sexta-feira, 21 de maio de 2010

Gentileza alumbradora

Nestes tempos escuros, em que a sem-gracez impera, um gesto de gentileza alumbra como um farol. Dia desses mesmo, no supermercado, uma senhora que aguardava o marido pagar as compras ajudou-me a embalar as minhas. Sem dizer nada, assim sem mais. Talvez nem tenha entendido minha surpresa e o agradecimento triplo.
O melhor de tudo foi que isso me fez lembrar de outras situações similares (que não são assim tão numerosas, mas são sempre marcantes). E aí reincidi na minha fé no ser humano. Bom, muito bom!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Procura-se Pai Arnapio!


Gente, procura-se o Pai Arnapio U-R-G-E-N-T-E!
Alguém tem o telefone desse conselheiro-curandeiro-sábio-advogado? Se tiver, por favor, me informe. Pai Arnapio já tem uma legião de seguidores somente à espera de seus milagres, ávidos por seus conselhos e mandingas. Quem sabe conseguiremos fazer uma vaquinha e até pagar a recompensa a quem achar o "wanted".
Aliás, um pouco mais e esse cara pode se candidatar a senador - porque vereador ele, que não pode ser bobo nem nada, talvez já seja!

sábado, 15 de maio de 2010

O assunto da vez

O bullying afinal estampa as capas de revistas, páginas de jornais, os noticiários. Como no caso do garoto de Porto Alegre que foi morto na última semana, por ser grande e gordo, alguém fora dos supostos padrões de aceitação social. Mais um crime sem justificativa além da do preconceito, por si só algo injustificável.
O verbo to bully significa "atemorizar ou ferir alguém mais fraco", "obrigar alguém a fazer algo por medo". O bullying é, portanto, o constrangimento finalmente institucionalizado. Sim, porque ele sempre existiu, na forma da intolerância - étnica, religiosa, sexual, de gênero. Ao longo do tempo, uma prática sempre abominável de todos os que se sentem ameaçados pelo diferente.
É preciso, porém, tomar cuidado com o termo e todas as extensões semânticas que ele acarreta. Uma coisa é fazer piada com ele, atribuindo-lhe deliberadamente sentidos absurdos para dessignificá-lo (o que não quer dizer, de maneira alguma, ignorar a dimensão do problema, que precisa mais e mais ser combatido); outra, completamente diferente, é espalhar sentidos que ele não tem só para fazê-lo caber em qualquer situação (como o chatíssimo politicamente correto). Aí não, cocada!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Quando o sonho vence a intolerância

Li "O diário de Anne Frank" muito molecota; já nem me lembrava da personalidade madura e até ranzinza da menina-autora. Minha amiga Adriana Rachman é que trouxe à memória o relato da garota judia que viveu anos com sua família num porão, escondendo-se dos nazistas. Deu-me até vontade de reler o livro, especialmente as passagens tocantes e tristes que falam do sonho de Anne de se tornar escritora - o que, de fato, não pelas vias normais, aconteceu. O mais bacana disso tudo foi assistir ao vídeo que mostra a exposição sobre Anne Frank, produzida pelo Instituto Plataforma Brasil nos CEUs e que vai ganhar um espaço na Av. Paulista também. Na exposição nos CEUs, é feita uma relação entre os sofrimentos da jovem judia e os dos jovens que vivem na periferia das grandes cidades. As monitoras, meninas fofas da própria comunidade, foram preparadas pela Adriana - que está merecidamente encontrando lugar entre pessoas legais, a quem pode mostrar seu ótimo trabalho.

Vejam o vídeo no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=WQQJ8fbIxPw

O lugar das unhas coloridas ao sol

Aha! Poucas semanas depois do meu post sobre as unhas amarelas, eis que surge Glorinha Kalil comentando a "moda das unhas coloridas" - não é que a mulherada usar amarelo, azul, verde e laranja nas unhas pegou? Conservadores de plantão, tremeis!

domingo, 14 de março de 2010

A magia pop do karaokê


Podem falar o que quiserem - que é brega, anti-intelectual, esquisito etc. Mas só quem vai a um karaokê para ter uma ideia precisa da magia que se opera nesse lugar. Karaokê é pop, algo quase visceral. Pessoas quietinhas se soltam com o microfone nas mãos. Mesmo não havendo palco, o palco está ali, espiritualizado, fazendo dos tímidos e não tímidos estrelas musicais.
Tal transformação é ainda mais inevitável quando se opta pelos boxes, ou seja, pelo aluguel de uma sala fechada apenas para os amigos, com sistema de som próprio, sofazinhos e uma mesa ao centro para os comes e bebes, que podem ser parte de um pacote previamente fechado. Quem já foi ao karaokê mais tradicional, aberto a todos, com fila, disputa com cantores profissionais e exposição a um público muitas vezes exigente, como o da Chopperia Liberdade, vai preferir o aconchego do boxe repleto de amigos compreensivos, de afinação variada. Ah, sim: isso se, mesmo achando brega, anti-intelectual e esquisito, pagar para ver.
Um dos karaokês que funciona somente com sistema de boxe é o Karaokê Box Kampai, na Av. Liberdade, 638. Ainda que faça isso somente uma vez na sua vida, junte uma turma legal e pague para ver. Se ao final você não tiver achado tão divertido, as testemunhas do mico ao menos serão poucas e bem selecionadas...

domingo, 7 de março de 2010

Oficina Escola de Lutheria da Amazônia

Estava aqui relendo alguns cadernos de viagem e percebi que já devia ter postado algo sobre o projeto da Oela - Oficina Escola de Lutheria da Amazonia, que não por acaso está na lista do Tudo de bão.
Quando fui finalmente à Amazônia, troquei a viagem de barco, que duraria quatro dias, de Manaus a Belém, por visitas às comunidades locais. Não as comunidades indígenas, mas as urbanas, na periferia das capitais. O projeto da Oela fica numa dessas comunidades, uma invasão, o bairro Zumbi II, em Manaus. Foi o lugar escolhido por Rubens Gomes, professor, músico e luthier, para morar e criar uma escola de lutheria para meninos e meninas pobres.
Normalmente, quando se fala em terceiro setor, tudo parece muito bonito no início e pode nos decepcionar em seguida. Não é o que acontece na Oela. Embora já tenham recebido muitos prêmios e alcançado reconhecimento de órgãos bastante importantes - Unicef, Ashoka, FSC, só para citar alguns -, a Oela e seu pessoal têm um ar de paixão recente. Sabe como é? Tudo é novo, tudo é belo, tudo faz sentido. Mesmo com mais de uma década de existência.
Meninos e meninas constroem seus próprios instrumentos e produzem outros instrumentos para seu ganha-pão, sem atravessadores. Têm aulas de música, informática, educação ambiental. Parecem felizes, à vontade, zelosos daquele lugar que conquistaram. Desfilam aquele orgulho bom de quem descobriu ser alguém. Os funcionários da Oela também mostram amor por aquilo que fazem, como a alagoana Charlene.
Rubens faz questão de ainda morar por lá - como o número de alunos aumentou, teve de mudar para outra casa, na mesma rua. O caboclo alto de fala mansa me recebeu com carinho, partilhou seu almoço e um pouco da sua música, tirada de um violão Manaós - marca dos instrumentos fabricados pela Oela. E me fez acreditar ainda mais na efetividade das boas ideias quando em consonância com a essência de quem as leva a termo.
Para saber mais sobre os projetos desenvolvidos pela Oela, acesse http://www.oela.org.br/. E apaixone-se você também.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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