as coisas maravilhosas, dica de Valéria, minha amiga de faculdade, mas isso vale outro post. 
Foi uma viagem divertida e produtiva, mas concluí que não caibo mais nessa loucura por vencer o tempo e as distâncias, esse "batidão" alucinado. Eu segui no fluxo alucinado, como todos, ligando minha tecla SAP, mas cheguei exausta em casa. Vi como não foi fácil para os amigos me encontrarem, por mil razões, mas especialmente pela corrida diária própria da megalópole, da qual já fiz parte, correndo muito. No momento, não me vejo voltando, mas só seguindo em frente, num passo mais tranquilo, seja para onde for.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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