domingo, 25 de dezembro de 2022

Dezembro em imagens

Dezembro. Teste de covid, graviola gigante, pets, carne de sol delícia, infalível pesto de castanha de caju, pizza de burrata copiada da 7 Pizzas, chocolates Monjolo, cinnamon rolls de Natal.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Cropped

A primeira vez que li essa expressão "bota uma cropped e vai" (podia ser "vai malhar", "vai ser feliz", "vai ganhar o mundo", qualquer coisa positiva), não me identifiquei com a ideia. Até pouco tempo, ainda estava (embora cada vez menos) presa à ideia de uma vestimenta adequada a uma idade, mesmo achando (cada vez mais) que cada um tem direito de usar o que quiser. Ou seja, achava que uma blusa cropped não era para mim - aliás, nunca foi, nunca fui de mostrar a barriga ou mais pele do que braços e pernas, a menos que estivesse de biquíni. 
Porém, graças a tantas e tantas mulheres, influenciadoras ou não, que têm se mostrado do jeito que querem, com o corpo que têm, com a idade que têm, os ares da liberdade de ser estão em toda parte, e quero crer que seja um processo irreversível, mesmo com toda intolerância que grita contra. Ao mesmo tempo, tenho aprendido, aos 50, a vestir-me não para disfarçar "defeitos" mas para realçar aquilo de que mais gosto em mim - e tenho aprendido a gostar de cada vez mais coisas. Entonces, eu, que morro de calor, resolvi comprar blusas para malhar que ficam na cintura, e tops que deixam, sim, parte da barriga de fora. E amei, me senti fresca e linda, envolvida numa felicidade libertadora. 
Daí entendi o que queria dizer esse apelo de botar a cropped e ir por aí. Nada mais do que ser feliz sendo o que se é. Gostar de quem se é. Eu ando gostando, como nunca gostei. Ando me vendo, como nunca me vi, e gostando do que vejo. E uso cropped sem pedir permissão a ninguém. 

Comprar de mulheres

Cada vez mais compro de mulheres, e quase que exclusivamente de mulheres. Isso significa que também tenho comprado cada vez mais dos pequenos negócios. Isso serve para tudo: roupas, produtos de beleza, utilidades, sapatos, agenda, comida, chocolate. Talvez não se aplique somente a medicamentos, ainda dominados pela grande indústria. E pneu de bicicleta, coisas assim.
Comprar de mulheres não é só apoiar quem ainda não encontra o espaço merecido no mercado de trabalho, que não tem como encontrar emprego formal porque precisa cuidar da família, que se vira nos 30 em criatividade para sobreviver. Comprar de mulheres é receber em troca produtos pensados a fundo por quem entende de cuidados, receber, sempre, cartinhas lindas e carinhosas e agradecidas escritas à mão (pena eu não ter guardado as cartinhas, tamanho o volume que se formou), muitas vezes com pequenos mimos, um cheirinho, uma folha de papel de seda envolvendo a peça, um frasquinho de álcool gel, um bombom! Para citar exemplos das duas últimas compras: recebi, junto com meu planner da _cincofolhas, calendário, bloco de post-it, marcador, chaveiro, e presilhas e flores de lã perfumadas, acompanhando shorts da Augusta 75, além das infalíveis cartinhas. Mesmo quando se trata de uma empresa maior, como a Calma São Paulo, a Kelly Kim também tem esse cuidado com embalagens lindas e recados personalizados. 
Já comprei também de homens na condição de pequenos empresários e nunca vi essa atitude - entregam o produto, e pronto. As mulheres, via de regra, trabalham de forma mais atenciosa, enquanto equilibram pratos, ficam de olho nas crias, respondem a mensagens de clientes, da escola das crianças, da família, pensam no que haverá em cada refeição, colocam roupa para lavar, organizam a rotina doméstica, financeira e profissional, muitas vezes enquanto ajudam os parceiros em seu trabalho de forma mais direta. E ainda são cobradas quanto a manter a boa forma, o desejo sexual, a simpatia etc. etc. Isso para não dizer que as mulheres são mais preocupadas com os destinos do planeta, com o que colocam no prato, seu e dos filhos, com testes feitos em animais, com trabalho escravo, com a luta pela democracia e contra a injustiça. 
Compro de mulheres porque isso ajuda a todas nós perceber que temos toda condição de mudar a ordem das coisas, de uma maneira justa (portanto coletiva), afetuosa e perene. 

sábado, 19 de novembro de 2022

Belezuras de design e ilustração


Dois lindos exemplos: envelope de presente de livros da Editora Carochinha e papel de seda para embrulhar as lindas peças da Duas, moda autoral de Recife. De inspirar a gente. 

Semifredo de amendoim, leite de coco e chocolate

Receita da Dani Noce. Não muito doce, bem saboroso. 

domingo, 6 de novembro de 2022

Cinnamon rolls e ambrosia acidental

Esses dias repeti duas receitas: cinnamon rolls e ambrosia. 
Quando fiz o cinnamon rolls, há 4 anos, não ficou tão bom, deu uma queimadinha e tals - marido nem lembrava que eu já tinha feito, pra ver o sucesso que foi. Desta vez, ficou maravilhoso (e a receita é exatamente a mesma, mas executada com mais atenção). 
Já a ambrosia, desta vez foi um acidente. Estava fazendo, com toda paciência, uma crema catalana pro jantar, mexendo no banho-maria, certinho. Mas, como marido se ofereceu para fazer o ragu que cobriria a polenta, e eu não podia perder essa oportunidade de ele cozinhar pra mim, resolvi apressar o processo, mesmo com uma vozinha gritando que ia talhar, e quis terminar o espessamento na panela direto sobre o fogo. Claro que talhou. Óbvio! Tem limão, né? Mas daí, talvez a mesma vozinha ajudando, me lembrei de que os ingredientes são quase os mesmos da ambrosia. Coloquei umas gotas de limão a mais, e deixei no fogo até espessar os gruminhos. E deu super certo.  

sábado, 5 de novembro de 2022

Consciência de classe, consciência de si

Tenho tido muita preguiça de escrever. Preguiça não - uma espécie de paralisia estupefata. Com tudo que temos vivido nos últimos 4 anos, e muito piorado neste ano, quem é contra a injustiça teve que levantar a cabeça muito mais vezes para respirar. 
Mas não hoje. Dia 30 foi dia de eleição, do nosso sagrado direito e dever democrático de votar, de dizer nas urnas que não queríamos um fascista no poder. Que queremos uma vida melhor para todos. Hoje o fôlego tem de ser enorme e coletivo. Porque vencemos. Pudemos, depois de tantos anos, gritar a plenos pulmões o nosso alívio.
Foi por pouco, o que não invalida a vitória, mas acende o alerta. Já devo ter dito isso, mas repito como me espanta que as pessoas não privilegiadas votem no genocida. Desde a moça que vende Hinode e replica fake news sobre o governo de esquerda que certamente a beneficiou de algum modo, ao ex-colega de Federal que é umbandista e publica que agora os brasileiros terão de comer carne de cachorro com o governo do PT reeleito, passando por muitas variações de falas insanas vindas de membros de classes não favorecidas. Muita gente enganada pela falácia do pseudoempreendedorismo, da defesa da religião e do moralismo, querendo igualar-se à verdadeira elite do país, buscando pontos em comum e, na verdade, reproduzindo um discurso preconceituoso em todos os aspectos, contra negros, pobres, mulheres, LGBT, nordestinos, artistas, professores. Mas também muita gente que só esperava que aparecesse alguém que dissesse exatamente o que essa turba pensa, e aí temos mesmo uma falha de caráter. 
Não elenco aqui a elite desejosa de manter seus privilégios coloniais, mas os servis, os enganados e os cruéis de diversas classes, que ajudaram a engrossar esse caldo de vilania que nos acanhou e violentou todos esses anos. Essa turba que, logo após o resultado suado do domingo, mesmo com todas as tentativas de fraude e com o uso desavergonhado da máquina pública, saiu às ruas para protestar contra a democracia e pedir intervenção militar. Esses desfavorecidos iludidos é que me espantam muito mais pois não têm consciência da classe a que pertencem, não têm, portanto, consciência de quem são. Não podemos tirar o mérito do capitalismo e do ultraliberalismo, que ajudaram a cimentar as ilusões de consumo que prendem essas pessoas à caverna obscurantista, anulando a real percepção de si - e, no caso do que temos visto depois de domingo, do ridículo a que se têm sujeitado. 
A luta será contínua, para não permitir que o fascismo se instale novamente. Deveríamos seguir o exemplo da Argentina, que alimenta continuamente sua memória, sua consciência de si, negando-se a esquecer o passado, como no ótimo Argentina, 1985, com o querido Darín, sobre o julgamento dos comandantes da ditadura. E como disse uma pastora querida que conheci na minha época de igreja - uma das pessoas mais lúcidas naquele contexto -, só quem não se esquece de onde veio sabe aonde quer chegar. 
Porque sabemos quem somos, sabemos com quem queremos estar e com quem podemos contar. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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