segunda-feira, 27 de maio de 2013
Davi e os (as) 3 Golias
Gourmandise XXIII - La Régalade
Mais um lugar que demoramos a conhecer e que amamos!
O La Régalade (algo como "à regalada; regaladamente") fica na Barão de Tatuí, 285, na Santa Cecília. Já havíamos xeretado a loja de vinhos no mesmo local, e não tínhamos nos animado, não sei bem por quê. Mas passamos de novo por lá e nos encantamos - as coisas se passam assim, cambiantemente, não é?
Pedimos boeuf bourguignon com pappardelle na manteiga, e estava perfeito, combinando muito bem um vinho francês de bom custo-benefício, Diablerie. Perfeito também o brie assado com mel. A sobremesa foi a parte menos animadora - pera cozida no vinho branco com sorvete de creme. Comum.
Ainda por cima, achei um Arbois, com que sempre tive uma relação mítico-sentimental - cantava esse vinho no coral (na canção Tourdion), e nunca o tinha encontrado. Acho que ele promete.



Ainda por cima, achei um Arbois, com que sempre tive uma relação mítico-sentimental - cantava esse vinho no coral (na canção Tourdion), e nunca o tinha encontrado. Acho que ele promete.

quinta-feira, 23 de maio de 2013
Quero contar esta história
A vida é fascinante, principalmente pelos encontros que ela nos proporciona.
Por caminhos diversos, encontrei e reencontrei Sávia Dumont. Há uns anos, por conta do livro sobre o rio São Francisco, soube de uma autora-bordadeira (mineira ainda por cima! o que poderia ser mais apropriado?) que havia contado e bordado o rio. Desde então, esse encontro à distância e o projeto do livro ficaram carinhosamente guardados, mas nunca esquecidos.
Este ano, quando tive a ideia de começar a bordar, minha amiga Tamara me trouxe Sávia e a família Dumont de volta, me enviando o endereço da sua fan page. Pensei, gratamente surpresa: puxa, é ela, a moça do livro sobre o São Francisco! Ajuntei a esse pensamento uma decisão: quando fosse fazer o caminho do São Francisco, deter-me em Pirapora e fazer um curso com ela, ou bater um papo, mas de qualquer forma conhecer pessoalmente seu trabalho. Não satisfeita, porém, Tamara me avisou um dia desses sobre o curso que Sávia daria em São Paulo. Aí vi que não tinha jeito: tinha que fazer o curso. Tinha que ser aqui, tinha que ser agora, mesmo com prazos apertados de entrega de trabalho.
E de repente me vi no meio de um grupo de mulheres lindas, esposas, mães e avós, todas talentosíssimas. Não só mestres em patchwork, bordados, rendas, costuras e que tais, mas em tecer vínculos, em bordar afetos. Que o diga a amorosa Ciça, que cedeu sua casa para o encontro e nos recebeu cada dia com um abraço quentinho e um quitute maravilhoso - MÃE com maiúsculas. Ou a criativa e disposta Nina, carioca-de-todo-o-Brasil, com suas mil ótimas iniciativas para preservar a cultura imaterial. A simpaticíssima Maria Cordeiro, atenta a tudo e a todas, sempre disposta a ensinar um ponto a uma diletante quase disléxica (como eu!). Sávia-sábia, com seus ares de fada, compartilhando seus matizes lindos, bordando encantos em nossos tecidos ainda em branco. A querida e delicada Noriko, com seu sotaque nipônico delicioso misturado ao espírito brasileiro, tão bem expresso no "Nooossa!" que entoa diante de bonitezas e gostosuras.
E a doce e discreta Talita, que adoçou ainda mais o encontro com uma história linda. Ela fez esse bordado lindíssimo que postei aqui (ela conta também no seu blog, Diariamente Bordando, mas não há nada melhor que ouvi-la e ver o bordado ao vivo). Trata-se de um trabalho com propriedades curativas, uma prova de fé. Seu marido teve um linfoma há algum tempo, e ela se comprometeu a "bordar sua cura". Levava o bordado consigo às sessões de quimioterapia do esposo. Foram meses bordando. O marido se curou, o bordado teve fim.
