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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Mi casa

Quando a casa começa a ficar com nossa cara? 
Quando cheguei aqui, tudo estava tão branquinho, tão recém-pintado, que me deu uma preguicinha de pendurar quadros nas paredes. Também mudou minha percepção do que "mostrar". Preciso colocar todas minhas referências, lembranças à vista de todo mundo, mesmo que esse todo mundo seja uma parcela de pessoas que frequentem minha casa? Vou um pouco na contramão desses tempos de ultraexposição. Preguiça? Talvez? Ah, Macunaíma!
Mas também ando fotofóbica, como já disse em outro momento. Então as paredes branquíssimas e a luz reinante que aumenta meu melasma e só me deixa trabalhar num horário restrito acabam exigindo alguma cobertura, seja de cortinas menos transparentes, seja sim de coloridos nas paredes. E isso me faz comprar furadeira nova, voltar a ter ferramentas apropriadas e próprias. 
No meu caso, porém, a casa começou a ficar com minha cara pela cozinha. Não me importa que a sala pareça vazia, porque larga. Mas a cozinha, bicho. Com poucos armários, logo pediu uma bancada com prateleiras para colocar meus equipamentos culinários - planetária, sorveteira, extrator de suco, multiprocessador, liquidificador, quase uma padaria. E uma muretinha logo virou lugar das essenciais ervas de temperos, que agora volto a ter ao alcance da mão. E as paredes também vão ganhar seus enfeites, escolhidos a dedo (tomando cuidado para não provocar mais fissuras, porque aqui a coisa é delicada, como já mostrou a parede do escritório, cuja pequena fissura existente virou uma pequena placa tectônica depois da colocação da rede de proteção na janela - essas eventualidades das mudanças). 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

São João de pizza, pão e plantas

A era dos extremos não se refere somente à história. Ela está também na natureza, com o desequilíbrio climático a que temos assistido pelo mundo e para o qual o Brasil pretende colaborar com as últimas loucuras do governo atual, que estimula o desmatamento desenfreado e o uso de agrotóxicos proibidos ao redor do mundo. 
Tivemos um verão devastador e agora chuvas torrenciais por toda parte. Aqui em casa isso significou inundações, muros caídos e horta destruída (pelo calor e pela chuva excessivos), para ficar só no nível micro. 
A principal lição que tenho tirado desses eventos é que com a natureza ninguém pode. É muito grande a pretensão humana de dominar tudo - afinal, somos o maior predador que existe, com tal capacidade destrutiva que parece infinita. O nosso erro é esquecermos que somos apenas uma parte da natureza, como já disse aqui, mais de uma vez. E é de novo ela que vem me lembrar disso, em seus milagres cotidianos.
A chuva torrencial, que se seguiu ao calor tórrido do verão, como disse, acabou com a horta. Logo os galhos secos deram lugar a um matagal. Nem tive coragem de ir olhar, durante um bom tempo. Mas chegou a hora de refazer, de limpar, de voltar a cuidar. E lá fui eu, ser surpreendida pelos sobreviventes alecrim e lavanda. Não super viçosos, mas firmes e perfumados. Foi um espanto alegre o que senti ao deparar com eles em meio a muito mato.
Isso me deu mais ânimo para retomar a horta, ainda mais uma vez. Busquei mais manjericão e orégano, que são ervas que resistem bem a essa chuva, comprei mais sombrite para proteger do calor e também da chuva. Logo vou refazer as sementeiras. O que for possível consumirmos sem veneno já trará um ganho enorme.
E tudo isso rolou no meio do São João, de novo por aqui. E também rolou uma pizzinha num dos dias e um pão sovado muito macio e gostoso para acompanhar as comidas juninas feitas pela sogra. 

