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quinta-feira, 31 de março de 2022

Lembrança de sardinha

Com o preço altíssimo de frango, carne bovina, atum e ovos, os olhos se voltam para a sardinha. Eu estava zapeando as receitas do Panelinha quando cheguei nas voltadas para a sardinha, que nunca mais comi na vida - tinha inclusive patê de sardinha com beterraba. Guga não gosta, não tem o hábito, então nunca nem pensei em preparar em casa. Mas a lembrança de comer sardinha frita na infância, com um leve sabor cítrico, veio com tudo. Eu adorava! Como aconteceu com o feijão, que fiquei muito tempo sem comer e que eu sempre gostei muito, resolvi ressuscitar a sardinha. 
Calhou de, uma vez mais, Rita Lobo falar de sardinha, desta vez no programa na GNT, cozinhando com o marido, que preparava o mencionado patê. Ora, eu tinha meia beterraba desvanecendo na geladeira. Daí comprei uma lata de sardinha - eu tinha filé congelado que comprei outro dia nessa sanha pelo peixinho, mas ainda com escamas e espinhas, uó -, e foi só tirar a espinha central, adicionar um pouco de maionese, azeite, sal, pimenta do reino e, pasmem, sementes de endro, que, sim, eu tinha na prateleira. Como eu imaginava, ficou uma delícia. Comprei um pãozinho de leite na padaria, um sucesso completo. Guga não quis provar, pena - além do sabor, perdeu a oportunidade de consumir uma ótima fonte de ômega 3.

domingo, 8 de março de 2020

Jantar de sábado com comfort food inesperada

Arrumando os potes de temperos e trocando as etiquetas por Contact outro dia, me deparei com o espinafre em pó que comprei e não usei. Como não temos comido muita massa, nem mesmo fresca, ele foi ficando meio pra escanteio. Mas fiquei a fim de experimentar uma lasanha verde com frango ao molho branco - uma mistura das lasanhas de caixinha da Sadia, que tem lasanha verde à bolonhesa e lasanha de frango ao molho branco. Ficou ótima, embora na foto acima nem dê pra ver que a massa é verde.
Para acompanhar, fiz a musse de chocolate com claras e água que a Rita Lobo ensina no Cozinha Prática. Mas acrescentei raspas de laranja, dica de uma receita do Strava (!), que Guga me mandou. Meu, ficou com gosto de bombom da Garoto (Guga também lembrou) das antigas, cujo nome não sei! Uma inesperada comfort food no nosso jantar do final da semana. Grata surpresa, até pra quem cozinha. 

sexta-feira, 6 de março de 2020

Sangria e o poder da comfort food

Embora já tivesse tido contato com o conceito de comfort food, foi na pós da PUC-RS, com a aula da Dani Noce, que conheci o real sentido dado ao termo: o de comida da infância, ou comida de memória. Eu associava a comfort food ao prazer trazido pelo sabor de pratos despretensiosos, ou populares, ou caseiros. Algo como comer chocolate e sentir o estresse indo embora. Mas não necessariamente com essa comida - qualquer uma - que nos remete ao passado de forma prazerosa. 
A minha lista de comfort food não é sofisticada, porque minha mãe fazia poucos pratos; minha avó fazia o trivial e alguns pratos típicos em ocasiões festivas. Havia uma tia de Mauá que cozinhava maravilhosamente, e meus bolos de aniversário normalmente eram feitos por ela, mas não consigo falar de algo específico que ela tenha feito que me traga essa leveza nostálgica ao presente. 
Já o pão de queijo fofo e o bolo formigueiro de minha mãe, sim. Sagu de vinho, suco de caju, feijão com arroz que me lembram minha avó, sim. Ovo "baiano", mingau de maizena, chá mate com leite apresentados por meu avô, sim. Em alguma festa, aparecia sangria - e ontem fiz, e ficou com o mesmo gosto de antigamente. Minha madrinha trazia gelatina colorida com creme de leite. Coisas muito simples.
Como comer para mim é um prazer, fui conhecendo culinárias diversas e elegendo algumas comidas favoritas que me alegram muito o paladar e a alma. Mas é muito diferente do efeito da memória afetada por cheiros e gostos, simples que sejam. 
O cheiro e o sabor do suco de caju me levam diretamente à praça do externato onde minha avó me buscava; eu a esperava para tomar meu lanche, somente na saída do prezinho - muitas vezes, tinha suco de caju, que minha avó preparava, na lancheira. Minha sensação ao tomá-lo hoje é de uma paz de quem ainda estava segura com relação aos seus dias, que todos teriam aquela companhia, que decepção era uma ideia que nem sequer existia. 
Ah, milagrosos suco de caju, chá, sangria.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Cassoulezinho

Fiz cassoulet. Ficou gostoso. Mas não teve tanto caldo nem casquinha dourada como o que comi em Aix-en-Provence, para mim uma das melhores experiências gastronômicas da vida. Tudo bem, o lugar não podia ser mais especial, mesmo com uma chuvinha fria que caía sobre as ruas históricas da cidade (onde também provei o inesquecível calisson).
Quando a caçarola de ferro fumegante chegou à mesa, e sob aquela camada dourada de pão descobri carnes e feijão quente, minha alma se viu imediatamente aquecida, reconfortada, feliz de estar ali após caminhar com os pés encharcados (tinha conseguido comprar um impermeável, mas não tinha trocado os sapatos) debaixo de uma chuva fina e imprevista.
Aqui em casa, não tinha as caçarolas de ferro para servir. Também não tinha a manha de como dourar a farinha. Finalizei as camadas com as carnes, o que deu ao prato um aspecto mais rústico. Como disse, ficou gostoso. No entanto, o melhor foi, a cada parte do preparo, ir me lembrando daquele dia chuvoso na Provence, um lugar aonde talvez não vá mais, mas que nunca sairá da minha memória enquanto memória houver.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sorvete de caju e gosto de infância

Não vivo sem líquidos - água, suco, café. Minha avó dizia que eu só comia para poder beber um suquinho (claro que hoje ela veria que beber e comer têm a mesma importância). Mas nem imagino o que será de mim no auge da crise hídrica de São Paulo.
No início da semana, para manter as tradições, comprei suco de caju concentrado. E toda vez que o preparava sentia gosto de infância - que eu me lembre, era o suco que carregava na garrafinha da lancheira, a maior parte das vezes.
Aproveitando a compra do suco, adaptei levemente uma receita de sorvete de caju da La Cucinetta: reduzi as medidas para 100ml de suco concentrado de caju (era o que tinha sobrado), 100ml de leite condensado, 1/2 xícara de leite integral, 1 pitada de sal e 4 bolinhas de doce de caju cristalizado, picadas pequenas. Bati os ingredientes líquidos e o sal no liquidificador e depois passei para a sorveteira, por 20 minutos. Dois minutos antes de acabar o tempo, acrescentei os pedacinhos de doce de caju à mistura.
O difícil é esperar 3 horas para tomar! Para fazer a foto (e provar um pouquinho), notem que o sorvete não estava exatamente firme - mas estava uma delícia! Um dos melhores que fiz até agora.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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