segunda-feira, 5 de junho de 2017

Turistando na terra natal

 Eu tinha que ir a São Paulo para uma reunião de trabalho. Como a passagem está muito cara, resolvi aproveitar para resolver questões pessoais, rever alguns amigos e, se possível, fazer um curso curto. Claro que carreguei Frodo para continuar trabalhando - eu só não contava com a sinusite que me saudou quase de cara (com a amplitude térmica paulistana de cerca de 10 graus) e atrapalhou um pouco meus planos. Também não esperava ir trabalhar na Mario de Andrade e descobrir que tiraram as tomadas para computadores! Jeito Doriana de administrar.
Assim que embarquei no avião, de madrugada, perdi meu RG. Bestamente - sumiu, desapareceu, caiu da minha mão e ninguém viu. Ainda dei sorte de ter embarcado e só depois ter perdido o documento. Já fiquei com olhos esbugalhados, pensando nas providências urgentes que teria de tomar em vez de tirar um cochilo no voo de 3 horas até São Paulo. De fato, desembarquei, deixei a mala no flat e fui correndo ao Poupatempo, fazer boletim de ocorrência e agendar uma data para tirar nova via do RG. Depois, tentei ir resolver questões bancárias, e num deles não consegui justamente por falta do bendito documento, embora eu tivesse todos os demais necessários.
Apesar do perrengue, ainda consegui tomar um café regado de conversa e arte (inclusive na espuma do capuccino!) com minha hermana Tamis (a foto antecede a visita ao cabeleireiro). Dessas coisas que são típicas em Sampa - como os quitutes comprados no supermercado, que incluíram um chocolate perfumado com camomila, bom. 
Pela primeira vez, turistei em Sampa. Estava tão reencantada com algumas coisas que essa energia deve ter atingido as pessoas com quem falava e elas me devolviam tudo em forma de gentileza. Mas já comecei a ter brancos no meu banco de dados paulistano - entrei de súbito em um ônibus para depois ficar em dúvida se aquele passava em determinado lugar. Tive de pedir informação para uma moça (que depois se revelou testemunha de Jeová e me deu uma revistinha). Nunca pensei que me aconteceria (pane no banco de dados), mas.
Passei em frente à Japan House, com sua linda fachada de bambus, no início da Paulista. Impossível entrar, com a fila de 7 mil pessoas (não ao mesmo tempo, claro). Minha mãe ficou aguada para fazer a visita, ainda mais com tantos japinhas na fila, mas disse a ela que, no seu caso, era só tomar o metrô um outro dia para conhecer o espaço. Para mim, fica para a próxima.
Consegui comer hambúrguer do Sujinho com Kelly e Edu, queridos que não via desde a minha mudança para cá. Fui visitar Marisa e suas duas filhotas, Guadalupe (uma Golden louquésima) e Filó (frajolinha escaladora de convidados). Tomei café no Girondino com meu tricoteiro favorito, Má, que me deu uma de suas criações maravilhosamente singelas, o cacto. Também vi Lu, amiga do coração, na Gita. Encontrei Li e sua família linda (e pensar que carreguei aquelas três moçoilas no colo!), numa cantina ótima, La Pergoletta, apesar dos olhinhos revirantes da hostess. E, claro, fiquei na casa dos amados Wagninho e Welli, sempre perfeitos anfitriões (e não podia deixar de ir à zona cerealista com Wagninho) - nós três sinusitosos.
Tive minhas reuniões de trabalho, trabalhei o quanto pude. E, por fim, fui fazer um curso de pães. Caraca! Ótimo! Nossa turma era supertagarela, e quase enlouquecemos o professor, Elias, mas ele foi muito competente na transmissão do que sabia. Foram quase 30 pães, feitos de forma intensa em poucos dias (inclusive com saídas minhas para ir atrás de documentos e bancos). A coisa mais engraçada que aconteceu foi ouvir de um colega que sou "masterchef", porque "sabia um pouco de tudo" (ele me via conversando com todo mundo sobre qualquer coisa de cozinha; uma diversão pra mim, sempre, ouvir e compartilhar dicas de culinária). 
A questão agora é praticar o aprendido, rotineiramente. Quase do mesmo modo que acontece com a bike, vem aquela vontade de comprar acessórios relacionados a padaria, valha-me Deus!
Isso para não falar das ideias que chegam, da necessidade de organizá-las para que as coisas aconteçam não no momento perfeito, que não existe, mas oportunamente

