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sábado, 22 de maio de 2021

Férias na pandemia

Fazia muito tempo que eu não tirava férias. A última vez - também a última em que viajei - foi há um ano e meio ou mais. No começo do ano, fui obrigada a tirar, porque o prazo estava vencendo. Mas não tirei de fato - foi justamente o período em que estava chegando um primeiro lote de materiais para edição. A partir dali, ao longo do primeiro semestre, permanecemos num vórtice louco de trabalho, duplicado pela nova realidade digital, além da impressa. Suspeito que estava à beira do burnout, que se não tivesse comunicado à galera que íamos tirar, eu e Gustavo, duas semanas de férias, ia mesmo entrar em colapso. 
Montei logo uma lista de coisas a fazer em duas semanas, sem muita preocupação em realizar tudo. Fundamental era descansar e pintar e reorganizar o escritório, o resto era lucro. Porque limpar e organizar livros à medida que se finaliza uma parede - sim, não tirei nada de dentro do escritório, fui movendo as coisas de lugar, pintando, limpando, realocando - não é bolinho, ainda mais sozinhazinha. No final do dia de pintura (o dia anterior foi só para aplicar massa e lixar), parecia que eu tinha sido atropelada por um trator, ida e volta. Só tomando um Tandrilax para conseguir dormir sem dor. 
De repente, já na arrumação, parecia que eu tinha mais livros do que antes. Aparentemente, a estante de metal me daria mais espaço que a já empenada de madeira, mas não. Também a redistribuição de quadros na parede pede mais reflexão. Chica ainda não se encontrou debaixo da minha mesa, agora em outro lugar. Mas herdei um armário-escaninho de Guga, que deve comportar vários objetinhos expatriados. 
Já entrei no lucro porque, além de conseguir pintar e arrumar o escritório sozinhazinha, ainda lavo roupas, louça, cozinho, tenho assistido a uma oficina do Matizes Dumont e uma do Olivier Anquier. A ver se consigo dar uma geral nas plantas, assassinadas no período mais louco de trabalho, além de colocar em dia leituras da pós, bordar, escrever a sério - pelo menos, dar o primeiro passo em várias coisas, essas sim, que desejo rotineiras. Além de entregar a declaração de IRPF, enfim. Em outras férias, em outro contexto, estaria pensando em fazer uma viagem, mesmo curta, para a qual precisaria convencer o marido. Com a total impossibilidade de isso acontecer - viagem e convencimento -, resta aproveitar as férias tornando melhor meu espaço, exercitando habilidades, recriando a rotina. Maratonando a CPI da Covid, imagine - o retrato mais fiel da época em que vivemos. 

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Rolê de São João Batista com céu de São João Evangelista

São João por aqui é o feriado mais importante depois do Carnaval. Eu até queria fazer uma festinha de São João em casa, mas estamos às voltas com obra, então não rolou. Só pendurei bandeirinhas e balões. 
Em termos de feriado, também não foi muito animador porque caiu num domingo. No fundo, pra nós tanto faz, já que trabalhamos em casa, e se viajássemos não precisaríamos contar com o feriado prolongado.
De todo modo, o marido se animou a pegar uma estradinha, para eu conhecer o município de Conde, na Linha Verde. Nossa ideia era passar parte do dia lá, almoçar e voltar, talvez fazer um passeio de barco pelo manguezal. 
Para mim, que amo viajar, só o deslocamento para outro município já é motivo de alegria. Então fomos lá, com uma muda de roupa, repelente e protetor solar na mochila. Chegamos à praia do Sítio do Conde já sabendo que a chuva logo ia cair, com aquele céu pesadão de Apocalipse. Mas, ainda assim, tomamos uma cervejinha antes de sermos pegos pelos pingos.
Como era domingo, mesmo sendo São João, quase tudo estava fechado. A feira de artesanato local funcionou só no sábado, então nem deu para trazer algum suvenir. Pensamos, então, em almoçar em Imbassaí, mas perto das 13h o Café Jerimum nem estava aberto. Acabamos almoçando mais perto de casa mesmo.
De todo modo, valeu sair da rotina, sempre vale. 

sábado, 23 de junho de 2018

Escrivaninha de férias

Além das aulas do curso EAD, a pilha de livros só cresce.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Brasilidades culinárias e orgânicas no dia 5 das férias

Continuo fazendo pratos com os produtos orgânicos da feira da Reforma Agrária. Hoje usei mais do coco ralado fresco, da taioba, da couve e da banana, além de cozinhar também o aipim subsistente. Preparei um frango com pequi e açafrão, farofa de couve e banana, bolinho de arroz e taioba e bolo/pudim/cuscuz de tapioca e coco com calda de caramelo e leite. 
O melhor, sem dúvida, foi o bolinho de taioba: no olho, misturei a taioba já aferventada com arroz branco, um ovo, queijo parmesão, pimenta branca, cerca de meia xícara de farinha de trigo e sal. Fritei em óleo bem quente, e o aspecto foi quase o de um tempurá. Ficou uma delícia, bem crocante e bem temperado.
Antes de optar pela calda de caramelo com leite ensinada pela Rita Lobo, queimei o dedo tentando fazer uma calda de caramelo comum, que, claro, ficou dura como pedra. A que leva leite ficou mais harmonizada com o bolo, ainda que tenha talhado um pouco (quando acrescentei a manteiga, acredito). Esse bolo não vai ao forno, e a receita foi tirada do site da Danielle Noce - lá, porém, ela usa uma calda de leite condensado, que achei que pudesse ser enjoativa, por isso minha opção pelo caramelo. 
Tem batido um enjoo pelos pratos de sempre, por isso também essas experimentações com produtos menos comuns na geladeira. Se ontem, quando passei o dia de pijama, fiz uma clássica salada de batata, maionese, cenoura, ovo e nozes, hoje fugi de vez dos ingredientes ordinários. 

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Sobre cães, sopas e cookies - férias parte 2, dia 3

Hoje fomos comprar material para refazer a cerca que separava nosso terreno do dos meus sogros. A feroz briga de Balu e Kong, há umas três semanas, foi decisiva para querermos separar os cães. Foi horrível de ver, os dois se destruindo na nossa frente e nós com muita, muita dificuldade em separá-los. Então, à iminente castração de Kong somou-se a montagem urgente da cerca, para que não aconteça algo ainda pior.
Bueno, isso foi parte do dia 3 das férias. Em outra parte dele, fiz uma minestrone de forma bem lenta, refogando os legumes primeiro, dos mais duros aos mais macios, antes de acrescentar o caldo e o molho de tomate. Usei, além de cebola, cenoura, abobrinha e batata, aipim e fava comprados na feira orgânica. Deve ter sido a melhor sopa que fiz na vida, é sério.
Como acabei tomando para mim essa missão de cozinhar todo dia algo que contenha pelo menos um produto orgânico, resolvi usar o coco ralado fresco e os nibs de cacau em uma receita de cookie, a do Figos e Funghis (os "cookies infalíveis"), acrescentando ainda um pouco de amêndoas picadas, tudo isso substituindo o chocolate da receita. Apesar do percalço do gás acabando às 21h (e o marido teve de ir buscar outro botijão na casa dos meus sogros, enquanto eu colocava a forma com os cookies de volta à geladeira), o resultado foi bem satisfatório. Os cookies ficaram menos doces do que o normal, mas mantiveram a crocância das amêndoas, são macios por dentro e volta e meia surpreendem com o leve amargor do cacau. 

terça-feira, 19 de junho de 2018

Almoço quase orgânico no segundo dia de férias parte 2

A taioba está na moda: caiu nas graças de nutricionistas e chefs. É uma das mais conhecidas PANC, plantas alimentícias não convencionais. Prima da couve (embora com sabor bem mais suave), é rica em diversos nutrientes, como potássio, e uma fonte privilegiada de vitamina A e ferro, sendo indicada, por isso, para o combate aos radicais livres e à anemia. Além de ser linda, é claro, uma espécie de antúrio gigante e lustroso, chiquérrima.
Comprei um maço na feira da Reforma Agrária e logo fui pesquisar o que fazer com ela. Aliás, minha lousa de cardápio se converteu numa lista de ingredientes a usar, quase todos adquiridos na feira. Como também havia quiabo na lista, resolvi fazer frango com quiabo (seguindo uma receita do Troisgros) e uma farofa de taioba com cenoura. Mineirei total.
Duas coisas importantes nos procedimentos do almoço foram aferventar a taioba antes de refogar (dica da produtora que fez a venda, para eliminar a toxicidade da planta) e tostar bem, sem mexer, por cerca de 10 minutos, o quiabo cortado em rodelas (quando se mexe, a baba começa a soltar). Adorei essa manha para o quiabo, porque a baba é a grande responsável por eu não curtir muito os pratos feitos com ele. Desse modo, porém, quase não há baba, e dá para apreciar muito mais o sabor.
Para o caldo de legumes, me lembrei de usar também uma espécie de hortelã grande bem comum por aqui (hortelã-da-bahia ou do norte), e que Guga comprou na feira da Reforma. Achei que podia ser um bom substituto para o salsão que não tinha na geladeira, e parece que funcionou bem, para incrementar o sabor.
A sobremesa também teve produto orgânico, as bananas compradas finalmente a preço de banana - uma penca enorme a 3 reais (o quiabo, então, cerca de meio quilo, custou 1 real, o que o tornou ainda mais atraente). Cortei quatro bananas em rodelas, levei para congelar, e pouco depois de almoçarmos bati as rodelas no liquidificador com morangos congelados (umas duas xícaras) e um tico de açúcar, e pronto, tínhamos um sorvete saudável, sem conservantes e delicioso.

Primeiro dia de férias parte 2

Tirei mais quinze dias de férias. Não, não devo viajar. De novo, vou ficar por aqui, cuidando de coisas de casa, gastando com cachorro e coisas de casa, cozinhando, lavando roupa e louça. Com sorte, vou retomar minha horta e vou conseguir me exercitar entre um temporal e outro, além de ler, estudar, organizar meu bullet journal e talvez bordar um pouco. (Pronto, já reclamei, porque um pouco também é importante, para manter a sanidade em época de chuva a qualquer momento.) 
Claro que de todo o trabalho não remunerado o (único) que me agrada é cozinhar. Porque cozinhar tem seu quinhão de criatividade, além de ser mesmo uma capacidade mágica, processar seu próprio alimento do jeito que quiser. Isso me alegra montão: saber que posso fazer quase qualquer coisa, desde que tenha os ingredientes necessários e não necessite de artefatos estapafúrdios. 
Outro dia, porém, inventei de fazer um bolo que levava chocolate e coco, e queria justamente usar o coco fresco que comprei na feira de orgânicos em Salvador. A foto era completamente enganosa, de um banco de dados, e não condizia com a receita. Mas eu quis acreditar que uma correspondia à outra. E me dei mal: o bolo ficou com gosto de farinha, a mousse de coco não firmou (tudo bem que eu não tinha creme de leite fresco e tentei de novo usar leite de coco de caixinha). Nem provei, joguei fora. 
Para redimir meu espírito da frustração, resolvi fazer outro bolo, simples, de iogurte e farinha de amêndoas, que achei no site Eu Como Sim, que costuma ter receitas bem honestas. Sucesso absoluto: bolo úmido mas fofinho, com uma leve crocância das amêndoas em contraste com as raspas de limão e a glaçagem da geleia de morango. Acabou rapidamente, claro.
Isso foi no mesmo dia - o primeiro das férias parte 2 - em que fiz estrogonofe para aproveitar a batata palha que compramos para o cachorro-quente, sopa de abóbora cabotiá da feira orgânica com o camembert que estava na geladeira e pão de inhame também da feira da Reforma Agrária. Ou seja, passei na cozinha metade do tempo em que estive acordada. Mas foi gratificante, porque tudo ficou bom, e o espírito também se alimenta desse prazer. 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Curtas, mas férias

Depois de três anos de trabalho intenso, por fim vieram as férias, ou, pelo menos, parte delas. Duas semaninhas que começaram com exames de rotina (enfim encontrei um lugar próximo para fazer consultas e exames, que bom!), o julgamento do recurso de Lula + toda sorte de rancores e uma matinê para assistir a O touro Ferdinando (que concorre ao Oscar e é dirigido por um brasileiro), fábula linda que nos lembra de sermos quem somos a despeito de tudo e
todos.
Fazia tempo que eu não tirava férias, e o fato é que é muito bom. Claro que, nas melhores temporadas de trabalho autônomo, eu poderia viajar quando quisesse. Nos últimos anos, porém, correndo atrás de grana, equilibrando pratos, não foi o que aconteceu. Nessas duas semanas, não vou viajar - quando for, só a trabalho.
Vou fazer meus exames, ir ao médico, pedalar, ler, estudar, ver filmes, vacinar cachorro, ressuscitar horta, fazer pão. Será que consigo em duas semanas? Sim, são coisas que faria no dia a dia, mas sem o trabalho diário remunerado.
Coisas do dia a dia, mas sem a pressão costumeira. No final das contas, a vida é um pouco assim - continuamos fazendo as mesmas coisas, mas de vez em quando temos a sensação de leveza, como se estivéssemos de férias. Quando acontece, só nos resta aproveitar ao máximo.

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

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