Quanta gordice! Pois é, fiz a sopa de banana com curry que queria fazer há anos. Achei a receita de novo, desta vez na internet (eu tenho um recorte que fala dela, que saiu na Folha, quando eu era assinante, há mais de 10 anos - nem sei se é do mesmo restaurante).
O site onde encontrei foi o Basilico, do Josimar Melo que publica receitas e notícias de gastronomia, bem legal. E pra variar fiz minhas adaptações, não só de volume/tamanho de receita, mas de quantidades e dos ingredientes que tinha.
Ingredientes (para uma cumbuca grande):
- 3 bananas-prata
- 500ml de caldo de galinha (500ml de água + 1 tablete de caldo)
- 1/2 cebola picada (a que eu tinha era roxa)
- 1 colher (sopa) de manteiga
- 1 colher (chá) de curry
- 2 colheres de suco de limão (usei siciliano)
- 1 caixinha de creme de leite (200ml)
- salsinha para enfeitar
Preparo:
Dilua 1 tablete de caldo de galinha em 500ml de água fervente; reserve. Refogue a cebola picada na manteiga; quando começar a dourar, acrescente o curry e misture bem. Coloque então o suco de limão, o caldo quente e a banana em rodelas e deixe cozinhar por uns 15 minutos. No liquidificador, junte a essa mistura o creme de leite e bata até ficar homogêneo.
Antes de servir, coloque novamente na panela para aquecer. Enfeite com salsinha picada.
Ressalvas: eu coloquei suco de meio limão e acho que foi excessivo - por isso, aqui na receita indiquei 2 colheres apenas. A sopa não fica com tanto gosto de banana por conta do curry e do caldo de galinha (com certeza, fica mais saborosa se o caldo for "de verdade", mas mesmo assim está aprovadíssima).
domingo, 8 de junho de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Pão italiano que vira rabanada
Minha avó costumava fazer rabanadas no Natal. Eram muito boas, tipicamente feitas com pão dormido, filão (a antiga bengala!) ou francês. Na época eu acompanhava desinteressadamente o preparo dos pratos, mais preocupada com o resultado final.
Hoje, que faz frio e chove, e há uma greve pela cidade, olhei para o pão italiano (comprado para acompanhar as últimas sopas) que já ia definhando e subitamente me lembrei das rabanadas. Por que não com pão italiano?
Achei uma "receita" (sem receita, sem medida, só os ingredientes, uó) que falava em pão italiano e vinho do Porto. Então me animei! Tenho uma garrafa inteira de Porto para usar nas receitas. Cruzando com uma receita da União, criei uma terceira:
Ingredientes (para duas fatias de pão italiano):
- duas fatias de pão italiano médias
- 1 xícara (chá) de leite
- 1/3 xícara (chá) vinho do Porto
- 1 colher (chá) de essência de baunilha
- 2 colheres (sopa) de açúcar refinado
- 1 ovo inteiro
- canela e açúcar para polvilhar
- óleo para fritura (de preferência, canola ou girassol)
Preparo:
Numa travessa funda, misture o leite, o vinho, a baunilha e o açúcar (eu acrescentei ainda um pouco de canela e penso em colocar noz moscada na próxima). Mergulhe as fatias de pão nessa mistura e deixe-as amolecendo enquanto o óleo esquenta bem em uma frigideira de bom tamanho.
Também aproveite para bater o ovo com um garfo ou fouet, como se fosse preparar uma omelete. Retire as fatias de pão, deixe escorrer um pouco do líquido e passe-as no ovo batido, dos dois lados. Coloque-as para fritar no óleo quente. Quando dourar de um lado, vire-as. Assim que os dois lados estiverem dourados, retire e coloque-as sobre papel absorvente para retirar o excesso de óleo. Passe-as para um prato e polvilhe com açúcar e canela (eu usei o açúcar que guardo com uma fava de baunilha dentro, para incrementar mais um pouco - ficou ótimo).
Ficou muito bom! Única ressalva: pães italianos que vêm previamente cortados normalmente têm fatias muito finas. O ideal é comprar um filão inteiro e cortar um pouco mais grosso, para que as rabanadas fiquem mais macias e menos oleosas.
Também já fiquei de olho na receita de pain perdu, que é feita com brioche e crème anglaise, nham! Próximos capítulos.
Hoje, que faz frio e chove, e há uma greve pela cidade, olhei para o pão italiano (comprado para acompanhar as últimas sopas) que já ia definhando e subitamente me lembrei das rabanadas. Por que não com pão italiano?
Achei uma "receita" (sem receita, sem medida, só os ingredientes, uó) que falava em pão italiano e vinho do Porto. Então me animei! Tenho uma garrafa inteira de Porto para usar nas receitas. Cruzando com uma receita da União, criei uma terceira:
Ingredientes (para duas fatias de pão italiano):
- duas fatias de pão italiano médias
- 1 xícara (chá) de leite
- 1/3 xícara (chá) vinho do Porto
- 1 colher (chá) de essência de baunilha
- 2 colheres (sopa) de açúcar refinado
- 1 ovo inteiro
- canela e açúcar para polvilhar
- óleo para fritura (de preferência, canola ou girassol)
Preparo:
Numa travessa funda, misture o leite, o vinho, a baunilha e o açúcar (eu acrescentei ainda um pouco de canela e penso em colocar noz moscada na próxima). Mergulhe as fatias de pão nessa mistura e deixe-as amolecendo enquanto o óleo esquenta bem em uma frigideira de bom tamanho.
Também aproveite para bater o ovo com um garfo ou fouet, como se fosse preparar uma omelete. Retire as fatias de pão, deixe escorrer um pouco do líquido e passe-as no ovo batido, dos dois lados. Coloque-as para fritar no óleo quente. Quando dourar de um lado, vire-as. Assim que os dois lados estiverem dourados, retire e coloque-as sobre papel absorvente para retirar o excesso de óleo. Passe-as para um prato e polvilhe com açúcar e canela (eu usei o açúcar que guardo com uma fava de baunilha dentro, para incrementar mais um pouco - ficou ótimo).
Ficou muito bom! Única ressalva: pães italianos que vêm previamente cortados normalmente têm fatias muito finas. O ideal é comprar um filão inteiro e cortar um pouco mais grosso, para que as rabanadas fiquem mais macias e menos oleosas.
Também já fiquei de olho na receita de pain perdu, que é feita com brioche e crème anglaise, nham! Próximos capítulos.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Temporada de sopas: abóbora com alecrim e queijo
Já fiz sopa de abóbora de tantos jeitos que nem sei mais qual é minha receita. Mas hoje fiz esta, com uns improvisos que deram supercerto.
Eu peguei uma receita do Panelinha de sopa de abóbora japonesa com alecrim, que já havia feito. Como ando muito atrevida na cozinha, acabei colocando muito mais creme de leite do que a receita pedia, e a sopa ficou muito "leitosa". Acabei então colocando uns pedaços de queijo frescal e um pouco de requeijão que tinha na geladeira. Salsinha, pimenta, sal. E ficou uma delícia! A receita final é assim, com improviso e tudo:
Ingredientes:
- 500g de abóbora cabotchá descascada
- 2 ramos de alecrim
- 2 colheres (sopa) de salsinha picada
- 1 cubinho de caldo de galinha
- 150g de creme de leite
- 1 colher (sopa) de requeijão
- 2 colheres (sopa) de queijo frescal cortado em cubos
- salsinha para enfeitar
Preparo:
Cozinhe em 1 litro de água a abóbora com o cubinho de caldo de galinha e os ramos de alecrim. Quando a abóbora estiver cozida, retire os ramos de alecrim, mas não descarte a água do caldo. Passe a abóbora com cerca de 2 xícaras de chá do caldo para o liquidificador, acrescente o creme de leite e bata a mistura. Em seguida, coloque tudo de volta na panela para engrossar um pouco. Acrescente os cubinhos de queijo, o requeijão e salsinha picada e mexa por cerca de 5 minutos ou até que a sopa esteja com aspecto homogêneo. Enfeite com um ramo de salsinha e sirva.
Eu peguei uma receita do Panelinha de sopa de abóbora japonesa com alecrim, que já havia feito. Como ando muito atrevida na cozinha, acabei colocando muito mais creme de leite do que a receita pedia, e a sopa ficou muito "leitosa". Acabei então colocando uns pedaços de queijo frescal e um pouco de requeijão que tinha na geladeira. Salsinha, pimenta, sal. E ficou uma delícia! A receita final é assim, com improviso e tudo:
Ingredientes:
- 500g de abóbora cabotchá descascada
- 2 ramos de alecrim
- 2 colheres (sopa) de salsinha picada
- 1 cubinho de caldo de galinha
- 150g de creme de leite
- 1 colher (sopa) de requeijão
- 2 colheres (sopa) de queijo frescal cortado em cubos
- salsinha para enfeitar
Preparo:
Cozinhe em 1 litro de água a abóbora com o cubinho de caldo de galinha e os ramos de alecrim. Quando a abóbora estiver cozida, retire os ramos de alecrim, mas não descarte a água do caldo. Passe a abóbora com cerca de 2 xícaras de chá do caldo para o liquidificador, acrescente o creme de leite e bata a mistura. Em seguida, coloque tudo de volta na panela para engrossar um pouco. Acrescente os cubinhos de queijo, o requeijão e salsinha picada e mexa por cerca de 5 minutos ou até que a sopa esteja com aspecto homogêneo. Enfeite com um ramo de salsinha e sirva.
domingo, 1 de junho de 2014
Temporada de sopas: caldo verde
Se o inverno seguir a lógica do outono, o frio vai ser intenso! Eu, que não curto bichinhos com roupas, até improvisei com um par de meias blusinhas para os bichanos diante do frio dos últimos dias (foi bem engraçado vê-los andando de ré, e me senti mais tranquila de eles ficarem mais quentinhos, embora não tenham curtido muito as vestes novas).
Hoje, para me aquecer, resolvi fazer caldo verde, pela primeira vez. Aproveitei uma dica de uma vendedora da Daiso, de colocar um pouco de mandioquinha, e ainda dei mais uma engordada na receita. Ficou uma delícia! A receita que fiz deu duas cumbucas como a da foto. Dá pra substituir a mandioquinha por mais uma batata (que é a receita típica), e o paio por linguiça portuguesa.
Ingredientes:
- 3 batatas médias
- 1 mandioquinha
- 1 cubo de caldo de galinha
- 1 xícara de couve-manteiga picada
- 1 paio cortado em cubos
- 1 tira fina de bacon cortada em cubos (mais ou menos 1 colher de sopa)
- sal a gosto
- azeite
Preparo:
Cozinhe as batatas e a mandioquinha em água com sal e um fio de azeite (eu acrescentei a mandioquinha um pouco depois, pois ela cozinha mais rápido). Quando estavam quase no ponto (quando o garfo consegue furá-las facilmente), acrescentei o cubo de caldo de galinha. Bata no liquidificador com um pouco do caldo e reserve.
Frite o bacon numa frigideira média; quando dourar um pouco, acrescente o paio picado. Doure mais um pouco e retire da frigideira. No próprio óleo deixado pela fritura, "assuste" a couve picada. Reserve.
Leve ao fogo o caldo para engrossar um pouco. Acrescente o paio e mexa por uns 5 minutos. Ao final, acrescente a couve, mexa um pouco mais e então desligue.
Deite um fio de azeite sobre o caldo e sirva com fatias de pão italiano e um bom vinho.
Ingredientes:
- 3 batatas médias
- 1 mandioquinha
- 1 cubo de caldo de galinha
- 1 xícara de couve-manteiga picada
- 1 paio cortado em cubos
- 1 tira fina de bacon cortada em cubos (mais ou menos 1 colher de sopa)
- sal a gosto
- azeite
Preparo:
Cozinhe as batatas e a mandioquinha em água com sal e um fio de azeite (eu acrescentei a mandioquinha um pouco depois, pois ela cozinha mais rápido). Quando estavam quase no ponto (quando o garfo consegue furá-las facilmente), acrescentei o cubo de caldo de galinha. Bata no liquidificador com um pouco do caldo e reserve.
Frite o bacon numa frigideira média; quando dourar um pouco, acrescente o paio picado. Doure mais um pouco e retire da frigideira. No próprio óleo deixado pela fritura, "assuste" a couve picada. Reserve.
Leve ao fogo o caldo para engrossar um pouco. Acrescente o paio e mexa por uns 5 minutos. Ao final, acrescente a couve, mexa um pouco mais e então desligue.
Deite um fio de azeite sobre o caldo e sirva com fatias de pão italiano e um bom vinho.
terça-feira, 20 de maio de 2014
Relações holográficas versus mãos dadas
Falamos muito das relações virtuais, como podem ser enganadoras, mas como são "reais" apesar de tudo, pois são boa parte do que vivenciamos hoje, queiramos ou não, em maior ou menor grau.
Pois outro dia me peguei pensando em algumas relações holográficas que já tive, e tenho. Talvez a diferença com uma relação virtual seja muito sutil, mas a que estou chamando de holográfica me parece mais enganosa, parece colocar ao alcance de nossas mãos algo que não está lá, embora pareça estar. Quem sabe a relação virtual seja quase o contrário disso: parece que não se está lá, pois normalmente não se vê, mas está. Pelo menos naquele momento, diante de um computador, mesmo que do outro lado da cidade ou até do mundo, alguém está ali por você.
Do outro lado, com exceção dos filmes de ficção científica e de um ou outro avanço despirocado no Japão, a holografia é normalmente produto de um passado: algo foi filmado em outro tempo e projetado então para parecer hoje, agora. Assim, portanto, são as relações "holográficas": aquilo já foi, "já era", é só projeção de um passado que não se deseja abandonar. Mas praticamente já não está ali - quando tentamos tocar, as mãos encontram o vazio. E a gente acorda, estremunhada. Sem surpresa, a gente sofre.
Alguém pode argumentar que o toque, a carne (normalmente muito valorizados) nessas relações são reais. Mas vejam que ironia: mesmo no caso dos relacionamentos afetivos, um e outro são só imagem, cobertura. É a essência, tão impalpável, que torna concretos e verdadeiros os afetos. Por isso é que, diante de uma pessoa querida que morreu, já não reconhecemos quem ali jaz - o que nos fazia reconhecer um ao outro se foi, deixou o invólucro. Invisível e, mesmo assim, fundamental. E ficamos assombrados com o corpo que ainda existe por algum tempo e que já não nos diz nenhum respeito. Ficamos pasmos com a força do invisível, que nos fez amar aquela pessoa e que partiu, levando o mais importante daquela existência.
Parece que estou fugindo do assunto, mas a viagem é uma só: o querer ser feliz com o outro, o outro querer ser feliz com a gente como algo de fato concreto. Vi há pouco uns cartuns dos Peanuts em que o Charles Schultz mostra seu conceito de amor (amplo como deve ser). Ai de mim que sou romântica: chorei ao ver um que dizia "Amar é caminhar de mãos dadas". Um dia desses comentei com uma amiga que quero um parceiro que ainda caminhe de mãos dadas comigo quando formos velhinhos. Acho que as mãos dadas são um símbolo desse afeto que vence as relações virtuais e holográficas - são o contato pele a pele que mais se conecta com a essência de ambos, na minha modesta opinião. Mais que o sexo, sem dúvida, cujo destino é morrer. Porque as mãos dadas selam uma espécie de pacto, um "estou contigo, ao seu lado, stand by me". Como diz Mario Benedetti, no seu poema musicado e depois cantado pela Alaíde Costa: "En la calle, codo a codo/Somos mucho más que dos". Como pede também Drummond, que não nos afastemos muito: "vamos de mãos dadas".
E pensar que a distância entre a ilusão e a verdade pode ser vencida por um gesto tão simples, tão ao alcance... das mãos.
Pois outro dia me peguei pensando em algumas relações holográficas que já tive, e tenho. Talvez a diferença com uma relação virtual seja muito sutil, mas a que estou chamando de holográfica me parece mais enganosa, parece colocar ao alcance de nossas mãos algo que não está lá, embora pareça estar. Quem sabe a relação virtual seja quase o contrário disso: parece que não se está lá, pois normalmente não se vê, mas está. Pelo menos naquele momento, diante de um computador, mesmo que do outro lado da cidade ou até do mundo, alguém está ali por você.
Do outro lado, com exceção dos filmes de ficção científica e de um ou outro avanço despirocado no Japão, a holografia é normalmente produto de um passado: algo foi filmado em outro tempo e projetado então para parecer hoje, agora. Assim, portanto, são as relações "holográficas": aquilo já foi, "já era", é só projeção de um passado que não se deseja abandonar. Mas praticamente já não está ali - quando tentamos tocar, as mãos encontram o vazio. E a gente acorda, estremunhada. Sem surpresa, a gente sofre.
Alguém pode argumentar que o toque, a carne (normalmente muito valorizados) nessas relações são reais. Mas vejam que ironia: mesmo no caso dos relacionamentos afetivos, um e outro são só imagem, cobertura. É a essência, tão impalpável, que torna concretos e verdadeiros os afetos. Por isso é que, diante de uma pessoa querida que morreu, já não reconhecemos quem ali jaz - o que nos fazia reconhecer um ao outro se foi, deixou o invólucro. Invisível e, mesmo assim, fundamental. E ficamos assombrados com o corpo que ainda existe por algum tempo e que já não nos diz nenhum respeito. Ficamos pasmos com a força do invisível, que nos fez amar aquela pessoa e que partiu, levando o mais importante daquela existência.
Parece que estou fugindo do assunto, mas a viagem é uma só: o querer ser feliz com o outro, o outro querer ser feliz com a gente como algo de fato concreto. Vi há pouco uns cartuns dos Peanuts em que o Charles Schultz mostra seu conceito de amor (amplo como deve ser). Ai de mim que sou romântica: chorei ao ver um que dizia "Amar é caminhar de mãos dadas". Um dia desses comentei com uma amiga que quero um parceiro que ainda caminhe de mãos dadas comigo quando formos velhinhos. Acho que as mãos dadas são um símbolo desse afeto que vence as relações virtuais e holográficas - são o contato pele a pele que mais se conecta com a essência de ambos, na minha modesta opinião. Mais que o sexo, sem dúvida, cujo destino é morrer. Porque as mãos dadas selam uma espécie de pacto, um "estou contigo, ao seu lado, stand by me". Como diz Mario Benedetti, no seu poema musicado e depois cantado pela Alaíde Costa: "En la calle, codo a codo/Somos mucho más que dos". Como pede também Drummond, que não nos afastemos muito: "vamos de mãos dadas".
E pensar que a distância entre a ilusão e a verdade pode ser vencida por um gesto tão simples, tão ao alcance... das mãos.
domingo, 4 de maio de 2014
Amores que se escolhem
O fato é que eu queria um gatinho só, mas a cuidadora, Carol, não queria separar os dois irmãos grudados, que ela chamava de Tico e Teco. Combinamos fazer um test-drive pra ver se eu me adaptava - não só porque nunca tive gato, mas porque desconfio fortemente que sou alérgica à saliva dos bichanos.
Para incrementar o quadro, eles chegaram numa época de estiagem, fatal para os alérgicos como eu. À minha crise de rinite seguida de sinusite emendou-se uma gripe. E por isso tudo a casinha deles fica na varanda. Acesso negado, claro, ao meu quarto (até porque, embora respeite quem faça isso, acho que cada um no seu quadrado é ótimo, bichos de um lado, humanos de outro).
E assim é: devemos ficar juntos, a menos que a vida nos separe, por uns bons 15 anos. Imagino uma vida mais livre para eles também daqui a pouco, quando eu tiver um cantinho mais com minha cara, uma vida mais a ver comigo. Pretendo continuar viajando, mas agora somos três. Nada disso me assusta, porém. Resolvi enfrentar a alergia por eles, mas principalmente por mim, que quero poder respirar com toda força dos meus pulmões.
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sábado, 3 de maio de 2014
Cozinha alquímica
Cozinhar é mais que prazer e terapia, é alquimia. Sinto uma alegria enorme quando algo que fiz fica bom e agrada o meu paladar e o dos convivas, especialmente as receitas que faço pela primeira vez.
Em compensação, fico estupefata quando algo cuja receita segui à risca não dá certo - foi assim com o promissor crème brûlée que fiz outro dia. O sabor tinha ficado perfeito, mas ele simplesmente não assou: sob uma camada um pouco mais firme, ele continuou líquido mesmo após 1 hora de forno. Ainda tentei trapacear, voltando o líquido para uma panela e acrescentando 1 colher de amido de milho, mas a receita se perdeu, até o gosto da baunilha desapareceu. Incroyable!
No mesmo dia, testei uma receita de boeuf bourguignon do Claude Troisgros, que leva um pouco de chocolate meio amargo. Alegria, alegria! Ficou perfeita (nem deu tempo de fotografar). Não foi a primeira vez que fiz o boeuf bourguignon, mas amei poder usar a panela de pressão e ter uma carne maciíssima em vez de ficar 3 horas cozinhando - tudo bem que adoro a ideia de volta às origens e sonho com meu fogão à lenha em algum lugar deste mundo, mas também sou uma mulher prática (aliás, minha vida mudou quando investi numa panela de pressão com válvula de segurança).
Outro dia ainda, fiz uma moqueca e saiu maravilhosa. Não é difícil, mas é aquela história de entender a receita, descobrir as particularidades dos ingredientes - camarão, por exemplo, emborracha quando cozinha demais.
Assim, de descoberta em descoberta, faz-se a cozinha. No caso dos experimentos de confeitaria, vi que o Fermix da Dona Benta é uma porcaria e que a manteiga Ambassador da Président é muito ruim pra cozinhar, pior que margarina nacional comum. Só sei porque usei. Aprendi truques no curso da EduK com a maravilhosa Carole Crema, chef pâtissier e dona do La Vie en Douce. E estou ansiosa para testar tudo, e aprender, aprender.
Atrevimento certeiro: moqueca
Tiro n'água: crème brûlée frustrado
Em compensação, fico estupefata quando algo cuja receita segui à risca não dá certo - foi assim com o promissor crème brûlée que fiz outro dia. O sabor tinha ficado perfeito, mas ele simplesmente não assou: sob uma camada um pouco mais firme, ele continuou líquido mesmo após 1 hora de forno. Ainda tentei trapacear, voltando o líquido para uma panela e acrescentando 1 colher de amido de milho, mas a receita se perdeu, até o gosto da baunilha desapareceu. Incroyable!
No mesmo dia, testei uma receita de boeuf bourguignon do Claude Troisgros, que leva um pouco de chocolate meio amargo. Alegria, alegria! Ficou perfeita (nem deu tempo de fotografar). Não foi a primeira vez que fiz o boeuf bourguignon, mas amei poder usar a panela de pressão e ter uma carne maciíssima em vez de ficar 3 horas cozinhando - tudo bem que adoro a ideia de volta às origens e sonho com meu fogão à lenha em algum lugar deste mundo, mas também sou uma mulher prática (aliás, minha vida mudou quando investi numa panela de pressão com válvula de segurança).
Outro dia ainda, fiz uma moqueca e saiu maravilhosa. Não é difícil, mas é aquela história de entender a receita, descobrir as particularidades dos ingredientes - camarão, por exemplo, emborracha quando cozinha demais.
Assim, de descoberta em descoberta, faz-se a cozinha. No caso dos experimentos de confeitaria, vi que o Fermix da Dona Benta é uma porcaria e que a manteiga Ambassador da Président é muito ruim pra cozinhar, pior que margarina nacional comum. Só sei porque usei. Aprendi truques no curso da EduK com a maravilhosa Carole Crema, chef pâtissier e dona do La Vie en Douce. E estou ansiosa para testar tudo, e aprender, aprender.
Atrevimento certeiro: moqueca
Tiro n'água: crème brûlée frustrado
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