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domingo, 13 de setembro de 2020

Meditação, mindfulness e mente a mil

Comecei há uns dias a fazer meditação on-line com amigos. Gostei muito; para mim, funciona bem fazer coisas em comprometimento com os outros. Se depender só de mim, sempre é bem mais difícil. 
Na verdade, já estava ensaiando praticar um pouco de mindfulness para melhorar a atenção nas atividades diárias. Tinha lido algumas coisas, e resumiria no fato de o mindfulness ser utilizado para melhorar em 100% a realização de tarefas diversas, do trabalho ao ato de se alimentar, tendo sempre como foco a atenção plena. 
O mindfulness deriva da meditação tradicional. Foi adaptado aos ambientes corporativos e é usado inclusive na performance de atletas. A atenção plena ajudaria a obter os melhores resultados na empresa, no esporte, na alimentação, nos estudos. Atenção plena o tempo todo, aproveitamento total do cérebro. Mas será que o cérebro não pode se distrair? Será que não é positivo se perder em pensamentos diversos? Não será nos devaneios que estão muitas ideias criativas? Isso me incomoda, essa impossibilidade de desvios. 
Acho ótimo que a atenção seja cultivada no momento de finalizar um trabalho, fazer uma reunião, praticar um esporte - isso evita erros, mal-entendidos e machucados. Também é útil na comunicação, sobretudo não violenta, para que não digamos o que não queremos num momento de estresse. Não acho, porém, que estar alerta todo o tempo traga o melhor aporte criativo, normalmente presente justamente no ócio, inclusive mental. 
Nesse sentido, me parece que a meditação tradicional é mais flexível, cabe em todos os contextos. Ver uma ideia, deixá-la passar em vez de se fixar nela, por exemplo, é um exercício de meditação tão profundo que até ajuda a afastar dores às quais nos apegamos. 
Na nossa meditação semanal, por exemplo, quando entro no fluxo, fico tão relaxada que me aproximo de um estado de vigília, quase de sonho. Os pensamentos passam na tela mental até restar um silêncio onde só me encontro eu. Porque não basta o silêncio externo para termos paz. 

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Cozinha e silêncio

Também na pós, o chef Tsuyoshi Murakami (não, não é parente do escritor) trouxe uma ideia que encontrou eco em meu coração (como o Troisgros com a comida de panela): a necessidade de silêncio na cozinha. 
Pra falar a verdade, minha cozinha sempre foi ruidosa, sempre teve a ver com reencontrar amigos e colocar conversa em dia, em torno de panelas e temperos. Já deixei muita gente passando fome enquanto preparava um prato e parava para participar das conversas.
Depois que casei, porém, e tive de reinventar a rotina culinária - porque agora tínhamos horário para comer, todo dia -, ficar conversando enquanto cozinho ficou menos divertido. Ou melhor, virou algo pouco prático. Cozinhar exige mesmo muita atenção, especialmente quando você cozinha sozinho e prepara muitas coisas ao mesmo tempo. Não à toa, qualquer distração gera pratos queimados, temperos esquecidos etc.
Por outro lado, conversar com os convivas é muito bom. Que ocasião melhor para conversar que em torno de um cafezinho com bolo? Nos casos em que vamos receber muita gente para almoçar ou jantar, agora procuro deixar quase tudo pronto, para poder desfrutar também da companhia dos convidados, embora ainda haja muito entra e sai da cozinha de minha parte.
De todo modo, ainda sonho com o dia em que terei uma cozinha com mais espaço para experimentações e equipamentos adequados, onde eu possa ficar quieta comigo e com meus ingredientes, totalmente presente naquilo que faço. Uma terapia para mim (já que somente no silêncio conseguimos entrar em contato com nossa essência), mas certamente uma garantia de qualidade da comida que irá à mesa. Todo mundo sai ganhando. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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