domingo, 28 de outubro de 2018

Comida de panela

No curso da pós, o Claude Troisgros comentou sobre seu último empreendimento, o restaurante Chez Claude, que tem poucas mesas, organizadas em torno do fogão. Segundo ele, a ideia era retomar a proximidade entre quem cozinha e quem come - ali, os fregueses podem ir até a estação de preparo e até participar do processo. Os pratos saem direto do fogão para as mesas. É o que Troisgros chama de comida de panela, essa culinária voltada para muitas pessoas, mais associada com reuniões familiares. É o que Pollan chama, ao se referir aos cozidos, de comida dionisíaca, conquanto caótica, e Lévi-Strauss, de comida feminina, conquanto festiva e gregária.
Eu sempre gostei desse tipo de comida, mas nunca tinha pensado num nome para ela. Gosto da ideia de cozinhar para bastante gente, de cada um poder se servir como quer, em torno da mesa, enquanto todos conversam, falam de assuntos diversos, calam-se para comer e - suprema glória - elogiam a comida. Pois é, pode ser chamada comida de panela, esse utensílio por si agregador, onde cabem tantos temperos, ingredientes e segredos. 

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Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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