quarta-feira, 21 de abril de 2010

Quando o sonho vence a intolerância

Li "O diário de Anne Frank" muito molecota; já nem me lembrava da personalidade madura e até ranzinza da menina-autora. Minha amiga Adriana Rachman é que trouxe à memória o relato da garota judia que viveu anos com sua família num porão, escondendo-se dos nazistas. Deu-me até vontade de reler o livro, especialmente as passagens tocantes e tristes que falam do sonho de Anne de se tornar escritora - o que, de fato, não pelas vias normais, aconteceu. O mais bacana disso tudo foi assistir ao vídeo que mostra a exposição sobre Anne Frank, produzida pelo Instituto Plataforma Brasil nos CEUs e que vai ganhar um espaço na Av. Paulista também. Na exposição nos CEUs, é feita uma relação entre os sofrimentos da jovem judia e os dos jovens que vivem na periferia das grandes cidades. As monitoras, meninas fofas da própria comunidade, foram preparadas pela Adriana - que está merecidamente encontrando lugar entre pessoas legais, a quem pode mostrar seu ótimo trabalho.

Vejam o vídeo no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=WQQJ8fbIxPw

O lugar das unhas coloridas ao sol

Aha! Poucas semanas depois do meu post sobre as unhas amarelas, eis que surge Glorinha Kalil comentando a "moda das unhas coloridas" - não é que a mulherada usar amarelo, azul, verde e laranja nas unhas pegou? Conservadores de plantão, tremeis!

domingo, 14 de março de 2010

A magia pop do karaokê


Podem falar o que quiserem - que é brega, anti-intelectual, esquisito etc. Mas só quem vai a um karaokê para ter uma ideia precisa da magia que se opera nesse lugar. Karaokê é pop, algo quase visceral. Pessoas quietinhas se soltam com o microfone nas mãos. Mesmo não havendo palco, o palco está ali, espiritualizado, fazendo dos tímidos e não tímidos estrelas musicais.
Tal transformação é ainda mais inevitável quando se opta pelos boxes, ou seja, pelo aluguel de uma sala fechada apenas para os amigos, com sistema de som próprio, sofazinhos e uma mesa ao centro para os comes e bebes, que podem ser parte de um pacote previamente fechado. Quem já foi ao karaokê mais tradicional, aberto a todos, com fila, disputa com cantores profissionais e exposição a um público muitas vezes exigente, como o da Chopperia Liberdade, vai preferir o aconchego do boxe repleto de amigos compreensivos, de afinação variada. Ah, sim: isso se, mesmo achando brega, anti-intelectual e esquisito, pagar para ver.
Um dos karaokês que funciona somente com sistema de boxe é o Karaokê Box Kampai, na Av. Liberdade, 638. Ainda que faça isso somente uma vez na sua vida, junte uma turma legal e pague para ver. Se ao final você não tiver achado tão divertido, as testemunhas do mico ao menos serão poucas e bem selecionadas...

domingo, 7 de março de 2010

Oficina Escola de Lutheria da Amazônia

Estava aqui relendo alguns cadernos de viagem e percebi que já devia ter postado algo sobre o projeto da Oela - Oficina Escola de Lutheria da Amazonia, que não por acaso está na lista do Tudo de bão.
Quando fui finalmente à Amazônia, troquei a viagem de barco, que duraria quatro dias, de Manaus a Belém, por visitas às comunidades locais. Não as comunidades indígenas, mas as urbanas, na periferia das capitais. O projeto da Oela fica numa dessas comunidades, uma invasão, o bairro Zumbi II, em Manaus. Foi o lugar escolhido por Rubens Gomes, professor, músico e luthier, para morar e criar uma escola de lutheria para meninos e meninas pobres.
Normalmente, quando se fala em terceiro setor, tudo parece muito bonito no início e pode nos decepcionar em seguida. Não é o que acontece na Oela. Embora já tenham recebido muitos prêmios e alcançado reconhecimento de órgãos bastante importantes - Unicef, Ashoka, FSC, só para citar alguns -, a Oela e seu pessoal têm um ar de paixão recente. Sabe como é? Tudo é novo, tudo é belo, tudo faz sentido. Mesmo com mais de uma década de existência.
Meninos e meninas constroem seus próprios instrumentos e produzem outros instrumentos para seu ganha-pão, sem atravessadores. Têm aulas de música, informática, educação ambiental. Parecem felizes, à vontade, zelosos daquele lugar que conquistaram. Desfilam aquele orgulho bom de quem descobriu ser alguém. Os funcionários da Oela também mostram amor por aquilo que fazem, como a alagoana Charlene.
Rubens faz questão de ainda morar por lá - como o número de alunos aumentou, teve de mudar para outra casa, na mesma rua. O caboclo alto de fala mansa me recebeu com carinho, partilhou seu almoço e um pouco da sua música, tirada de um violão Manaós - marca dos instrumentos fabricados pela Oela. E me fez acreditar ainda mais na efetividade das boas ideias quando em consonância com a essência de quem as leva a termo.
Para saber mais sobre os projetos desenvolvidos pela Oela, acesse http://www.oela.org.br/. E apaixone-se você também.

A importância das unhas amarelas na megalópole

Não, não são sintoma de icterícia, hepatite ou do hábito de fumar. São simplesmente unhas cobertas de verniz amarelo; mais especificamente, do esmalte Amarelo Real, da Risqué.
As moças que quiserem experimentar vão conseguir um efeito de choque. Nas breves 24 horas em que minhas unhas ficaram pintadas com essa cor, ouvi comentários de todo tipo, inclusive os elencados acima. O que mais me chamou a atenção, porém, foi o fato de virem quase todos da ala masculina. Conservadorismo? Ou será que os moços estão mais atentos ao que acontece ao redor? Hummmm, algo para se pensar!
Não é que queira defender o amarelo como cor da moda - achei até que ficava eu mesma muito amarela com aquelas unhas. Mas vi acontecer algo parecido quando usei galochas decoradas pela primeira vez, há dois anos. Olhares indisfarçados, masculinos e femininos, por onde passava - fenômeno sociológico interessante, em especial num lugar onde galochas, decoradas ou não, são praticamente um produto de primeira necessidade.
Forçando um pouco o gancho (com base, contudo, em eventos correlatos), é bem curioso que numa cidade tão grande, uma megalópole, tantas coisas miúdas ainda provoquem espanto e coisas de espantar assomem normais. Até parece que aquela Pauliceia cantada por Mario de Andrade só fez crescer, mas em nada mudou seu espírito controverso, gigante e provinciano...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

A quantas anda a relação com a língua-mãe?

Quer testar seus conhecimentos acerca do Novo Acordo Ortográfico?
Descubra seu grau de intimidade com a língua-mãe visitando o blog da doce Dulce Seabra:
http://dububbles.blogspot.com/2010/02/com-hifen-ou-sem-hifen.html

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Que canela você chutaria?

Postagem extra com enquete: se você pudesse escolher uma canela pra chutar, qual seria? Sou antiviolência, mas não posso negar esse desejo fisiológico quando em vez.
Eu chutaria a canela de quem precisa dar carteirada para aparecer ou para sobreviver sem a competência necessária. De quem brada, sem nenhuma vergonha: "Vou falar com fulano, que conheço desde tantos anos de idade! Meu padrinho de casamento! Pai do meu namorado! Irmão do meu sogro! Vizinho da minha tia!"
Claro que há um montão delas (de outros impostores e pessoas covardes em geral). Mas esta seria uma canela merecidamente chutada!
E você? Que canela escolheria?

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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