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domingo, 13 de setembro de 2020

Meditação, mindfulness e mente a mil

Comecei há uns dias a fazer meditação on-line com amigos. Gostei muito; para mim, funciona bem fazer coisas em comprometimento com os outros. Se depender só de mim, sempre é bem mais difícil. 
Na verdade, já estava ensaiando praticar um pouco de mindfulness para melhorar a atenção nas atividades diárias. Tinha lido algumas coisas, e resumiria no fato de o mindfulness ser utilizado para melhorar em 100% a realização de tarefas diversas, do trabalho ao ato de se alimentar, tendo sempre como foco a atenção plena. 
O mindfulness deriva da meditação tradicional. Foi adaptado aos ambientes corporativos e é usado inclusive na performance de atletas. A atenção plena ajudaria a obter os melhores resultados na empresa, no esporte, na alimentação, nos estudos. Atenção plena o tempo todo, aproveitamento total do cérebro. Mas será que o cérebro não pode se distrair? Será que não é positivo se perder em pensamentos diversos? Não será nos devaneios que estão muitas ideias criativas? Isso me incomoda, essa impossibilidade de desvios. 
Acho ótimo que a atenção seja cultivada no momento de finalizar um trabalho, fazer uma reunião, praticar um esporte - isso evita erros, mal-entendidos e machucados. Também é útil na comunicação, sobretudo não violenta, para que não digamos o que não queremos num momento de estresse. Não acho, porém, que estar alerta todo o tempo traga o melhor aporte criativo, normalmente presente justamente no ócio, inclusive mental. 
Nesse sentido, me parece que a meditação tradicional é mais flexível, cabe em todos os contextos. Ver uma ideia, deixá-la passar em vez de se fixar nela, por exemplo, é um exercício de meditação tão profundo que até ajuda a afastar dores às quais nos apegamos. 
Na nossa meditação semanal, por exemplo, quando entro no fluxo, fico tão relaxada que me aproximo de um estado de vigília, quase de sonho. Os pensamentos passam na tela mental até restar um silêncio onde só me encontro eu. Porque não basta o silêncio externo para termos paz. 

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Plantas, pincéis e paciência

Afinal a empresa onde trabalhamos entrou no programa de ajuda do governo federal, que promete arcar com 70% do gasto com folha de pagamento durante três meses. Ora, em se tratando do governo do Bozo, nunca se sabe. Esperamos que dê tudo certo, mas resolvemos apertar um pouco mais os cintos por enquanto. Era isso, ou ficar sem nada - e mesmo com essa mudança não sabemos muito mais do futuro que os próximos três meses, ainda assim com esse aspecto de incerteza próprio do bolsonarismo vigente. Então só nos resta ter paciência.
Aliás, paciência tem sido a qualidade/virtude mais requisitada nestes tempos de pandemia e quarentena. Tudo o que fazemos é esperar. E esperar não é fácil, exige um certo treino, um certo estado mental que nem sempre temos à mão, por assim dizer. Sobretudo quando não sabemos o que esperar, caso do período que vivemos. O futuro nos foi roubado, não sabemos por quanto tempo. As possibilidades nos foram roubadas, não sabemos por quanto tempo. Fica difícil fazer planos, sonhar. Para sobreviver, para resistir ao vento sem quebrar, acaba sendo necessário ser mais nietzschiano ou mais zen. Com tanta tragédia no mundo, prefiro tentar ser zen.
Acredito que algumas práticas ajudam a traçar um caminho mais zen quando você não necessariamente é um estudioso do caminho. No dia a dia, o contato com a terra e as práticas manuais e artísticas me parecem boas opções para se chegar a esse estado de maior aceitação do que não pode ser mudado sem necessariamente ficar passivo diante do que não deve ser aceito. 
Já vinha ensaiando uma das minhas inúmeras voltas à hortinha - Guga ri cada vez que digo que vou retomar os cuidados com as plantas, acha que não levo nenhum jeito. Mas minha sogra acredita no que digo, além de compreender que faço muita coisa, e sempre me oferece mudinhas de plantas bonitas que ela tem e que tem aproveitado para colocar em ordem, neste período de quarentena. Dela foi que ganhei a muda de árvore da felicidade e as filhotas de babosa, que já acomodei em vasos. Aproveitei para limpar o espaço das mudas de temperos, e espero pelo menos ter manjericão fresco - vi que o alecrim, mesmo ressecado, continuou se expandindo no vaso, algo incrível, e que a alfazema, mesmo seca, ainda exalava perfume. 
Resolvi dar de presente ao marido um curso on-line de desenho, depois de ter visto seu interesse por uma propaganda no FB, e acabei me inscrevendo também em um de sumiê para ilustração, da mesma plataforma argentina, Domestika. Parece bom, e me fez lembrar das aulas com Susan Hirata, há 7 anos. Até tentei retomar a prática há algum tempo, mas não consegui relembrar os gestos e pinceladas de modo satisfatório. Mas só organizar o material já nos faz entrar em modo zen. 
Acaba de me ocorrer que o modo zen é mesmo o modo do fazer. Logo que começou a quarentena, totalmente desconcentrada para ler ou trabalhar, fui buscar coisas práticas, que me faziam imediatamente entrar na meditação, no deixar os pensamentos passarem, sem me prender a eles, porque estava cozinhando, ou bordando, ou pintando, ou organizando coisas. O caminho se faz ao andar, o zen se faz ao fazer. 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

São João de pizza, pão e plantas

A era dos extremos não se refere somente à história. Ela está também na natureza, com o desequilíbrio climático a que temos assistido pelo mundo e para o qual o Brasil pretende colaborar com as últimas loucuras do governo atual, que estimula o desmatamento desenfreado e o uso de agrotóxicos proibidos ao redor do mundo. 
Tivemos um verão devastador e agora chuvas torrenciais por toda parte. Aqui em casa isso significou inundações, muros caídos e horta destruída (pelo calor e pela chuva excessivos), para ficar só no nível micro. 
A principal lição que tenho tirado desses eventos é que com a natureza ninguém pode. É muito grande a pretensão humana de dominar tudo - afinal, somos o maior predador que existe, com tal capacidade destrutiva que parece infinita. O nosso erro é esquecermos que somos apenas uma parte da natureza, como já disse aqui, mais de uma vez. E é de novo ela que vem me lembrar disso, em seus milagres cotidianos.
A chuva torrencial, que se seguiu ao calor tórrido do verão, como disse, acabou com a horta. Logo os galhos secos deram lugar a um matagal. Nem tive coragem de ir olhar, durante um bom tempo. Mas chegou a hora de refazer, de limpar, de voltar a cuidar. E lá fui eu, ser surpreendida pelos sobreviventes alecrim e lavanda. Não super viçosos, mas firmes e perfumados. Foi um espanto alegre o que senti ao deparar com eles em meio a muito mato.
Isso me deu mais ânimo para retomar a horta, ainda mais uma vez. Busquei mais manjericão e orégano, que são ervas que resistem bem a essa chuva, comprei mais sombrite para proteger do calor e também da chuva. Logo vou refazer as sementeiras. O que for possível consumirmos sem veneno já trará um ganho enorme.
E tudo isso rolou no meio do São João, de novo por aqui. E também rolou uma pizzinha num dos dias e um pão sovado muito macio e gostoso para acompanhar as comidas juninas feitas pela sogra. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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