Não tenho muito o que dizer sobre esse trabalho, além de que, mais do que técnica e perfeição, linda combinação de cores e elementos, vejo muito amor. Ela conseguiu bordar seu amor no tecido; ele parece brilhar com todo seu esplendor no sol que ilumina e alegra rio, vila, peixes, árvores e flores.
Com uma tal capacidade mágica, quem duvidaria de qualquer cura?
Por caminhos diversos, encontrei e reencontrei Sávia Dumont. Há uns anos, por conta do livro sobre o rio São Francisco, soube de uma autora-bordadeira (mineira ainda por cima! o que poderia ser mais apropriado?) que havia contado e bordado o rio. Desde então, esse encontro à distância e o projeto do livro ficaram carinhosamente guardados, mas nunca esquecidos.
Este ano, quando tive a ideia de começar a bordar, minha amiga Tamara me trouxe Sávia e a família Dumont de volta, me enviando o endereço da sua fan page. Pensei, gratamente surpresa: puxa, é ela, a moça do livro sobre o São Francisco! Ajuntei a esse pensamento uma decisão: quando fosse fazer o caminho do São Francisco, deter-me em Pirapora e fazer um curso com ela, ou bater um papo, mas de qualquer forma conhecer pessoalmente seu trabalho. Não satisfeita, porém, Tamara me avisou um dia desses sobre o curso que Sávia daria em São Paulo. Aí vi que não tinha jeito: tinha que fazer o curso. Tinha que ser aqui, tinha que ser agora, mesmo com prazos apertados de entrega de trabalho.
E de repente me vi no meio de um grupo de mulheres lindas, esposas, mães e avós, todas talentosíssimas. Não só mestres em patchwork, bordados, rendas, costuras e que tais, mas em tecer vínculos, em bordar afetos. Que o diga a amorosa Ciça, que cedeu sua casa para o encontro e nos recebeu cada dia com um abraço quentinho e um quitute maravilhoso - MÃE com maiúsculas. Ou a criativa e disposta Nina, carioca-de-todo-o-Brasil, com suas mil ótimas iniciativas para preservar a cultura imaterial. A simpaticíssima Maria Cordeiro, atenta a tudo e a todas, sempre disposta a ensinar um ponto a uma diletante quase disléxica (como eu!). Sávia-sábia, com seus ares de fada, compartilhando seus matizes lindos, bordando encantos em nossos tecidos ainda em branco. A querida e delicada Noriko, com seu sotaque nipônico delicioso misturado ao espírito brasileiro, tão bem expresso no "Nooossa!" que entoa diante de bonitezas e gostosuras.
E a doce e discreta Talita, que adoçou ainda mais o encontro com uma história linda. Ela fez esse bordado lindíssimo que postei aqui (ela conta também no seu blog, Diariamente Bordando, mas não há nada melhor que ouvi-la e ver o bordado ao vivo). Trata-se de um trabalho com propriedades curativas, uma prova de fé. Seu marido teve um linfoma há algum tempo, e ela se comprometeu a "bordar sua cura". Levava o bordado consigo às sessões de quimioterapia do esposo. Foram meses bordando. O marido se curou, o bordado teve fim.
Não tenho muito o que dizer sobre esse trabalho, além de que, mais do que técnica e perfeição, linda combinação de cores e elementos, vejo muito amor. Ela conseguiu bordar seu amor no tecido; ele parece brilhar com todo seu esplendor no sol que ilumina e alegra rio, vila, peixes, árvores e flores.
Com uma tal capacidade mágica, quem duvidaria de qualquer cura?
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sábado, 18 de maio de 2013
Redes ou armadilhas?
