Mostrando postagens com marcador vida no campo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vida no campo. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 21 de junho de 2022

Tempo de olhar o que se tem

A gente tem que parar sempre por uns momentos no dia a dia para perceber que tipo de vida tem levado. Embora eu ainda não tenha conseguido retomar a prática da horta, ainda esperando um contato técnico para saber onde e o que plantar, sigo procurando não desperdiçar comida e doando roupas e sapatos que não uso mais (até porque meu tendão de aquiles é gostar de uma roupinha diferente). Em se tratando de comida, claro, nosso consumo é 90% de comida de verdade, inclusive com preparo de alimentos como creme de avelã e, recentemente, requeijão caseiro, que leva apenas leite, limão, manteiga e sal. 
Isso de processar alimentos para transformar em comida me fascina sempre. Gosto de saber como as coisas eram feitas antes de haver tanta tecnologia; aprendo a fazer "como antigamente" para depois partir para algo mais prático. Assim foi com sorvete, creme de avelã, geleias de frutas, mascarpone caseiro, biscoito champagne, leite condensado, doce de leite, caramelo, leite de coco, pesto, tomate confitado - alimentos que muitas vezes são base para outras receitas -, mas também com comidas mais elaboradas, como boeuf bourguignon e o prato etrusco que fiz há alguns anos. Pão, então, nem se fala, é pura magia da transformação - e consegui, enfim, fazer um bom pão de milho, receita do site Meu Pão Caseiro, de uma antiga aluna da Levain. 
Além dos alimentos, tem a questão do descarte, de plástico sobretudo. Tem a questão das roupas e sapatos que ficam - como mantê-los para não precisar descartar. Para o primeiro caso, encontrei uma opção para o plástico filme que embalava alimentos: paninhos impermeabilizados com cera de abelha, da Ophelia Eco, lá da ECDE, claro. Não são baratos, mas a promessa é de que durem cerca de um ano. No caso das roupas e sapatos, faço manutenções regulares, levando a costureira, costurando eu mesma, limpando sapatos, hidratando couro. E agora descobri um remendo mágico para couro, uma espécie de adesivo vinílico, que usei para cobrir rasgos feitos por Zen na minha jaqueta de couro - ficou quase invisível, muito melhor que fazer um remendo de couro por cima. 
Quando olho pra essas soluções cotidianas, me dou conta de que persiste a coerência nas escolhas para a vida. Ter mais dinheiro para não ter de me preocupar seria bom, mas não faria diferença se eu não soubesse o que de fato importa. 

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Um ano e dois meses

Com direito a pegar numa espécie de urtiga-cansanção achando que era muda de mamoeiro e ficar com os dedos e palmas das mãos vermelhos e queimando e coçando vários dias, a ser atacada por mutucas e cigarras, a ter que deixar baldes e bacias em pontos estratégicos da sala e do escritório porque, afinal, começou o inverno baiano e as goteiras se multiplicam - e por conta da chuva também arrumei um minijump, pra substituir as caminhadas nos arredores (15 minutos e quase tenho um treco, mas já tenho melhorado meu desempenho).  
Também começou a CPI para apurar responsabilidades na condução do combate à pandemia. Mas seguimos descrentes de tudo. Sempre detestei juízos de valor com relação ao Brasil, mas está sendo impossível não pensar que somos filhos do atraso travestido de cordialidade. A violência, as chacinas, a intolerância brotam de toda parte. A carestia não dá trégua. E a alma pesa, pesa, pesa. 

domingo, 14 de março de 2021

Bananarama

Banana a dar com pau, de novo. O que fazer? A vantagem do doce de puta, como lhe chama Jorge Amado, é que leva muita banana, quanta você quiser. Hoje inovei no uso de açúcar mascavo para fazer o caramelo, tanto do doce quanto do recheio de uma torta da Rita Lobo, que preparei para deixar congelada (ou seja, só saberei o quanto é boa outro dia qualquer). 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Tempo de acerolas

No meio do verão, quase no final, é época das acerolas. Lindas, vermelhas, gorduchas. Eu não conhecia o sabor das acerolas até nos mudarmos pra cá, porque elas em nada lembram o gosto daquelas polpas congeladas. 
Como tudo que dá no nosso quintal é de uma vez só, quando chegam as acerolas, é uma corrida para colher, separar, desinfetar, lavar, pulsar, peneirar, ensacar e congelar. É trabalhoso. Por isso já combinei com marido que ele colhe, eu processo, porque ainda por cima cai um pozinho em cima da gente durante a coleta que coça horrores. 
O tempo das acerolas é o dos insetos de verão (quer dizer, nem sei se eles chegam a ir, acho que sempre estão) - maruins, muriçocas, mutucas, marimbondos. Muitos cupins, atraídos pelo gado no pasto vizinho, e formigas de todo tipo. Abelhinhas que enroscam no cabelo ou deixam uma gotinha de mel na nossa pele, quando pousam. E outros seres alados: os bem-te-vis vêm atrás das frutinhas, como os anus brancos e pretos (que me lembram uma quadrilha e fazem um escândalo quando veem Zen); os colibris, mais discretos, dançam em torno da flor de bromélia. Ah, e as cigarras, que não se atrevem muito a entrar em casa depois da chegada dos dogs, especialmente da retriever Chica. 
Quanta gente vem junto com as acerolas!

domingo, 31 de janeiro de 2021

Fofuras da natureza

A beleza e a natureza (tantas vezes uma coisa só!) seguem sendo antídotos antitristeza nestes tempos. 
Depois dos microabacates e das minimangas que povoam nosso caminho, foi a vez do pequeno mamão delicioso que brotou no quintal de minha sogra. 

terça-feira, 26 de maio de 2020

Tai chi na rede e o verde ao redor

Como disse, minha antiga professora de tai chi chuan está oferecendo aulas por videoconferência. Já vi que vou precisar treinar outros dias para recuperar a coordenação motora, até porque só agora a dor no piriforme/ciático está indo embora, após 23 dias, e dor é um troço que desconcentra, descentra, desfoca, desanima, desumaniza. 
E apesar dessa dor que parecia não ter fim, quando vejo essas janelinhas no monitor, com a galera aparentemente praticando em espaços fechados, apartamentos talvez, percebo a sorte que temos de viver em um espaço aberto, com verde ao redor. Nem consigo imaginar como seria estarmos na décima semana de quarentena em um apê, mesmo podendo fazer tai chi, afe.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Projetos do hoje e após

Como será o amanhã, responda quem puder, já cantava Simone nos anos 1980. Não temos a menor ideia, e por ora nem os cientistas podem responder. Essa quarentena pode durar meses, e temos mesmo que recriar a rotina para sobreviver.
Pessoalmente, demorei para começar a criar um outro cotidiano. Estava fazendo bastante atividade física, e de repente passei a fazer 25% do que fazia. O trabalho, por sua vez, não teve tanta mudança (embora tenha rolado uma tensão inicial quanto ao futuro). A rotina de casa, sim - muita louça, cozinhar várias vezes, fazer faxina, além de incorporar os novos hábitos de desinfecção a cada saída/volta.
Logo que começou a quarentena, a galera passou a divulgar no Facebook mil links de livros, cursos e visitas virtuais a museus. No início, dá aquela vontade de fazer várias coisas, até a gente se lembrar de que realmente "quarentena não é férias", como nos lembra o alto-falante do mototáxi contratado pela prefeitura. Vem a procrastinação diante do trabalho e da atividade física, agora feita em casa, pois é uma dificuldade buscar novas formas de viver e encampá-las de fato. 
Bueno, mas acabou que tenho feito alguns cursos, além da pós em história da alimentação. Fiz um da Faber-Castell de aquarela, básico, mas ótimo para alguém como eu, que não manja de aquarela e só se mete a. Estou fazendo um do Senac (que está oferecendo vários cursos gratuitos durante a quarentena) de congelamento de alimentos, com outro engatilhado de aproveitamento total de alimentos. E me inscrevi ontem em um da Embrapa, de hortas em pequenos espaços. Tudo isso porque acho que pode rolar uma escassez de alimentos e este é o momento perfeito para termos uma atitude ecológica diante da vida, sair do mero discurso e ir para a ação mesmo. Também me inscrevi em um canal de yoga e hoje comecei um treino do Darebee, site de treinos já usado por Guga - porque não vou esperar chegar o fim da quarentena enquanto reencontro os quilos eliminados, né? Mas demorei para introjetar a ideia, pois faz mais de um mês que resolvemos nos entocar. Assisti também a alguns tutoriais para fazer nossas máscaras de TNT e tecido. 
O resultado dessas escolhas no presente contexto é que, embora não saiba até onde isso vai e se vamos sobreviver, me imagino virando uma especialista em alimentos fermentados, congelados, costuras talvez. Já sonho com comprar uma máquina de costura (que fez uma falta enorme na hora de produzir as máscaras!) num contexto pós-apocalíptico, o que parece algo non sense. Talvez morar em outro país, porque aqui ainda não nos recuperamos do choque da eleição de uma figura tão malévola (perdão à Malévola disneyana). Enfim, ter uma horta, fazer pão. Talvez nada tão diferente do que temos hoje, mas com muito mais gana e sabor e verdade. 

domingo, 12 de abril de 2020

Cada vez mais "feito em casa"


Doce de leite, batata palha, polpa de acerola, máscara de pano, leite de tigre - tudo feito em casa. O leite de tigre foi o mais criativo: caldo de legumes que tinha congelado, caldo de limão, alho e pedaços de filé de tilápia, tudo batido no processador e depois coado.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Glamour na quarentena é mungunzá com coco do quintal

Outro dia, minha sogra fez a cocada matadora com coco fresco do quintal e acabou me dando um tanto de coco para ralar. Deixei uns dias em um pote com água, na geladeira, pensando no que poderia fazer com ele. Não podia demorar, ou o coco ficaria com gosto de sabão.
Lembrei então do mungunzá, que eu adoro. Já fiz algumas vezes, cada uma de um jeito - com ou sem leite de coco, com leite condensado, só com açúcar, com coco ralado. Decidi aproveitar o coco de forma integral: como leite e como flocos. 
Como não sou boa em ralar coco, tirei a casca com uma faquinha (aproveitando que tinha ficado amolecida com a água) e ralei os pedaços no processador. Depois bati no liquidificador com água suficiente para cobrir mais um pouquinho. Então coei com minha "panela" de suco detox (um tecido perfurado próprio para isso). Reservei um pouco do coco processado em flocos para adicionar ao mungunzá. 
Cozinhei o milho (250 g, que ficaram de molho em água por 24 horas) na panela de pressão, apenas com água, por 25 minutos. Descartei a água e então adicionei 1 litro de leite, 400 mL de leite de coco, 200 mL de leite condensado caseiro (receita do Prato Fundo), canela em pau, cravo e coco em flocos. 
Arrisco dizer que foi o melhor mungunzá que já fiz. E sim, este foi o único glamour de nossa quarentena (que, na verdade, é só o nosso dia a dia comum menos as saídas para espairecer), o coco do quintal que foi determinante no sabor inigualável. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Comida reeducada e Projeto Verão Forever


Projeto Verão na verdade é uma coisa pra sempre, né? 
Pois então, acabei encontrando uma nutricionista parceira do estúdio de pilates. Ela faz bioimpedância na consulta e é especialista em nutrição esportiva. Lá fui eu saber/confirmar o tamanho da encrenca.
Não deu outra: gordura no fígado, massa gorda acima do normal. Solução: reduzir porções, aumentar proteína, verduras e gorduras boas, reduzir açúcar e massas, intensificar treinos.
Comecei a seguir as dicas dela, dei uma relaxada, mas vou voltar. Vi que dá para viver sem doces - embora o marido tenha sido acometido por uma fissura dulcícola tão logo comecei o programa de reeducação alimentar. A lição serve pra vida: não é preciso ir na onda do outro, especialmente se for prejudicial para você. Melhor: participo de dois grupos (na verdade, uma dupla e um trio) de amigas que também querem/vão emagrecer.
O bom é que aprendo, com tudo isso, a variar bastante o cardápio, inclusive usando legumes na salada, proteína de soja no quibe, banana e iogurte grego feito em casa na panqueca. Várias dessas experimentações são surpreendentemente boas. 
E o melhor: a pochete começa a reduzir, roupas que pareciam improváveis vão se ajeitando. Fico só querendo mais.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Primeiro kombucha e aprimoramento de pão italiano

Na pós de Gastronomia e cozinha autoral, o Olivier Anquier contou que, embora pertencesse a uma família de boulangers, teve, no Brasil, de fazer pão dia sim dia não para chegar a um resultado satisfatório e abrir seu próprio negócio. Distribuía os pães entre os vizinhos, familiares, e seguia fazendo mais.
Lembrei-me disso nas últimas semanas, quando fiz um novo levain e também preparei o starter do kombucha. É preciso insistir, persistir, experimentar, adaptar para chegar a um bom resultado.
Depois de encontrar uma boa receita de pão italiano no blog Massa Madre, resolvi fazer alguns testes. O primeiro que fiz, seguindo a receita de fermentação de um dia, cresceu pouco e ficou muito azedo, embora macio e alveolado. Também queimou um pouco, e minha tentativa de assar sobre papel manteiga não foi feliz - ele grudou completamente no papel.
No outro dia, fiz novamente, desta vez com levain de farinha branca, e não integral, como o anterior. Também reduzi bastante o tempo de fermentação - 1 hora para a primeira, 1 hora para a segunda. A massa já se desenvolveu melhor. A pestana abriu direitinho. O pão ficou uma delícia - eu ainda deixaria só mais uma meia horinha fermentando para ter um pouco mais do azedinho do pão italiano.
Com o kombucha foi o contrário - eu diminuiria o tempo de fermentação, de dez dias para sete, para não ficar tão ácido. Aconteceu também de eu não ter uma garrafa que vedasse perfeitamente a bebida, e após a segunda fermentação (que saborizei com pedacinhos de maçã) já não havia gás nenhum. O gosto, porém, ficou bom, só depende mesmo de acertos.
Sigamos, portanto, explorando o fascinante mundo dos microrganismos (do qual, segundo teorias recentes, arrogantemente fazemos parte, como colônias ambulantes de bactérias).

sexta-feira, 28 de junho de 2019

São João de pizza, pão e plantas

A era dos extremos não se refere somente à história. Ela está também na natureza, com o desequilíbrio climático a que temos assistido pelo mundo e para o qual o Brasil pretende colaborar com as últimas loucuras do governo atual, que estimula o desmatamento desenfreado e o uso de agrotóxicos proibidos ao redor do mundo. 
Tivemos um verão devastador e agora chuvas torrenciais por toda parte. Aqui em casa isso significou inundações, muros caídos e horta destruída (pelo calor e pela chuva excessivos), para ficar só no nível micro. 
A principal lição que tenho tirado desses eventos é que com a natureza ninguém pode. É muito grande a pretensão humana de dominar tudo - afinal, somos o maior predador que existe, com tal capacidade destrutiva que parece infinita. O nosso erro é esquecermos que somos apenas uma parte da natureza, como já disse aqui, mais de uma vez. E é de novo ela que vem me lembrar disso, em seus milagres cotidianos.
A chuva torrencial, que se seguiu ao calor tórrido do verão, como disse, acabou com a horta. Logo os galhos secos deram lugar a um matagal. Nem tive coragem de ir olhar, durante um bom tempo. Mas chegou a hora de refazer, de limpar, de voltar a cuidar. E lá fui eu, ser surpreendida pelos sobreviventes alecrim e lavanda. Não super viçosos, mas firmes e perfumados. Foi um espanto alegre o que senti ao deparar com eles em meio a muito mato.
Isso me deu mais ânimo para retomar a horta, ainda mais uma vez. Busquei mais manjericão e orégano, que são ervas que resistem bem a essa chuva, comprei mais sombrite para proteger do calor e também da chuva. Logo vou refazer as sementeiras. O que for possível consumirmos sem veneno já trará um ganho enorme.
E tudo isso rolou no meio do São João, de novo por aqui. E também rolou uma pizzinha num dos dias e um pão sovado muito macio e gostoso para acompanhar as comidas juninas feitas pela sogra. 

sábado, 15 de junho de 2019

Os olhos da cobra verde/Hoje foi que arreparei

Volta e meia aparece uma cobra por aqui no sítio. Jiboia, coral, uma cobrinha branca na pia. Uma jararaca apareceu na porta do canil, e Chica nos avisou em tempo. 
Outro dia, porém, quando eu tirava um cochilo, acordei com uma dor excruciante e Zen se jogando sobre meu pé, agitadíssimo. Estranhei que ele tivesse me atacado à toa, e pensei que deveria ter visto um bicho sobre a cama. Procurei por um escorpião e achei a cobra-verde morta no chão. 
Não saberei jamais se ele colocou a cobra aos meus pés como um presente e ela se mexeu, e então ele atacou a cobra e meu dedão, ou se a cobra me mordeu e ele matou a cobra. De todo jeito, em minhas pesquisas, descobri que, embora tenha peçonha, a cobra-verde não consegue inocular veneno devido à posição posteriorizada das presas. Antes assim!

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Processando alimentos: chocolate enquanto pão e polpa de acerola

Faz tempo que não compramos ovos de chocolate para a Páscoa. Acabamos sendo demovidos pelo preço discrepante cobrado por duas finas cascas de chocolate com alguns bombons dentro - melhor é comprar os chocolates e preparar algo gostoso para a ocasião. Nas últimas edições pascais, já fiz bolo de chocolate com ganache, pain au chocolat, roscas de frutas e chocolate, tarteletes de chocolate e avelã com morangos, torta de maracujá e chocolate e, este ano, babka de creme de avelãs com chocolate. Inspirada pelo chocolate, até pão australiano, na versão de forma e brioche, rolou. Garanto que tudo valeu muito a pena. 
Também por esses dias as aceroleiras deram fruta como nunca. O risco era deixar de colher e a chuva derrubar tudo, como aconteceu na safra passada. O marido colheu várias bacias de acerola, e eu me concentrei em processar o máximo que pude. Dá um trabalhão: tirar a sujeira mais grossa (galhos, insetos, cabos), escolher as melhores, lavar em água corrente, deixar de molho em água com solução desinfectante, enxaguar, liquefazer, coar e embalar. Mas, mesmo não dando conta de tudo o que foi colhido, ainda tivemos muitos saquinhos de polpa para ocupar o freezer. E um suco absurdamente bom e fresco. 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

As babkas de Páscoa X a cã comedora de manteiga

Chica é muito louca. Além de uma certa bipolaridade - passa da alegria ao drama em segundos -, ela devora tudo o que vê. Não só Crocs, como costuma acontecer com cachorros pequenos, mas também cigarras, tapetes, fechos plásticos para pacotes e... manteiga. Deixei um pote sobre a bancadinha de trabalho com 340 g de manteiga em pomada. Saí por 10 minutos para falar com minha sogra e, na volta, dou de cara com o pote esvaziado quase até o fim. Ou seja, ela comeu, sem derramar uma gota no chão, mais de meio pote de manteiga amolecida. Claro que foi um vomitório só até a hora de ela dormir. Hoje, um pouco também. 
Fiquei muito brava, mas por sorte tinha comprado mais manteiga, e pude fazer as babkas de Páscoa, que ficaram deliciosas. Quem provou, aprovou. De qualquer modo, não é mais possível tirar os olhos da magrela - algo de que ela, tão carente, jamais reclamará.   

terça-feira, 2 de abril de 2019

Da persistência em meio ao caos

Falei brevemente uma vez sobre a beleza em meio ao caos, quando minha amiga Luciane me presenteou com uma caneta-tinteiro trazida da Itália enquanto eu chafurdava entre caixas de mudança. 
Bem, nos últimos 20 dias, temos vivido muitos momentos caóticos. Tem chovido na Bahia como há décadas não acontecia. O ciclone que deixou milhares de desabrigados no sudeste africano e matou quase 600 pessoas em Moçambique deu as caras por aqui - mesmo na sua forma mais branda, fez bastante estrago, do sul ao norte do estado. Aqui em casa temos visto chuvas muito intensas, aguaceiros mesmo, e até um olho d'água se formou junto ao piso do banheiro, inundando parte da sala, molhando sofá, som, discos. Lá fora, a lama descia, e me vi na mesma situação de mais de 20 anos atrás, quando a Bienal foi inundada e fiquei com mais um tanto de colegas monitores enxugando o chão com panos e baldes, enquanto as obras eram retiradas às pressas das paredes do terceiro andar. Isso aconteceu na semana passada, e voltou a acontecer ontem de madrugada. 
Já estávamos sem internet há dias quando veio o ciclone, e fiquei na ida e vinda sem fim entre casa e lan house, superlenta mas a única disponível aqui. Nesse meio tempo, houve um problema no trabalho, e tive de resolver em um dia - o único em que a internet voltou, porque, afinal, quando nasci não veio um anjo safado me dizer tonterias. 
Porém, para incrementar, parte do muro dos fundos caiu com a quantidade de água da chuva. Mais desvios da rotina, mais gastos. 
Também tinha uma prova on-line para fazer, mas, no último momento, consegui fazer pelo celular. 
Obviamente, não tem dado para pedalar ou me exercitar, e isso tem um efeito ruim sobre o humor, sobre o peso, sobre a saúde. 
Nesse meio meio tempo, eu, que tinha feito inscrição em um programa de castração solidária para Chica, fui convocada a levá-la - mas nosso carro quebrou e tive de pedir a remarcação. O pessoal da Cercan topou, mas a peça do carro que era preciso trocar precisava ser encomendada, e não pudemos ir na nova data. Remarquei de novo, eles toparam de novo. Fomos e passamos o dia inteiro lá, com uma equipe simpática e competente mas aparentemente desorganizada. 
Para mim, apesar dos pesares, este foi o melhor momento da quinzena caótica - Chica ficou em jejum 14 horas, vomitou no carro e em mim, demorou a voltar da anestesia, mas no segundo dia já ressurgiu lépida. Foi a melhor imagem da persistência - nossa, no caso. Persistimos, em meio ao caos, em fazer a coisa certa, e fizemos, como quem se dobra sem quebrar, como uma canção esperançosa em filme de Almodóvar. 

terça-feira, 5 de março de 2019

Novas do Carnaval: sorvete de caramelo e flocos de chocolate e Chica

Bueno, cá estávamos em nosso Carnaval recolhido, assistindo série, trabalhando, estudando, revisando TCC, comendo porcariazinhas, e de repente uma latição muito próxima, com direito a ganidos de cachorro pequeno levando uma surra. Marido no banho, fui correndo olhar. Kong vociferava do lado de cá da grade, Balu e Bela andavam pra lá e pra cá do outro lado. Ouvi uns latidinhos por ali, vindos do meio de uma moita. Kong se esgoelando, fui chegando perto e, de repente, sai da moita uma cachorrinha magrela. E lá foi ela me pedir ajuda ao mesmo tempo que enfrentava Kong, que, por sua vez, conclamava o restante da ex-matilha a encurralar a bichinha. Balu e Bela fizeram aquela cara de "seriously?", mas ficaram cada um de um lado, meio que sem querer obedecer o encrenqueiro. 
Guga conseguiu tirar Kong da cerca com a guia, e eu saí para afastar os outros dois cães, enquanto minha sogra chegava com outra guia. A cachorrinha logo veio lamber minha mão e a de minha sogra, toda cheia de confiança. Quando, porém, colocamos a guia nela para levá-la ao portão de saída, ela travou as quatro patas, quase se enforcando. Fui carregando-a até a frente da casa de minha sogra, e quando coloquei-a no chão ela ficou na mesma posição, meio catatônica, com o rabo no meio das pernas. Apavorada em ser expulsa de novo. Guga ficou de coração partido, e não quis deixá-la na rua. 
Liguei para a veterinária de Kong, que prometeu falar com uma cuidadora. Hoje ela disse o que eu já esperava: não havia vaga para a cachorrinha. Tentei outros contatos, e nada. A essas alturas, o marido queria ficar com ela, que já tinha alguns nomes: Gremlin (por conta dos dentões), Costelinha (por causa dos ossos à mostra), Chica (porque ela faz uns ruídos que lembram o dengo sonorizado de Chico César). 
Ponderei/estou ponderando muito, porque isso significa dobrar os gastos com veterinário, remédio e tudo mais. Inclusive, teremos que castrá-la, o que significa pelo menos 700 reais na versão mais econômica. Eu gostaria de ter um ano financeiramente mais tranquilo que o ano passado, ainda mais pensando em investir mais na minha formação e com tantas coisas a melhorar em casa. Então decidi que vou fazer o básico pela cachorrinha, mas ela não vai tomar a frente das prioridades já estabelecidas. Quer dizer, na prática, que vamos continuar apertados mais um ano, mas enfim.
Além dessa surpresa, o Carnaval rendeu uma delícia de sorvete de caramelo e flocos de chocolate, receita publicada no Technicolor Kitchen, que tem também a do sorvete que até então eu considerava o maioral, de crème brûlée. Este é tão... carameludo, que fica difícil não considerá-lo ainda melhor que o outro. Quer dizer, não sei, ainda não cheguei a uma conclusão - só sei que fiquei orgulhosíssima do resultado!

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Geleia de morango e pasta de avelã caseiras: saudáveis e mnemônicas

Do livro de Raiza Costa, uma pasta de avelãs com mais avelã que chocolate (e sem óleo de palma/dendê) e uma geleia de morango básica e deliciosa.
A verdadeira prova de qualidade veio no comentário do marido sobre a geleia, que o fez sentir de novo um sabor da infância. Que elogio maior pode haver?

terça-feira, 24 de julho de 2018

Curtindo um som ao modo Zen


Retomando a horta

Já falei algumas vezes da dificuldade em termos uma horta. Naturalmente dá muito trabalho, fica cansativo para uma pessoa só cuidar de tudo e ainda há todas as ações/eventos externos: sapos, sol, calor, cachorros e gatos, viagem. Daí que a horta foi ficando de lado, apesar do nosso desejo de termos coisas frescas e orgânicas à mão. Que bom seria se fosse fácil!
Até mesmo as mudas de temperos foram sendo abandonadas. Fui desanimando às primeiras murchadas, deixando-as minguarem de vez. Cuidar de seres vegetais acabou entrando na mesma categoria de disposição de ir à academia, aquela coisa necessária, mas via de regra escamoteada. Do mesmo modo que ir à academia, só uma resolução enérgica, para além de mim, poderia trazer a prática horticultora de volta ao cotidiano. Não adiantava só anotar na agenda a palavra "horta", era preciso contar até 1 e sair a campo.
Foi o que fizemos no final de semana. Propus ao marido, que de novo falava da vontade de ter algumas espécies frutíferas, irmos ao horto aqui perto para buscar uma muda de jabuticaba e talvez uma amoreira. Lá fomos nós, cheios de vontade, e voltamos com jabuticabeira, amoreira, laranjeira, um pé de limão-siciliano, sementes de coentro e mudas de alecrim, manjericão, hortelã-graúda, salsinha, cebolinha, rúcula e couve. 
Ontem, passei parte da manhã replantando os temperos e hortaliças, enquanto o marido buscava os melhores lugares para as árvores. Aproveitei para preparar mudas de sálvia, tomilho e agrião - a ver se dão as caras desta vez. Fiquei com dor na mão direita de preparar a terra, imagine só. Limpei, arei, distribuí composto. Coloquei palha de coqueiro sobre as hortaliças para protegê-las do sol forte. Parece que as replantadas gostaram do lugar, observemos. 
Como sinal de bom augúrio, ganhamos uma fruta-pão, algo que eu nunca tinha visto, só lido em A ilha perdida, livro da série Vaga-Lume escrito por Maria José Dupré. Ou seja, os vizinhos continuam nos mostrando que é possível consumir o que se produz, só é preciso perseverar, entender que o tempo da natureza não é o do consumo, do pegue-pague. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog