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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

O pódio de Rebeca e de todas dura quanto tempo?

Talvez a imagem mais reproduzida das Olimpíadas de Paris 2024 até agora tenha sido a de Rebeca Andrade, ouro na ginástica na apresentação de solo, sendo reverenciada pela estratosférica Simone Biles e por Jordan Chiles, as estadunidenses que levaram prata e bronze. Apesar da beleza no reconhecimento de Rebeca como uma "rainha" na modalidade, sobretudo em um pódio formado por mulheres negras, a imagem de que mais gostei foi gerada segundos depois, quando as três se dão as mãos. Ali vi companheirismo, admiração e fortalecimento mútuo, tudo ao mesmo tempo. 
Muita gente vibrou com a vitória das mulheres, sobretudo negras, no "Time Brasil". Mas também muita gente tem assinalado que, apesar das dificuldades, tais e tais atletas superaram tudo por esforço próprio, a praga da meritocracia. Houve quem se atrevesse mais, a pedir que não olhássemos para o fato de serem mulheres negras e pobres mas sobretudo boas atletas. Haja estômago!
Tem também repórter que força a entrevista até a entrevistada chorar, aquele gosto pelo sofrimento alheio, que nada tem a ver com empatia. Seu pai morreu, como você se sente? 
O que mais me chama a atenção na forma como é encarada a performance dessas mulheres que tiveram de se colocar acima da iniquidade social é que ali em Paris a dificuldade é passado, a pobreza e a injustiça social no Brasil nem existem mais. Poucos pensam em como será depois, como se uma medalha no peito de uma Rebeca fosse suficiente para calar a boca das reclamonas - "viu como a situação das mulheres é boa? viu como nem há racismo no Brasil?". A dificuldade que houver é porque a "Bolsa Atleta paga mal", não porque vivemos num país essencialmente desigual, escravista e colonialista. Não porque falta educação de qualidade, saneamento básico, alimentação saudável, trabalho digno. Não porque os índices de estupro e feminicídio não param de subir. 
Embora feliz por Rebeca, por sua graça vitoriosa, sambando na cara dos preconceituosos, lamento o peso que ela carrega para além das medalhas, atribuído por quem não quer encarar as desigualdades brasileiras. Injusto com ela, injusto com todas que atravessam os dias procurando manter a cabeça acima das dificuldades de toda ordem. O país só se tornará melhor quando a maioria se aperceber da realidade e der as mãos no enfrentamento da injustiça contra mulheres, e também contra pessoas negras, pessoas LGBTQIA+, a população empobrecida.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Bora correr!

Como já comentei alguma vez por aqui, nunca fui de corrida. Sofria horrores quando precisava correr no colégio; sem saber respirar direito, terminava sempre com "dor de facão", como se diz na Bahia. Há uns anos, ainda em São Paulo, porém, ensaiei correr um pouquinho no meio das caminhadas pelo centro. Tinha comprado um bom tênis Adidas para corredores iniciantes, e isso me animou. No entanto, quando me mudei do centro para outro bairro, voltei a apenas caminhar. 
Já aqui, adotei a bike como exercício, juntamente com pilates e, cada vez mais, musculação. Como parece que isso não foi suficiente para reduzir o peso, resolvi intensificar a caminhada com um pouco de corrida, estimulada pelo marido, que pretende começar a correr em breve. Ele queria comprar tênis apropriados, resolvi dar a ele de presente de aniversário e comprar um par para mim também. De novo um Adidas - mesmo mais baratinho, muito confortável. 
Na esteira da academia comecei já meus primeiros minutinhos de corrida. Me parece que estou melhor do que quando corria no Minhocão, com mais controle da respiração e das passadas. 
Será que vou surpreender a mim mesma?

sábado, 13 de janeiro de 2018

Saúde, esporte e educação

Recebi esta semana os dois livros sobre pães que comprei na Amazon, com preço ótimo - o do Michel Suas, que costuma ter preços proibitivos, e o de Sandra Canella-Rawls, com uma pegada mais científica, que adoro (e já comecei a ler, e é uma delícia). O estudo tem me chamado insistentemente; me faz muito mal estacionar no conhecimento.
E as coisas fluem de tal jeito quando começamos a nos movimentar que me apareceu outro dia um anúncio de pós em gastronomia. Já quero, já vou, em prol da minha saúde mental.
Por outro lado, a saúde física tem cobrado seu preço - tenho apresentado alguns sintomas de pré-diabetes ou de síndrome metabólica, ainda não tenho certeza. Já comecei, antes de conseguir marcar uma consulta médica, a reduzir o açúcar, e até testei o primeiro bolo com xylitol - maçã com canela e gengibre, bom. Se tiver que ser. Tenho aproveitado a deixa para diminuir a ingestão de lactose e farinha branca. Claro que tenho momentos de crise de abstinência, mas aos poucos devo me acostumar com as diversas substituições e milhares de outras possibilidades alimentares.
A hipótese de ter herdado a doença familiar também me fez apertar o pedal, e até me faz gostar mais da musculação. Também achei uns treinos bacanas no site daredbee.com. Mentiria se dissesse que adoro acordar cedo para malhar, como diz meu marido. Só depois de uns 20 minutos é que penso: ah, que bom, agora lembro por que estou aqui, é porque me faz bem! Sempre preferi as atividades mais lúdicas ou mais interiorizantes - dança, judô, tai-chi-chuan, pilates, até ioga.
E a vida segue no melhor estilo tudo-ao-mesmo-tempo-agora: castração de cachorro, rearranjos da cozinha, saúde, estudos, autoescola. Como costuma ser, para não cairmos na mesmice nunca.

sábado, 3 de dezembro de 2016

O primeiro pedal na estrada

Foram meus primeiros 19 km na estrada com La Belle. Por isso, dedico a mim mesma esta canção:

"We are the champions, my friends
And we'll keep on fighting till the end
We are the champions, we are the champions
No time for losers 'cause we are the champions
Of the world"

Que venham mais 19, e mais ainda.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Quando a coisa fica séria

Agora que comecei a pedalar um pouco mais sério (ainda não fazendo trilhas como Guga, obviamente), resolvi comprar um ciclocomputador, para controlar meu tempo, contagem de calorias etc. E comprei também uma buzina nova. E uma bermuda para pedalar, convencida pelo que vem escrito nas pernas: LaBelle, como minha branquinha.
Tirando o ter de gastar, equipar-se é muito legal.

sábado, 26 de novembro de 2016

O pedal ensina

Quando chegamos aqui, Guga comprou uma bike. Foi guiado pelo preço. Boazinha, aro 26. Mas, claramente, não estava satisfeito com ela. Pequena para ele, câmbio bem mais ou menos, marchas que não mudavam na subida. Ela mais ficava encostada do que em movimento. Nem nome tinha, como minha LaBelle.
Como já disse, comecei a ir ao pilates de bike. O marido da minha professora comentou que pedalava a sério, eu comentei sobre meu marido que queria retomar as atividades físicas. Guga já queria mudar de bicicleta, mudou, comprou a Pretinha, comentei com Wendel, e pronto - logo resolveram formar uma dupla de pedal.
Isso foi ótimo para ele, e também para mim, e para nós. Quando ele não está treinando, damos um pedal até a praia. Das vezes que pedalei com ele, comecei a tirar mais da minha bike também. Utilizava as marchas incorretamente até então. Até comecei a emagrecer. Guga tem feito trilhas cada vez mais intensas, aprendendo a respeitar seus limites. Muito, muito bom.
Mas há uma coisa que pedalar me ensina e que se estende para tudo o mais na vida: a seguir minha respiração, o meu ritmo. Ao contrário do que aconteceu em Mendoza, quando caí da bicicleta e me estabaquei porque estava ansiosa por seguir o parceiro que ia se distanciando, e sem atentar para o que me dizia respeito, agora sigo a mim mesma. Atenta aos outros ao meu redor, mas ocupada apenas de mim, de onde estou e onde quero chegar. Essa é a melhor de todas as lições que pedalar me traz.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Novos percursos, novos recursos

Creio que meu trauma com corridas veio do colégio, quando tínhamos que fazer um percurso na pista de ciclismo à guisa de avaliação bimestral. Talvez antes ainda, da época do ginásio. Sempre corri mal, porque respirava mal, pela boca, e quase morria do coração no final da "prova".
Em tempos bem recentes, me peguei correndo, e curtindo correr. Comecei devagarinho. Percebi que os tênis machucavam o calcanhar. Comprei um par próprio para corredores iniciantes. Agora parece que estou flutuando. E volto cheia de serotonina, dopamina, endorfina. Mais feliz e mais bonita, além de mais saudável, é claro.
O mais legal é que essa mudança de "gosto" parece ilustrar uma mudança de paradigma - de alguns, pelo menos - que tenho experimentado. E isso porque não faço a linha "não conheço, portanto não gosto". Acho que tem mais a ver com me descobrir capaz de fazer determinadas coisas, embora, claro, ninguém seja obrigado a ser capaz de tudo, peloamor. Correr é o ápice do saber respirar pra mim - e conseguir fazê-lo é um grande trunfo. Significa que estou sabendo respirar=sabendo pensar=sabendo sentir=sabendo escolher.
Essa apropriação de capacidades e de escolhas e de fazer o que sempre quis vale também para as atividades criativas, para os projetos de vida todos. Descobri coisas novas que faço bem porque faço com amor (bordar, pintar, dançar, cozinhar) e redescobri coisas que sempre foram importantes, mas tinham ficado de lado (viajar, escrever, me relacionar). E assim eu até me emociono ao olhar para meus tênis novos, como se eles fossem uma espécie de laurel por tantas transformações.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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