quarta-feira, 29 de julho de 2020

Ler mulheres, a aventura de redescoberta

De uns tempos pra cá, comecei a ler mais mulheres - outro dia, comentei que tenho também lido mais mulheres negras.
Tenho a impressão de que o número de mulheres escrevendo aumentou - como também o de ótimos filmes, como já disse aqui, baseados em livros de autoras.
As mulheres me parecem mais capazes de falar da crueldade e do abuso. A crueldade narrada por uma mulher é muito mais crua, o abuso é desnudado. Não estou falando de violência. Acho que os homens são mais dados a ela. A narrativa de crueldade das mulheres é diferente, é predominantemente de quem observou ou sentiu, não de quem praticou. 
Além de ler mais autoras, também andei relendo coisas que estavam engavetadas, e nem me reconheço. Os escritos de ficção têm uma tentativa de emular a escrita tradicional, ou seja, masculina; uma necessidade de escrever muito certinho. Parece tudo muito artificial, com exceção daquilo que se relaciona com algo vivido. Deu até um rancinho.
Quando leio mulheres, vejo um texto que sangra pela página, que sempre traz um algo além do escrito, como aquilo que só os gatos veem. Quero isso para mim, posso isso também, já que sangro também. 

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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