terça-feira, 24 de julho de 2018

Retomando a horta

Já falei algumas vezes da dificuldade em termos uma horta. Naturalmente dá muito trabalho, fica cansativo para uma pessoa só cuidar de tudo e ainda há todas as ações/eventos externos: sapos, sol, calor, cachorros e gatos, viagem. Daí que a horta foi ficando de lado, apesar do nosso desejo de termos coisas frescas e orgânicas à mão. Que bom seria se fosse fácil!
Até mesmo as mudas de temperos foram sendo abandonadas. Fui desanimando às primeiras murchadas, deixando-as minguarem de vez. Cuidar de seres vegetais acabou entrando na mesma categoria de disposição de ir à academia, aquela coisa necessária, mas via de regra escamoteada. Do mesmo modo que ir à academia, só uma resolução enérgica, para além de mim, poderia trazer a prática horticultora de volta ao cotidiano. Não adiantava só anotar na agenda a palavra "horta", era preciso contar até 1 e sair a campo.
Foi o que fizemos no final de semana. Propus ao marido, que de novo falava da vontade de ter algumas espécies frutíferas, irmos ao horto aqui perto para buscar uma muda de jabuticaba e talvez uma amoreira. Lá fomos nós, cheios de vontade, e voltamos com jabuticabeira, amoreira, laranjeira, um pé de limão-siciliano, sementes de coentro e mudas de alecrim, manjericão, hortelã-graúda, salsinha, cebolinha, rúcula e couve. 
Ontem, passei parte da manhã replantando os temperos e hortaliças, enquanto o marido buscava os melhores lugares para as árvores. Aproveitei para preparar mudas de sálvia, tomilho e agrião - a ver se dão as caras desta vez. Fiquei com dor na mão direita de preparar a terra, imagine só. Limpei, arei, distribuí composto. Coloquei palha de coqueiro sobre as hortaliças para protegê-las do sol forte. Parece que as replantadas gostaram do lugar, observemos. 
Como sinal de bom augúrio, ganhamos uma fruta-pão, algo que eu nunca tinha visto, só lido em A ilha perdida, livro da série Vaga-Lume escrito por Maria José Dupré. Ou seja, os vizinhos continuam nos mostrando que é possível consumir o que se produz, só é preciso perseverar, entender que o tempo da natureza não é o do consumo, do pegue-pague. 

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Sobre temperos frescos e o que temos na geladeira

Como ainda não avançamos na nossa horta, tenho mantido meus temperos em vasos, que volta e meia preciso substituir por conta do calor e da falta ou excesso de chuva.
Faz mais de cinco anos que não sei mais viver sem temperos frescos, e acho um desperdício comprar maços em vez de tirar o que preciso de uma planta perene (enquanto dure).
Além dos temperos frescos, outra coisa que adotei foi ter cada vez menos alimentos ultraprocessados na geladeira. Tinha já começado a fazer isso em São Paulo, e meu lixo de orgânicos foi ficando maior que o de embalagens de papel e de plástico, mas aqui temos ampliado a prática. Prova disso é a geladeira ter uma gaveta cheia de verduras, legumes e frutas que logo viram pratos para a semana, inclusive na forma de marmitas semanais no congelador - não há nada mais prático: até massa de pizza tem!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O retorno das mudinhas

Eu tinha dado um tempo da hortinha. O ataque do sapo e o sumiço de Chico, além do cansaço e da chuva que me desanimavam a sair para cuidar das plantas, me afastaram dessa prática que tinha começado tão prazerosa.
Percebi que preferia ter os vasinhos mais perto, ao alcance da vista e das mãos. Comentei com o marido que seria bom ter uma estantezinha para os vasos na varanda. Outro dia, procurei na internet uma para comprar. Os prazos de entrega eram bizarros. Então, o marido se dispôs a fazer uma para mim. Ebaaaaa!
Como Guga leva muito jeito com a marcenaria, o móvel ficou lindo. Mais lindo ainda com os primeiros vasos, em alturas à prova de sapos. Também quero mudinhas de flores antimosquitos. Vai ficar uma lindeza.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A lição das ervas

Eu já tinha ouvido alguma coisa sobre não plantar hortelã com outras ervas, ou então isolá-la com uma placa de madeira colocada verticalmente no solo, para que suas raízes não alcancem as das vizinhas.
Quando, porém, perguntei a respeito para a pessoa que me vendeu as ervas, ela disse que não havia problema, que podia plantar todas juntas.
E não era verdade: a hortelã matou as companheiras, no caso, o tomilho e a salsinha. Por isso, comprei outra muda de tomilho, uma de orégano e outra de hortelã, que deixei em um vaso separado. Logo se vê que estão todas felizes, e a hortelã viceja, solitária.
Com as pessoas, é a mesma coisa. Não adianta insistir em conviver com gente que existe melhor sozinha - do contrário, todo mundo pode sair machucado, ressequido.
A natureza, sempre nos ensinando.


Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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