Mostrando postagens com marcador pintura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pintura. Mostrar todas as postagens
domingo, 5 de janeiro de 2025
segunda-feira, 24 de maio de 2021
O espaço em branco
Há alguns (na verdade, muitos) anos, quando fiz uma oficina de ilustração de livros infantis com o Odilon Moraes e o Fernando Vilela, me vi no meio de um grupo supertalentoso, de artistas iniciantes e profissionais, com domínio maior ou menor de técnicas diversas. Eu estava lá de absolutamente atrevida que sou, beirando o sem-nocionismo, ou porque simplesmente me encanta estar no meio de gente talentosa e interessante e inteligente. A ideia era trabalhar um tema comum - o circo - para criar, individualmente, um livro ilustrado. Já fui logo avisando que não era artista, que não desenhava bem e tal.
Escolher o que fazer, para mim, foi algo bem fácil. Não poderia ser outra coisa além de O grande circo místico, de Chico Buarque e Edu Lobo. A canção "Ciranda da bailarina" é cheia de imagens poéticas e engraçadas, e foi ela então a convocada para a tarefa.
Com o ascendente em Áries, normalmente eu topo a parada para depois pensar em como é que vou executar. Como disse, o desenho, sobretudo no meio de um grupo de artistas, não era minha primeira opção. A pintura, menos ainda. E, no entanto, a oficina era de ilustração. O que fazer? O que me salvou foi a colagem.
Penei com o Fernando, que não se interessava, nos momentos de orientação, em ver meu projeto de livro, ainda muito incipiente. Mas que se surpreendeu com a apresentação final e fez um comentário revelador: de que eu sabia trabalhar muito bem com o espaço em branco, que o espaço em branco era parte da própria linguagem. De fato, as colagens conversavam com o branco da página o tempo todo. A partir desse comentário, percebi como gosto dessa possibilidade do espaço em branco, dos vazios debaixo do risco do meu desenho minimalista, das minhas colagens (como a que fiz para as gêmeas de Gleice). Pensando bem, confirma o meu senso de "incompletude" de que outro dia falava minha orientadora.
Ainda acerca do espaço em branco, o querido Wagninho me enviou há algum tempo umas imagens de bordados feitos pela sueca com ascendência sámi Britta Marakatt-Laba, compondo uma espécie de tapeçaria de Bayeux dos bordados, mostrando uma longa narrativa, toda em linha preta sobre branco. Uma das coisas mais bonitas que já vi. Porque, embora ache lindíssimo o que fazem as meninas Dumont, preenchendo todos os espaços do tecido com cores e pontos, me fascina a capacidade de desenhar com a linha. Mas pode ser também porque não sou muito boa em preencher os espaços - a aquarela que o diga.
Transferindo para a página em branco do texto, seria como deixar coisas por dizer, à imaginação do outro. Uma história por construir.
Marcadores:
aprendizado,
autoconhecimento,
bordado,
brancos,
criatividade,
desenho,
escrita,
ilustração,
incompletude,
pintura,
vir a ser
terça-feira, 13 de outubro de 2020
Em busca da transparência
Nem eu aguento mais dizer como é difícil pintar aquarelas. Como tenho vários amigos artistas, quando vejo o resultado do trabalho deles, essa dificuldade fica cada vez mais evidente.
Não que eu tenha a pretensão de atingir um nível tão alto (afinal, eles, além de muito talentosos, estudaram anos, produzem bastante e muitos têm inclusive doutorado e pós-doc), ainda mais apenas fazendo alguns cursos pela internet. Mas é inegável que chegar às transparências bem dosadas não é mesmo para principiantes. (Aliás, que árduo é chegar à transparência de todo tipo.)
Eu, pessoalmente, ainda fico muito presa à pintura mais pigmentada, mais próxima do guache, principalmente quando rola alguma cagada ao pintar - manchas enormes, sobretudo. Daí acabo tentando cobrir - até pontilhismo e tratteggio usei hoje! - para minimizar a feiura. Nem sempre funciona, mas não custa tentar.
Aliás, tudo é tentativa quando a gente resolve aprender algo novo. Ainda mais, no meu caso, algo relacionado à pintura, que nunca estudei.
De todo modo, o desenho me ajuda a querer continuar aprendendo a pintar, já que agora me vem à cabeça usar o entorno como modelo para as aquarelas, começando pelas folhas da jaqueira. A natureza, sempre parte da aprendizagem.
Marcadores:
aprendizagem,
aquarela,
desenho,
experimentações,
ilustração,
pintura,
pontilhismo,
transparência,
tratteggio
domingo, 11 de outubro de 2020
Pequenos formatos, grandes efeitos
Na última compra de pincéis, comprei também um sketchbook da Hahnemühle, marca alemã de papéis para aquarela. Os papéis são bem mais caros que os da Canson, e eu nem pensava em comprar nada da marca, até topar com o caderninho quadrado, pequeno, de capa de tecido cinza e elástico à la Moleskine no site da Casa da Loise. Já adorei o formato, pequeno e incomum (o tradicional é retangular, seja formato retrato ou paisagem). Era caro, claro, mas ainda possível pro meu bolso.
Quando chegou, pirei na qualidade do acabamento. E as páginas eram cinza-claro! Uma lindeza só. E deixei guardadinho pra um dia de imensa inspiração ou para quando estivesse dominando a aquarela a ponto de poder levá-lo na bolsa para pintar en plein air, que sonho burguês!
Hoje, quando fui praticar umas pinceladas para meu projeto de mitos femininos, nas folhas A-4 de Canson, nada saiu do jeito que eu queria. De repente, olhei pro caderninho e pensei que talvez desse certo passar o desenho para um formato menor - assim, eu teria pelo menos mais controle das pinceladas. Cara, deu muito certo - provavelmente o papel é muito melhor!
Eu já era fã dos pequenos formatos, e isso só confirmou para mim que muitas vezes é mais eficiente trabalhar com menos e investir nos detalhes, na qualidade desse menos, para que se torne mais. Por exemplo, além de técnicas aprendidas no curso de aquarela e no sumiê, acabei me lembrando do tratteggio, técnica que usava quando trabalhei no restauro da FAU-Maranhão, como estagiária "informal". As texturas vieram dar volume à pequena pintura.
Eu já era fã dos pequenos formatos, e isso só confirmou para mim que muitas vezes é mais eficiente trabalhar com menos e investir nos detalhes, na qualidade desse menos, para que se torne mais. Por exemplo, além de técnicas aprendidas no curso de aquarela e no sumiê, acabei me lembrando do tratteggio, técnica que usava quando trabalhei no restauro da FAU-Maranhão, como estagiária "informal". As texturas vieram dar volume à pequena pintura.
Até onde paciência houver, sigo nesse caminho de longa aprendizagem.
Marcadores:
desenho,
experimentações,
Hahnemühle,
ilustração,
papel para aquarela,
pequeno formato,
pintura,
sketchbook,
texturas,
trateggio
sábado, 5 de setembro de 2020
Já sei desenhar, agora só me falta pintar
Tô tentando dedicar umas horinhas no final de semana a pintar ou desenhar - bordar ainda não. Como disse, demorei um pouco a definir um projeto pro curso de aquarela, e acabei criando quatro personagens femininas. Depois veio a questão da paleta de cada uma. Amaterasu foi a mais difícil; precisei pensar primeiro num desenho para o quimono para daí definir as cores do entorno. Com essa ideia de criar uma estampa - outra coisa que amo -, pensei que talvez fosse melhor usar a aquarela em bisnaga, que parece ter um pigmento mais concentrado, não sei direito, lembrando até um pouco a tinta acrílica.
