segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Cassoulezinho

Fiz cassoulet. Ficou gostoso. Mas não teve tanto caldo nem casquinha dourada como o que comi em Aix-en-Provence, para mim uma das melhores experiências gastronômicas da vida. Tudo bem, o lugar não podia ser mais especial, mesmo com uma chuvinha fria que caía sobre as ruas históricas da cidade (onde também provei o inesquecível calisson).
Quando a caçarola de ferro fumegante chegou à mesa, e sob aquela camada dourada de pão descobri carnes e feijão quente, minha alma se viu imediatamente aquecida, reconfortada, feliz de estar ali após caminhar com os pés encharcados (tinha conseguido comprar um impermeável, mas não tinha trocado os sapatos) debaixo de uma chuva fina e imprevista.
Aqui em casa, não tinha as caçarolas de ferro para servir. Também não tinha a manha de como dourar a farinha. Finalizei as camadas com as carnes, o que deu ao prato um aspecto mais rústico. Como disse, ficou gostoso. No entanto, o melhor foi, a cada parte do preparo, ir me lembrando daquele dia chuvoso na Provence, um lugar aonde talvez não vá mais, mas que nunca sairá da minha memória enquanto memória houver.

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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