segunda-feira, 15 de junho de 2020

Desafio das redes - mil livros favoritos

Outro fenômeno desses tempos de pandemia, além do pão, são os desafios - dez álbuns, dez livros, dez filmes, dez cenas televisivas, dez obras de arte, dez artistas. Quer dizer, isso volta e meia já aparecia no Facebook, acredito que em outras redes sociais também, mas agora virou uma regra que todo dia algum amigo esteja cumprindo o desafio dado por outro amigo. Melhor que as "correntes", é importante dizer.  
Bueno, em um mês, ou pouco mais que isso, recebi o desafio de listar dez livros favoritos, vindo de três amigas diferentes, todas tão queridas. Me senti um pouco culpada, mas não dei conta de ficar postando a cada dia um livro e desafiando mais gente a postar - há uns dois anos, ainda fiz isso, postando filmes e séries, só que agora não tenho tempo nem ânimo nem foco. 
No entanto, é sempre bom parar para pensar nos nossos livros - ou filmes, ou artistas, ou obras, ou álbuns - de formação. Então hoje me dediquei a um brainstorm de obras que me marcaram em diferentes momentos da vida. Foi bom para perceber que há ainda poucas mulheres nessa lista, algo a se corrigir. 
Por que amamos um livro? Por que ele nos toca, nos incomoda? Fiquei me lembrando, dessa breve lista que acabei fazendo, do encontro com cada um, de ter ficado sem ar diante de alguns (A trégua, O amor nos tempos do cólera, A máquina de fazer espanhóis, Há quem prefira urtigas), de ter tido uma epifania (A paixão segundo G.H., A sagração da primavera, Orlando, Esperando Godot, Ensaio sobre a cegueira), de ter me emocionado até as lágrimas (Éramos seis, Quando florescem os ipês, Por quem os sinos dobram, Campo geral, A paixão segundo G.H.), de ter sofrido junto (Vidas secas, Hibisco roxo, A trégua, A amiga genial, Ensaio sobre a cegueira, Livro do desassossego), de ter me revoltado (O processo, Vidas secas), de ter me encantado com o engenho das palavras (Campo geral, Terra sonâmbula, Orlando, Dom Casmurro, Esperando Godot, A máquina de fazer espanhóis), de ter me fascinado com a tessitura do enredo (Amphitryon, Contraponto, O xará, A metamorfose, Cem anos de solidão), de ter devorado o livro em busca do final (O escaravelho do diabo, A amiga genial). Muitas vezes, várias dessas coisas acontecem, como se vê, com um mesmo livro. 
Como não amar a leitura, que nos possibilita conhecer outros mundos e o nosso em profundidade? Realmente, me compadeço de quem gostaria mas não tem acesso a ela. Ainda voltarei a trabalhar com formação de leitores. 
Já aquelas pessoas que têm acesso mas preferem seguir na escuridão, só posso lamentar por elas. 

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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