quinta-feira, 15 de outubro de 2020

E no meio das aprendizagens... reaprendizagens

Às vezes, me pergunto: por que inventei de fazer um TCC? Nem era obrigatório, eu já havia terminado a especialização com ótimas notas, adorei o curso e tal. Mas não, insisti, fiquei perguntando ao pessoal da secretaria quando o programa estaria disponível, contratei a bagaça, indiquei duas possíveis orientadoras. 
E agora me vejo há dias em um parto de meia dúzia de páginas de um total estimado em 40. 
Quando resolvi escrever um conto para um concurso, há alguns meses, tinha já percebido a dificuldade de ter ficado tanto tempo sem praticar, além da sensação de fraude na escrita de ficção, ainda uma tentativa de emular outras escritas, principalmente masculinas, as disponíveis à época em que comecei a escrever. Parece que parei no tempo, antes de ter atingido um mínimo de maturidade narrativa - o que pode soar muito pretensioso, já que tantos autores maravilhosos levaram a vida para chegar a uma obra madura, mas é a sensação que tenho, e tenho estado mais atenta a sensações e sentimentos do que ao simples pensamento.
Com relação ao TCC, achava que seria muito mais fácil, porque tenho mais facilidade com essa escrita formal, justamente ao pensamento em si. Ou achava que tivesse. Pode ser culpa da falta de concentração típica da quarentena aliada à minha típica falta de concentração (deveria estar escrevendo o TCC e estou aqui postando no blog, por exemplo). Pode ser o ser interrompida pelo gato ou para fazer almoço e jantar ou para responder onde acredito que esteja algo que não vi. Pode ser só a necessidade de um pouco de silêncio, interno e externo.
Sinto que estou tendo que reaprender a pensar e a escrever, algo que eu já considerava resolvido na vida. Não só num contexto louco de pandemia e incertezas de toda ordem, mas também sem estar sozinha, com tudo acontecendo ao mesmo tempo no meu entorno. Com a fina ironia de estar tentando escrever sobre emancipação feminina e precisando me lembrar e reafirmar a minha própria diariamente. 
O bagulho é mais louco do que eu pensava!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog