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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

A imagem mais bonita dos últimos tempos

A imagem mais bonita dos últimos tempos e do ano de 2023 já foi produzida. Ela também veio varrer o horror dos últimos 4-6 anos. Podemos dizer que a única coisa boa que o Bozo fez na vida tacanha dele foi se recusar a entregar a faixa a Lula, o que produziu justamente essa imagem mais linda de todas.
Confesso que passei o primeiro dia de janeiro inteiro sob tensão. Assisti à posse completa, e seus desdobramentos, como se zelasse pela segurança do presidente eleito. Temi que algo acontecesse a qualquer momento, que algum maluco resolvesse sacar uma arma contra Lula ou contra a população. Mas acho que a onda de amor e alegria e alívio que se formou foi tão grande que protegeu a todos, varreu o mal, pelo menos por ora, para longe dali. 
E então a surpresa de ver uma cozinheira, um cacique, um garoto negro, um rapaz com deficiência, um metalúrgico, um artista, um professor, uma catadora negra e até uma vira-lata subindo a rampa com os eleitos, eleitos eles também. Foi emocionante demais, e serviu pra reacender a esperança em meio a tantos desafios que, sabemos, nos esperam, individualmente e como parte de um país que só fazia se afundar na lama da ignorância mais obscura.
Foi quase como ver a "fellowship of the ring" subindo de braços dados o caminho da vitória, coisa linda. O retorno do Barba. 

sábado, 5 de novembro de 2022

Consciência de classe, consciência de si

Tenho tido muita preguiça de escrever. Preguiça não - uma espécie de paralisia estupefata. Com tudo que temos vivido nos últimos 4 anos, e muito piorado neste ano, quem é contra a injustiça teve que levantar a cabeça muito mais vezes para respirar. 
Mas não hoje. Dia 30 foi dia de eleição, do nosso sagrado direito e dever democrático de votar, de dizer nas urnas que não queríamos um fascista no poder. Que queremos uma vida melhor para todos. Hoje o fôlego tem de ser enorme e coletivo. Porque vencemos. Pudemos, depois de tantos anos, gritar a plenos pulmões o nosso alívio.
Foi por pouco, o que não invalida a vitória, mas acende o alerta. Já devo ter dito isso, mas repito como me espanta que as pessoas não privilegiadas votem no genocida. Desde a moça que vende Hinode e replica fake news sobre o governo de esquerda que certamente a beneficiou de algum modo, ao ex-colega de Federal que é umbandista e publica que agora os brasileiros terão de comer carne de cachorro com o governo do PT reeleito, passando por muitas variações de falas insanas vindas de membros de classes não favorecidas. Muita gente enganada pela falácia do pseudoempreendedorismo, da defesa da religião e do moralismo, querendo igualar-se à verdadeira elite do país, buscando pontos em comum e, na verdade, reproduzindo um discurso preconceituoso em todos os aspectos, contra negros, pobres, mulheres, LGBT, nordestinos, artistas, professores. Mas também muita gente que só esperava que aparecesse alguém que dissesse exatamente o que essa turba pensa, e aí temos mesmo uma falha de caráter. 
Não elenco aqui a elite desejosa de manter seus privilégios coloniais, mas os servis, os enganados e os cruéis de diversas classes, que ajudaram a engrossar esse caldo de vilania que nos acanhou e violentou todos esses anos. Essa turba que, logo após o resultado suado do domingo, mesmo com todas as tentativas de fraude e com o uso desavergonhado da máquina pública, saiu às ruas para protestar contra a democracia e pedir intervenção militar. Esses desfavorecidos iludidos é que me espantam muito mais pois não têm consciência da classe a que pertencem, não têm, portanto, consciência de quem são. Não podemos tirar o mérito do capitalismo e do ultraliberalismo, que ajudaram a cimentar as ilusões de consumo que prendem essas pessoas à caverna obscurantista, anulando a real percepção de si - e, no caso do que temos visto depois de domingo, do ridículo a que se têm sujeitado. 
A luta será contínua, para não permitir que o fascismo se instale novamente. Deveríamos seguir o exemplo da Argentina, que alimenta continuamente sua memória, sua consciência de si, negando-se a esquecer o passado, como no ótimo Argentina, 1985, com o querido Darín, sobre o julgamento dos comandantes da ditadura. E como disse uma pastora querida que conheci na minha época de igreja - uma das pessoas mais lúcidas naquele contexto -, só quem não se esquece de onde veio sabe aonde quer chegar. 
Porque sabemos quem somos, sabemos com quem queremos estar e com quem podemos contar. 

domingo, 25 de setembro de 2022

Vermelhou

Faltam 7 dias para as eleições, as mais importantes dos últimos 20 anos. A luta de resistência ao fascismo e a defesa da democracia são o que está em jogo. Temos visto muita gente com medo de sofrer violência dos fascistas, já que têm havido aqui e ali assassinatos e atentados contra quem ousa se colocar como alguém de esquerda ou, no mínimo, antifascista. Nas redes, lugar mais protegido, a galera tem se manifestado a favor do voto útil e contra a barbárie, como no vídeo do "Vira voto", encampado por muitos artistas, e no delicioso desafio dos 13 livros vermelhos, oportunidade de reencontrarmos nossas leituras e de conhecermos as alheias. 
O que não podemos é deixar o medo nos impedir de exercermos nosso direito de protestar contra o horror e garantir a volta de um governo que, mesmo imperfeito como todos, não coaduna com a intolerância e a injustiça social. 
Dia 2, vamos de vermelho, dentro e fora, levando o voto no corpo.  

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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