domingo, 4 de junho de 2017

Pães e integração


Hoje fui a um evento sobre equilíbrio emocional, dirigido por uma companheira de pilates, Emília. Resolvi levar uns pães, não só para colaborar com o coffee break mas também para testar os paladares alheios. Fiz pães delícia e tortano - ficaram bons, mas ficariam melhores se eu tivesse tido mais tempo para preparar: acabei de assar os pães delícia à 1h30!
Nem preciso dizer que o tortano fez o maior sucesso - até o pão delícia teve mais público que o congênere de padaria que alguém levou. Um retorno muito bom para quem está se iniciando na padaria.
Quanto à palestra em si, foi ótima. A linha seguida por Emília foi da programação neurolinguística, mas tudo ali era facilmente transponível para a psicologia analítica. Que bacana ver a entrega de todo mundo ali - desde terem comparecido em bom número apesar da chuva que desabou pouco antes do início da palestra, a terem montado uma mesa linda de café e, principalmente, participado abertamente das dinâmicas. Me emocionei também ao lembrar de coisas pelas quais agradecer.
Gostei muito desse compartilhar do pão, dos afetos e das experiências, ainda que silenciosamente. A alma, alimentada, agradece.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Cookies de aveia e cacau com gotas de chocolate

Em termos de aparência, os cookies rechonchudos me enchem mais os olhos, como o de chocolate e avelã que fiz outro dia. Mas, em termos de sabor, este de aveia e cacau com gotas de chocolate meio amargo ficou muito melhor. Ainda ficou com a consistência puxa-puxa maravilhosa dos bons cookies.
Estava em busca de uma receita de cookies de aveia, de preferência que adicionasse gotas de chocolate, e achei uma no Dedo de Moça. Só que queria acrescentar cacau, como fiz com os cookies de avelã, com base na receita do Figos e Funghis. Percebi que as duas receitas tinham proporções parecidas de ingredientes. Daí criei uma terceira receita, substituindo o farelo de aveia por farinha integral, adicionando baunilha e cacau e ajustando a quantidade de gotas de chocolate e manteiga. Ficou assim:

Ingredientes:
1 xícara (chá) de aveia em flocos
1 xícara (chá) de farinha integral
1/4 xícara (chá) de cacau em pó 100% (usei Malavério)
1 xícara (chá) açúcar mascavo
1 colher (sopa) de fermento químico
1 colher (café) de bicarbonato de sódio
1 colher (chá) de sal
1 ovo gelado
50 g de manteiga gelada cortada em cubinhos
1 colher (sopa) de extrato de baunilha
70 g de gotas de chocolate forneável (usei Callebaut, de novo!)

Preparo:
Em uma tigela, misture a aveia, a farinha, o cacau, o fermento, o bicarbonato e o sal; reserve. Em outra tigela, bata a manteiga até ter uma massa minimamente uniforme; ajunte o açúcar e bata mais um pouco. Acrescente o ovo e o extrato de baunilha. Em seguida, coloque os ingredientes secos, tomando cuidado com a nuvem de pó que deverá se erguer (eu misturo antes com uma colher antes de religar a batedeira). Quando tiver uma massa uniforme, acrescente as gotas de chocolate, misturando delicadamente, mas de modo a distribuí-las bem na massa.
Com uma colher de sorvete faça bolinhas (sem achatar muito) sobre um tapete de silicone arrumado em uma forma de bordas baixas e fundo grosso (própria para biscoitos). Leve a forma para a geladeira, por cerca de 45 minutos, coberta com um plástico filme. Nos 15 minutos finais, preaqueça o forno a 180 graus. Leve então os cookies ao forno por cerca de 15-20 minutos.
Mesmo que pareçam um pouco molengas, tire-os e deixe-os esfriar fora do forno. Logo estarão com aquela consistência perfeita de cookies e uma leve crocância dos flocos de aveia.

sábado, 27 de maio de 2017

Cookies de chocolate e avelã com gota única de Callebaut

De novo, a receita do Figos e Funghis, mas com uma xícara de chocolate em pó e mais 20 g de manteiga gelada, além de cerca de 1/2 xícara de avelãs processadas. Desta vez, não achatei com a colher, e eles ficaram gordinhos e macios. O único senão foi só ter lembrado das gotas de chocolate depois de ter colocado a massa sobre o silpat - fiquei com medo de desandar tudo, e só coloquei uma gotinha de Callebaut em cada um, sob os protestos do marido.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

A saga do vestido e o lindo sim

No último Natal, fomos convidados para ser padrinhos de casamento de Binho, amigo de Guga das antigas. O pedido, fofo, feito com uma lousinha que ainda guardo e chocolates, que duraram poucos minutos.
Pouco tempo depois, Nau, a noiva, me passou detalhes da cerimônia: casamento à beira da praia, madrinhas vestindo longo na cor salmão... Peraí - salmão? Sim, essa cor, que já foi uma das minhas favoritas na juventude, voltou à minha vida por conta desse casamento tão especial.
Até pensei em procurar um vestido em Sampa, já que ia para lá, mas não deu tempo. Achei que ia ser muito fácil encontrar por aqui, e quando Nau me perguntou se estava tudo em ordem, eu respondi, sem nenhuma dúvida, que "sim, claro". Depois ela me contou que eu fui a única madrinha a responder isso, que estavam todas à beira do pânico.
Bueno, quando fui a Salvador em missão especial para comprar ou alugar o vestido, vi que não seria tão simples assim. Salmão definitivamente não integra a cartela de cores deste outono/inverno. Também não estava nas lojas de aluguel de vestido, caríssimas, aliás. Quando soube o preço do aluguel, resolvi comprar um - também porque não conseguia me imaginar dentro de um daqueles vestidos oferecidos nas lojas de trajes de festa, com pedraria pesada, rebuscadíssimos.
A ideia de usar um vestido salmonamente fluido, de preferência de musseline, foi sendo abandonada à medida que eu me deslocava de táxi pelos vários bairros soteropolitanos. O comprimento era outro senão. Quando havia a cor em um modelo mais descolado, o vestido era muito curto. Se pudesse ser estampado, facilitaria. Mas não podia.
Acabei encontrando algo com a minha cara numa loja da Farm. Um vestido rendado, romântico, num tom mais escuro, entre o coral e o rosa sândalo, e que precisaria de uma combinação como forro. Mesmo assim, não completamente convencida (e talvez porque goste de uma epopeia), ainda fui buscar outras opções. Quando decidi voltar ao tal vestido, procurei na Farm de outro shopping, e não havia lá o modelo. Tive de voltar ao primeiro shopping - uma outra vendedora me atendeu, e ela não sabia a qual vestido eu me referia. Disse a ela para procurar no depósito. Ela voltou com um modelo nada a ver, branco. Olhei pra ela, espantada - parecia uma pegadinha. Por fim, ela encontrou o modelo, e eu o agarrei para não soltar mais. Dois dias depois, enquanto Guga buscava seu modelito praiano (muuuuuuito mais simples, camisa branca e calça cáqui), eu ainda iria atrás de uma combinação em cor neutra, já que o vestido vinha apenas com uma de malha, "salmão" e curtinha.
Afinal, chegou o dia. Que não foi completamente tranquilo, pois tivemos de correr para a veterinária com Cong, acometido de piodermite bacteriana. Depois de sermos esfolados monetariamente, fomos nos preparar para o casório, torcendo para que não chovesse.
E foi tudo lindo. Os noivos, felicíssimos. Os padrinhos, alegres, aproveitando para se rever após muito tempo. Ouvi elogios à minha elegância (afinal, estamos sempre muito à vontade, e o vestido é mesmo um chuchu).
Ao final da saga, pude ouvir o sonoro sim de Binho e Nau. Testemunhar a emoção geral, fazer parte de toda aquela lindeza, do alto dos meus sapatos e do meu vestido quase salmão. O que, sem dúvida nenhuma, valeu toda a aventura.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

De dias mágicos e estrelas

No final de 2015, pouco depois da minha mudança para cá, eu e Guga fomos convidados para um churrasco na casa de dois velhos amigos dele, Patrícia e Ricardo. Pati tinha sido vizinha dele, era amiga da época dos 20 e poucos anos.
Cheguei cuidadosa, afinal, eram amigos muito queridos de Guga que eu ainda não conhecia. Mas, assim que avistei Pati, gostei dela instantaneamente. Assim, sem mais. O sorrisão largo, os olhos luminosos, os gestos cheios de energia. E Ricardo, de fala tranquila e doce: seu companheiro pra todas as horas, estava na cara. Os dois acarinhando a filha, Cassiana. Por mim, desde aquele momento, seríamos amigos para sempre.
O segundo encontro, um dia mágico, seria aqui em casa. Depois de um churrasco capitaneado, como sempre, por Rodrigo, montamos a bateria de Pati no meio da sala, com as portas escancaradas. Ela tinha começado a fazer aulas e estava concentradíssima, só deixando as baquetas para que Rodrigo tocasse também. Não largava o microfone, emendando um rock após o outro. Feliz. Avançamos noite adentro cantando, tocando. Imaginando que haveria muitos encontros como aquele.
Perto do aniversário de Guga, soubemos que ela faria uma cirurgia delicada. Depois, a confirmação da doença. Tudo muito rápido, muito injusto. Por que uma pessoa como ela?
Fomos nos despedir esta semana. Ela havia feito aniversário no dia 20, tentei ligar, mas ninguém atendeu. Ela já estava no hospital. Deve ter sido um alívio para ela, a partida. Nós ficamos com a dor do vazio, que, esperamos, logo dê lugar à saudade. Mas ficamos também com a lembrança de sua alegria e força, sua paixão pela música, o cuidado com as pessoas queridas. Isso é muito mais, isso é o que faz estar junto valer tanto a pena. O amor e a amizade brilhando como estrelas, maiores que a própria morte.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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