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quarta-feira, 20 de julho de 2022

Cinquentenário

Daí que os cinquenta chegaram. 
Nunca fui de ficar me imaginando no futuro - "ah, vou fazer ou terei feito tal coisa quando tiver tantos anos" -, o que talvez tivesse me ajudado a planejar melhor a vida. Talvez. Sempre estabeleci o que gostaria de fazer na vida, das pequenas às grandes coisas, mas poderia ser a qualquer momento, até porque a maioria dessas coisas tem caráter perene: viajar, estudar, criar, movimentar. São mais um projeto de viver que um projeto de vida. Não tenho dinheiro, mas tenho vivência. 
Eu não imaginava que chegaria aos cinquenta num contexto tão ruim, com fascistas no poder. Que o país seria depauperado, ainda mais roubado de suas riquezas e conquistas sociais, que uma parcela desse país se mostraria em pelo, arreganhando os dentes, empunhando armas, violentando e assassinando os diferentes. Esse horror ainda era intestino quando me questionava, há doze anos, registrados na foto  tirada na emblemática Speranza, como seria chegar aos 40. Hoje me espia um medo de fazer planos, uma incerteza quanto àquilo que havia estabelecido em meu projeto de viver - será que ainda conseguirei? Será que vale a pena?
De lá pra cá, também, houve a mudança física, que só parece súbita, mas é herança de tudo o que consumi, com olhos, ouvidos, boca, do sol enlouquecendo o melasma, do açúcar assassinando o colágeno. A vida vai nos secando de todo jeito, e a gente precisa lutar para se manter hidratada e forte, corpo e alma. 
Mas, apesar de medos e securas, a gente ainda comemora. Estar viva, não ser uma criatura empedernida, ter consciência de si e dos outros. Comemoro junto com meus sogros, que também cinquentenaram uma existência juntos. Comemoro com o lançamento, há cinquenta anos, dos álbuns Clube da EsquinaQuando o Carnaval chegar Acabou chorare, dos filmes Cabaret, O poderoso chefão e São Bernardo. Comemoro com os amigos/amados pra não esquecer que não estamos sós, contra a barbárie e pelo afeto. 

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Quero mais saúde

Trago obviedades quando digo que a pandemia nos fez dar mais valor à saúde. Isso é ainda mais verdade com o avanço da idade de quem não tem, como nós, plano de saúde (embora hoje os clientes de planos sofram só um pouco menos do que quem conta só com o SUS). Temos que manter a saúde não só para ter uma vida melhor como também para evitar perrengues e gastos mais altos com remédios, exames e hospital. 
Mesmo buscando nos alimentarmos bem e fazer exercícios, volta e meia um problema de saúde bate à porta. Marido teve Covid no final do ano, entrou 2022 com dor terrível no dente seguida de extração, emendou com inflamação no antebraço e finalizou com infecção urinária de febrão de quatro dias até que descobríssemos, no PA local, o que era, o que rendeu noites sem dormir e o pavor de vê-lo tendo uma convulsão. 
Eu já vinha tendo algum desconforto gástrico desde final de abril, provavelmente de fundo emocional, que piorou com chutada no balde na alimentação e mais ainda com os problemas de saúde do marido. Assim como o marido, fui parar no posto de saúde, para receber omeprazol, buscopan e dipirona na veia. O que seria de nós sem o SUS? Não gosto nem de pensar. Isso porque ainda tenho condições de reservar algum dinheiro anualmente para fazer meus exames de saúde de rotina e pagar a consulta da ginecologista. De quando em quando, algum gasto com dentista e, eventualmente, medicamentos básicos. Mas como seria com pouca saúde, com uma doença crônica?
Mesmo assim, nessa visita ao PA, a enfermeira comentou como meu sangue estava bem viscoso e perguntou como andava meu colesterol. Pensei logo nos exames anuais, ajuntei com o desconforto gástrico e decidi colocar tudo nos trilhos de novo, voltando a me exercitar e cortando os excessos alimentares (sucos, doces, massas). Reduzi o café para uma xícara por dia e adentro o terceiro dia com dor de cabeça à tarde. Mas resisto, porque o café tem realmente caído mal. Também o chocolate, comidas mais gordurosas. Vou ter de voltar a organizar umas marmitas semanais, porque realmente não dou mais conta de cozinhar todo dia. Voltei a tomar coalhada caseira para equilibrar as floras. 
Nessa toada por mais saúde, ainda assisti ao evento on-line organizado pela Silvia Ruiz, o Ageless Talks, ótimo, que fala tanto da saúde em todos os campos das pessoas com mais de 40 anos, especialmente as mulheres. Sempre ajuda perceber que não estamos sós em tantas mudanças na vida e na saúde. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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