E daí veio a realidade crua dar na minha cara: não sei pintar! Vou ter que treinar muito as pinceladas em planos maiores para enfim executar o projeto! Deve ser por isso que gosto tanto dos fundos brancos quando crio ilustras com colagem ou bordo, para evitar preencher o fundo com cor, algo que precisa de paciência (que não tenho em grande quantidade) e muita habilidade (que eu tenho pouca).
Marcadores:
aquarela,
cores,
desenho,
ilustração,
pintura,
representatividade,
vivendo e aprendendo
domingo, 2 de agosto de 2020
Azulando
Se me perguntarem qual minha cor favorita, sempre ficarei entre o azul e o vermelho. O vermelho, porque combina mais comigo, com meu tom de pele (aliás, sobre isso, mais descobertas, como da linha de batons e esmaltes nude da nacional Dailus). O azul, porque é lindo, especialmente nos tons puxados para o violeta, como o maravilhoso Blue Bright Violet da caixa de lápis da Berol, inesquecível. Cheguei a pintar um nichozinho no antigo apartamento em SP, só para ficar contemplando a cor.
Entre uma coisa e outra, no final de semana, tento praticar um pouco de aquarela. Hoje foi em azul. Orquídea, bambu, crisântemo. Aos poucos, sinto mais segurança no gesto, repetindo-o ad infinitum. Como só o azul pode almejar.
Descobri há pouco que posso usar o verso do papel de aquarela. Menos rugoso, mais gentil. Além da economia que isso gera, que ando bem pão-dura.
Marcadores:
aprendizagem,
aquarela,
cores,
pintura,
quarentena
terça-feira, 7 de julho de 2020
Sumiê e material adequado
Tem final de semana que até consigo dar umas pinceladas no curso de aquarela/sumiê on-line. Como gosto de usar pincel! Nem sei se sei, mas gosto muito dos gestos, dos efeitos que cada pincel produz, dos resultados, mesmo que imperfeitos.
Por isso comprei mais uns pinceizinhos simples, mas redondos (como pede a aquarela, aprendi), além do papel para aquarela, que nunca tinha tido. Que diferença faz! Quando fiz o curso da Susan Hirata, usei papel filtro, mas tinha o pincel de sumiê e a tinta sólida - além da assistência presencial da Susan, claro -: por isso, acho que o resultado era bem melhor do que o vinha tendo com a aquarela. Talvez até use a tinta sólida em alguns testes, a ver.
Com o papel adequado, Canson de gramatura 300, os exercícios tiveram um resultado melhor, com ajuda das ranhuras do papel. Os pincéis novos não são lá essas coisas (prefiro os Keramik, mas a maioria dos que tenho tem ponta fina ou achatada), ainda patino um pouquinho com a aquarela em bisnaga, que usava como guache, um efeito mais blocado, sem transparência. Mas Guga sugeriu me dar de presente de aniversário algo ligado a pintura, e escolhi uma aquarela da Koh-i-Noor, maravilhosa e subestimada marca tcheca de materiais de arte. Como as marcas japonesas, a Koh-i-Noor normalmente tem produtos ótimos a preço acessível - para ficar no exemplo das aquarelas, um terço do preço de uma Winsor & Newton pelo triplo de cores.
Agora estou como criança, esperando meu colorido presente (mas já querendo mais pincéis, oh, God!).
Marcadores:
aquarela,
cultura japonesa,
cursos,
Domestika,
ilustração,
material adequado,
papel para aquarela,
pintura,
quarentena,
sumiê
quarta-feira, 17 de junho de 2020
Arte contra depressão
Nunca estudei nenhum tipo de arte formalmente. Nem informalmente, pra dizer a verdade. Sempre que encasquetei com algo do tipo, tentei meter as caras pra fazer, nem sempre com sucesso. Porém, como minhas expectativas normalmente eram baixas, me satisfazia com o resultado na maior parte das vezes. Assim é que dei aula de xilogravura para alunos da periferia para que eles compusessem seus cordéis (o texto sim, pude ensinar de fato a criar), ilustrei um livro que escrevi para os sobrinhos, criei com colagens ilustrações para uma música de Chico Buarque sob orientação de Odilon Moraes e Fernando Vilela, bordei uma mandala iniciada numa oficina de Sávia Dumont. Dessas tentativas todas, o bordado talvez tenha sido um pouco mais constante, mas ainda está bem longe da perfeição.
Daí veio a quarentena. Naquele início meio atordoante, achei que tinha que fazer mil coisas diferentes, até para afastar o pensamento das incertezas, mas logo lembrei que não estava de férias. Ainda assim, fiz os tais cursos do Senac de alimentos, o da Faber-Castell para iniciantes em aquarela. E me inscrevi, como comentei por aqui, em um de aquarela em estilo japonês da plataforma Domestika (que eu achava que era argentina, mas tem sede na Califórnia) e recentemente em um de ilustração com bordado, também da Domestika.
Somente hoje comecei a fazer os exercícios propostos. Não que eu achasse que seria fácil, mas foi bem mais difícil que eu pensava, a começar pela adequação ao tipo de aquarela que tenho, em bisnaga, diferente da utilizada pela professora, em pastilha. Descobri, inclusive, que as marcas que ela utiliza são muito mais caras do que eu imaginava - eu, que tenho uma caixa de 24 cores da japonesa Pentel, pela qual paguei tão baratinho, nunca sonhei em dar 200, 300 reais por uma caixa de 12 cores da Winsor & Newton. Difícil também acertar a quantidade de tinta no pincel, o movimento da pincelada. A parte mais fácil foi desenhar algumas personagens - fiz as mesmas que ela e acrescentei uma minha, Francisco, da minha obra inacabada sobre o rio. Sou boa em copiar traços, pelo menos.
Ao fim, fotografei as imagens, mas não ficou bom. Escaneei, o scanner alterou as cores. Fotografei com a Nikon, aí ficou mais próximo da realidade, clareei um pouco no Lightroom. Ainda preciso adequar a iluminação no escritório. Enfim, toda essa movimentação foi essencial para me afastar um pouco mais de um possível estado depressivo. Depois de dormir muito, não trabalhar, não me exercitar, ficar infeliz com ter que cozinhar três vezes, a arte, minha pequena arte, foi minha salvação.
Marcadores:
aprendizagem,
aquarela,
arte,
depressão,
Domestika,
ilustração,
pintura,
quarentena,
sumiê
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Resgatando raízes
Então! Além da novidade da bike, resolvi fazer um curso de férias de sumiê, a ancestral arte da pintura japonesa. Aí na foto estou toda concentrada, tentando manter coordenação, velocidade e homogeneidade do traço. Não é fácil não!
Altos papos com Susan Hirata, professora da arte/técnica e especialista em cultura japonesa - embora meio nordestina, algo cafuza, tipicamente paulistana, vagamente holandesa, volta e meia lusitana, dramaticamente espanhola sem ter um pingo de sangue espanhol, estou descobrindo que sou ainda mais oriental do que pensava. Fazer coisas por um sentido, e não apenas pelo resultado, a importância do yakusoku...

Marcadores:
ilustração,
pintura,
sumiê,
sur la vie,
vivendo e aprendendo
Assinar:
Postagens (Atom)
Tudo de bão
Cabeceira
- "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
- "Geografia da fome", de Josué de Castro
- "A metamorfose", de Franz Kafka
- "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
- "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
- "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
- "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
- "O estrangeiro", de Albert Camus
- "Campo geral", de João Guimarães Rosa
- "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
- "Sagarana", de João Guimarães Rosa
- "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
- "A outra volta do parafuso", de Henry James
- "O processo", de Franz Kafka
- "Esperando Godot", de Samuel Beckett
- "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
- "Amphytrion", de Ignácio Padilla