Fazia tempo que queria falar das redes sociais, sobre como me assusta ver pessoas (algumas bem próximas) se alienando da realidade para mergulhar de fato no mundo virtual. Considero um privilégio viver numa época em que se tem acesso a tanta informação, que, se usada com critério e sabedoria, pode mudar para melhor a vida de muitos. Por isso mesmo, acho bem triste que tanta gente, em vez de se valer da acepção de troca, comunicação, própria das redes, acabe na verdade se enredando, caindo em uma armadilha da qual é difícil sair sem muitos arranhões.
Há gente demais no mundo, carros e celulares demais, competição demais, exposição e consumo demais. Comunicação, respeito e afeto de menos. Como ser feliz seguindo um modelo de sucesso se a cada hora esse modelo se transmuda em outro? Se temos que ser cada vez mais rápidos para acompanhar as tendências e os assuntos? Como pretender respeito à individualidade se promovemos a autoexposição? Não queremos só que nos "curtam" no Face - queremos ser invejados porque vamos a locais bacanas, e o TripAdvisor (que é um site muito útil para pesquisar lugares e planejar viagens) mapeia nossos passos pelos lugares que "importam". Eu arriscaria dizer que esse verdadeiro desfile de personas também ajuda a promover os atos gratuitos de violência - é como se as pessoas fossem se descolando de si mesmas até restar apenas uma casca, zero alteridade. Mas essa teoria é assunto para outro post.
Pessoalmente, acho saudável compartilhar informações e coisas legais que vemos e que nos acontecem. E cada um sabe qual é seu limite. O meu, por exemplo, é manter a vida privada realmente no âmbito mais íntimo e compartilhar com o grande grupo o que é socialmente compartilhável. Gosto de ver fotos dos amigos com a família, saber das alegrias com os filhos que crescem, mais um aniversário, um novo show de rock, a defesa da dissertação, uma nova exposição de seus trabalhos, pensamentos inspirados que ocorrem e tal. E fico meio deprê com os vazios que ecoam de quando em vez, com os perigos que rondam quem nem percebe que já passou para outra realidade. Entrar em outra realidade (sem trânsito, sem contas, sem casa para arrumar, sem discussões) para esquecer esta que é tão difícil, que nos maltrata diariamente, é uma grande tentação. E os pop-ups e links garantem o acesso ao labirinto sem outro fio que não o do discernimento para nos guiar.
Os tempos que vivemos podem ser tão confusos e difíceis que às vezes nem mesmo a arte pode nos servir de alento (e penso no filme Elefante branco, de Pablo Trapero, com Ricardo Darín - a ficção é tão real e pungente e tão nossa conhecida que ficamos estatelados quando sobem os créditos). Ainda bem que resta o humor, para rirmos de nós mesmos, como o de Hermes e Renato (cáustico o suficiente para diluir as cascas renitentes e quem saber chegar às pessoas dentro delas).
Há gente demais no mundo, carros e celulares demais, competição demais, exposição e consumo demais. Comunicação, respeito e afeto de menos. Como ser feliz seguindo um modelo de sucesso se a cada hora esse modelo se transmuda em outro? Se temos que ser cada vez mais rápidos para acompanhar as tendências e os assuntos? Como pretender respeito à individualidade se promovemos a autoexposição? Não queremos só que nos "curtam" no Face - queremos ser invejados porque vamos a locais bacanas, e o TripAdvisor (que é um site muito útil para pesquisar lugares e planejar viagens) mapeia nossos passos pelos lugares que "importam". Eu arriscaria dizer que esse verdadeiro desfile de personas também ajuda a promover os atos gratuitos de violência - é como se as pessoas fossem se descolando de si mesmas até restar apenas uma casca, zero alteridade. Mas essa teoria é assunto para outro post.
Pessoalmente, acho saudável compartilhar informações e coisas legais que vemos e que nos acontecem. E cada um sabe qual é seu limite. O meu, por exemplo, é manter a vida privada realmente no âmbito mais íntimo e compartilhar com o grande grupo o que é socialmente compartilhável. Gosto de ver fotos dos amigos com a família, saber das alegrias com os filhos que crescem, mais um aniversário, um novo show de rock, a defesa da dissertação, uma nova exposição de seus trabalhos, pensamentos inspirados que ocorrem e tal. E fico meio deprê com os vazios que ecoam de quando em vez, com os perigos que rondam quem nem percebe que já passou para outra realidade. Entrar em outra realidade (sem trânsito, sem contas, sem casa para arrumar, sem discussões) para esquecer esta que é tão difícil, que nos maltrata diariamente, é uma grande tentação. E os pop-ups e links garantem o acesso ao labirinto sem outro fio que não o do discernimento para nos guiar.
Os tempos que vivemos podem ser tão confusos e difíceis que às vezes nem mesmo a arte pode nos servir de alento (e penso no filme Elefante branco, de Pablo Trapero, com Ricardo Darín - a ficção é tão real e pungente e tão nossa conhecida que ficamos estatelados quando sobem os créditos). Ainda bem que resta o humor, para rirmos de nós mesmos, como o de Hermes e Renato (cáustico o suficiente para diluir as cascas renitentes e quem saber chegar às pessoas dentro delas).
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segunda-feira, 13 de maio de 2013
No deserto, o mar cor de vinho: Mendoza

Entonces, depois de quase perder o voo para Buenos Aires (estranhamente, todos os voos das Aerolíneas estavam saindo adiantados), chegamos à terra do Malbec, circundada de montanhas - nada menos que os Andes, primeiro a pré-cordilheira, e depois de negacear bastante, a própria, coroada pelo Aconcagua.





















É difícil explicar a emoção de ver o Aconcagua, mesmo ao longe. Ainda mais depois de a cordilheira se esconder durante horas atrás dos contrafortes, de formações rochosas das mais variadas cores e texturas. Igualmente emocionante ver as rochas chamadas de Los Penitentes - parecem mesmo sombras de pessoas subindo as altíssimas montanhas que seguiram os passos de San Martín e do exército libertador. É um mergulho na natureza e na história, tudo ao mesmo tempo.
E cada viagem nos ensina sobre os lugares (as ruas de Buenos Aires, por exemplo, estavam cheias de lixo, e as paredes, cobertas de novas pichações de protesto contra la presidenta, sinais da crise que se agravou desde que estivemos lá) e muito mais sobre nós mesmos. Sempre repenso meu planejamento na volta de uma viagem, e também o meu estar no mundo. Nossa primeira providência pós-merecido-banho foi sair para almoçar feijão e arroz. Mesmo as viagens sendo incríveis e estimulando o desejo de voltar a alguns lugares, como é bom ter um lugar (o nosso) para voltar, como é bom voltar a ouvir nossa língua, como é bom ser brasileiro!
Desde o alto: arquitetura mendocina com toques granadinos; sorvete de mascarpone e dulce de leche granizado; onipresentes churros; mesas da sorveteria Soppelsa; início de processo de "borrachamiento"; nós com nosso amigo Fábio, do Anna Bistrô; carpaccio de salmão defumado do Anna Bistrô; tiramisù de verdade, também do Anna Bistrô; on the road towards the Andes; titãs de pedra; fotografando na Ruta Panamericana; guapo en la aerosilla; dique de Potranillos; ELE, o Aconcagua; nós na estação de Los Penitentes; a vertiginosa aerosilla; Guga Ansel Adams; prato montanhês em Las Cuevas (locro, arroz e lentecha); espaguete Mare i Monti do La Parolaccia; Hotel Ritz, decadence avec elegance; palmier gigante e mil temperos no Mercado Central de Mendoza.
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quarta-feira, 1 de maio de 2013
Me voy a bailar!
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Tudo de bão
Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla