Eu tiraria só uns 15 minutos de texto do último espetáculo do Teatro da Vertigem, em sua segunda temporada. Mas só - Bom Retiro 958 metros é praticamente irretocável.
Renascido de uma crise que ameaçou acabar com o grupo, o Vertigem impressiona com sua produção impecável, com atuações envolventes, com a capacidade de nos fazer parte silenciosa do espetáculo - mas nunca meros espectadores.
Andamos pelas ruas desertas (ou quase - bolivianos e coreanos dão as caras volta e meia, numa figuração involuntária) do Bom Retiro em pleno feriado prolongado de Carnaval, ora como multidão de consumidores, ora como zumbis. Invadimos um shopping fechado e sentimos ali o coração que jamais para de bater, junto com o da compradora que se transforma em seu objeto de desejo. Seguindo um Caronte feminino (ou um Diógenes, que leva um tablet em vez de uma lanterna?), assistimos ao próprio Apocalipse se desdobrando ao nosso redor. O Hamlet cracômano (maravilhoso Ícaro Rodrigues) se equilibra no alto de um muro muito alto, e conversa com sua pedra, cada vez maior. A faxineira filosofa (a incrível Mawusi Tulani), a rádio Infinita hipnotiza os insones, a noiva-Ismália tenta chamar à razão. Estamos cercados - só nos resta caminhar em meio aos escombros de manequins desnudos ou em chamas, roupas rasgadas, lixo, mais cracômanos, pessoas socialmente invisíveis. E buscamos um refúgio inútil na sinagoga abandonada.
Como os atores conseguem estar em toda parte ao mesmo tempo? Como o grupo conseguiu convencer a CIDADE a atuar? Como o mergulho no Letes desperta a memória aos gritos? Como ficamos divididos entre a urgência do fim e a estupefação quando tudo acaba? Como ao final o público bate palmas longamente (minutos e mais minutos) sem emitir um som? Parece fruto de encantamento, mas, claro, é só vertigem.
Por isso recomendo: não deixem de assistir até o final de março ao verdadeiro fim do mundo.
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
domingo, 27 de janeiro de 2013
Et LaBelle va (ou marche)
Na estreia de LaBelle, confesso que fiquei um pouco tensa - fazia muitos anos que eu não andava de bike. Aliás, nem lembro quando foi a última vez. E mesmo eu sempre repetindo a máxima "é como andar de bicicleta, a gente nunca esquece" em situações de reaprendizado, não estava tão certa assim de que seria fácil.
Ainda por cima, nunca tinha tido uma bike com marchas, e no primeiro dia me embananei entre desviar de crianças, corredores, ciclistas e cães e experimentar as marchas; ainda por cima, não tinha sacado direito a relação entre as 3 catracas e as 7 marchas, mesmo já tendo lido algo a respeito. Depois fui ler ainda mais em blogs, sites e fóruns de ciclistas. E acho que finalmente entendi!
Hoje fui pela segunda vez (domingo passado estava ocupada assando peru e preparando outros acepipes). Fiz o trajeto duas vezes, com as marchas mais certinhas, controlando melhor o guidão. E mais segura ao desviar dos pedestres, pois coloquei uma BUZINA, a da foto. Ela faz um trim-trim discreto e simpático, e incrivelmente funcionou na maioria dos casos. Em alguns momentos, onde não havia gente muito espalhada, deu até pra pegar velocidade, uma DELÍCIA! Vento no rosto, coisa que eu amo, e sentir o chão rodando rápido debaixo dos pés.
Ainda me arrisquei (só um pouquinho) pedalando ao lado dos carros, num trecho curtíssimo a caminho de casa - só pra sacar qual é, quanto de adrenalina sobe nessa situação.
E voltei feliz da vida, querendo mais bem em breve.
Ainda por cima, nunca tinha tido uma bike com marchas, e no primeiro dia me embananei entre desviar de crianças, corredores, ciclistas e cães e experimentar as marchas; ainda por cima, não tinha sacado direito a relação entre as 3 catracas e as 7 marchas, mesmo já tendo lido algo a respeito. Depois fui ler ainda mais em blogs, sites e fóruns de ciclistas. E acho que finalmente entendi!
Hoje fui pela segunda vez (domingo passado estava ocupada assando peru e preparando outros acepipes). Fiz o trajeto duas vezes, com as marchas mais certinhas, controlando melhor o guidão. E mais segura ao desviar dos pedestres, pois coloquei uma BUZINA, a da foto. Ela faz um trim-trim discreto e simpático, e incrivelmente funcionou na maioria dos casos. Em alguns momentos, onde não havia gente muito espalhada, deu até pra pegar velocidade, uma DELÍCIA! Vento no rosto, coisa que eu amo, e sentir o chão rodando rápido debaixo dos pés.
Ainda me arrisquei (só um pouquinho) pedalando ao lado dos carros, num trecho curtíssimo a caminho de casa - só pra sacar qual é, quanto de adrenalina sobe nessa situação.
E voltei feliz da vida, querendo mais bem em breve.
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segunda-feira, 30 de julho de 2012
On the road
Fotos de Guga: as 3 PB, montanhas de Mauá, estrada de terra com Gerais ao fundo e eu como copilota.
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Tudo de bão
Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla