Na verdade, só pude fazer as duas coisas porque esta é a semana de Guga na preparação do almoço e lavagem de louça. Às vezes, a louça fica dois dias na pia, mas já disse a ele (que estava pensando em desistir do acerto) que ele assumir parte das tarefas me ajuda imensamente. Mais do que isso: é positivo para o relacionamento pois aumenta a responsabilidade dele nos cuidados com a NOSSA casa. Afinal, uma casa não é só o lugar aonde se levam, por direito, os amigos, mas um lugar do qual se cuida, uma extensão da alma de cada um.
Esse combinado semanal é super-recente, coisa de um mês. Me ajuda tanto que resolvi ajudar mais um pouco, preparando e congelando arroz e feijão no domingo, para ele só ter que descongelar e preparar alguma carne. Até a salada já estava lavada. Também lavei a louça que sujei ao fazer bolo e pão.
Outro dia, li um texto cujo autor dizia não ajudar a mulher porque na verdade ele fazia o que de fato lhe cabia - quer dizer, não era nenhum favor compartilhar os afazeres diários e ele SABIA disso. Não é fácil chegar a esse nível de consciência na nossa sociedade machista. Não é fácil se dispor a fazer algo quando a vida inteira houve alguém (uma mulher, normalmente) fazendo algo por/para você - por que se rebelar contra o conforto? E a chegada à consciência, por mais contraditório que pareça, se faz na caminhada, ainda que a esmo, sem que se saiba o que se está buscando. Praticar a alteridade já é um pouco mais longe, mas até ali também se chega.
Por ora, fico com a felicidade de ter mais tempo - para mim, para criar inclusive coisas para nós dois, fora do sem-tempo das repetições obrigatórias.