domingo, 28 de junho de 2020

Mexicano em casa

Se não vamos ao mexicano, o mexicano não vem até nós: nós é que fazemos o mexicano. 
Saudade imensa do Las Margaritas, seus nachos supreme, cerveja geladinha e shows ótimos! Como este ano o abacate resolveu dar que nem chuchu na seca, pensei em fazer guacamole, e depois de ver fotos do bar mexicano favorito no Instagram foi um pulo para fazer o chilli beans e tentar de novo as tortillas
Bueno, as tortillas continuam meio pasteizinhos, ainda preciso achar uma receita mais sequinha. O chilli beans já está perfeito, o guacamole também. 

terça-feira, 23 de junho de 2020

Pão de cacau, chocolate e cranberries

Certamente, um dos pães mais gostosos que já fiz. Achei a receita no site Massa Madre quando procurava alguma que levasse cranberries.
Além de perfumadíssimo, fica muito bonito e é impossível comer uma fatia só.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Nas coxias de outra vida

Estava procurando uma foto para o perfil da Unil e encontrei estas, feitas nas coxias do Teatro Folha, onde íamos fazer a apresentação de final de ano do flamenco. Lá estamos, eu, Rita, Poli e Alessandra, ensaiando antes de entrar. Nosso maestro Uli devia estar organizando a entrada.
Dancei flamenco cerca de um ano, não cheguei a ser boa nisso, mas tinha um prazer imenso em estar com outras mulheres, de todas as idades, cores e tamanhos, fazendo algo por puro prazer, cada uma em conexão consigo mas também reunidas umas pelas outras. 

sábado, 20 de junho de 2020

Comfort food master: gelatina colorida

Eu me lembro de minha tia e madrinha Eda, esposa de meu tio-avô Orlando, chegando com uma travessa grande de gelatina colorida mergulhada em creme de leite. Geralmente acontecia em almoços de família - e hoje penso como ela conseguia carregar aquela travessa sem que a gelatina derretesse, já que morávamos bem longe dela.
Eu amava essa sobremesa, mas devo ter feito uma vez só na vida, meio sem seguir receita, e não ficou tão boa quanto me lembrava de ser a de tia Eda. Mas outro dia topei com ela, não sei se no site da Rita Lobo ou no da Dani Noce, e pensei: nossa, isso é que é comfort vintage food! Além de remeter à minha memória afetiva de infância - quando havia ruidosos e festivos almoços familiares em casa -, é uma representação de uma era, imagino que dos anos 70 e 80. Pois postei esta mesma foto no FB e muita gente reagiu a ela, comentando como a gelatina colorida tem sabor de infância. E olha que nem entrou na minha primeira lista de sobremesas favoritas, que comentei outro dia aqui.
De qualquer modo, ela teve todo gosto de premiação depois de eu conferir 14 vídeos comentando questões de vestibular. Mereci cada quadradinho de gelatina colorida neste sábado em que nos aproximamos dos 100 dias de quarentena.

Meu sono traduzido no filme "Corra!"

Quando assisti ao filme Corra!, de Jordan Peele, tive, além da sensação de estar vendo algo incrível e revelador e original, a surpresa com alguém conseguir traduzir por meio de imagens o que acontece comigo quando caio em sono profundo. No caso do filme, o protagonista cai em um abismo interior por meio da hipnose (spoiler!) e tem muita dificuldade em sair dali - vemos o corpo caindo lentamente em um espaço negro e sem fundo, uma mistura de espaço sideral e profundezas do mar. Exatamente como me sinto à tarde, há alguns anos, especialmente depois do almoço! Meus olhos parecem ter sido selados, o sono é irresistível e só tenho tempo de me arrastar até a cama antes de cair nesse mesmo abismo da personagem de Peele. 
Nas minhas lembranças, esse sono começou talvez no final da faculdade, não me lembro de um sono pós-almoço tão poderoso antes disso. Houve pelo menos dois episódios de não ter resistido ao sono diante de outras pessoas, durante uma aula na pós e em uma reunião de trabalho. De lá pra cá, quando voltei a trabalhar em casa, pelo menos tinha a cama para a siesta quando começava a pescar na frente do computador. O problema é que acabo dormindo umas duas horas, às vezes mais. E a sensação é mesmo de cair em um abismo sem fim.
Até pensei que poderia ser sintoma de uma depressão leve - o marido agora diz que é excesso de carboidrato -, mas isso me leva à pergunta: será que tenho depressão há tempos e não sabia? 

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Arte contra depressão

Nunca estudei nenhum tipo de arte formalmente. Nem informalmente, pra dizer a verdade. Sempre que encasquetei com algo do tipo, tentei meter as caras pra fazer, nem sempre com sucesso. Porém, como minhas expectativas normalmente eram baixas, me satisfazia com o resultado na maior parte das vezes. Assim é que dei aula de xilogravura para alunos da periferia para que eles compusessem seus cordéis (o texto sim, pude ensinar de fato a criar), ilustrei um livro que escrevi para os sobrinhos, criei com colagens ilustrações para uma música de Chico Buarque sob orientação de Odilon Moraes e Fernando Vilela, bordei uma mandala iniciada numa oficina de Sávia Dumont. Dessas tentativas todas, o bordado talvez tenha sido um pouco mais constante, mas ainda está bem longe da perfeição. 
Daí veio a quarentena. Naquele início meio atordoante, achei que tinha que fazer mil coisas diferentes, até para afastar o pensamento das incertezas, mas logo lembrei que não estava de férias. Ainda assim, fiz os tais cursos do Senac de alimentos, o da Faber-Castell para iniciantes em aquarela. E me inscrevi, como comentei por aqui, em um de aquarela em estilo japonês da plataforma Domestika (que eu achava que era argentina, mas tem sede na Califórnia) e recentemente em um de ilustração com bordado, também da Domestika. 
Somente hoje comecei a fazer os exercícios propostos. Não que eu achasse que seria fácil, mas foi bem mais difícil que eu pensava, a começar pela adequação ao tipo de aquarela que tenho, em bisnaga, diferente da utilizada pela professora, em pastilha. Descobri, inclusive, que as marcas que ela utiliza são muito mais caras do que eu imaginava - eu, que tenho uma caixa de 24 cores da japonesa Pentel, pela qual paguei tão baratinho, nunca sonhei em dar 200, 300 reais por uma caixa de 12 cores da Winsor & Newton. Difícil também acertar a quantidade de tinta no pincel, o movimento da pincelada. A parte mais fácil foi desenhar algumas personagens - fiz as mesmas que ela e acrescentei uma minha, Francisco, da minha obra inacabada sobre o rio. Sou boa em copiar traços, pelo menos.
Ao fim, fotografei as imagens, mas não ficou bom. Escaneei, o scanner alterou as cores. Fotografei com a Nikon, aí ficou mais próximo da realidade, clareei um pouco no Lightroom. Ainda preciso adequar a iluminação no escritório. Enfim, toda essa movimentação foi essencial para me afastar um pouco mais de um possível estado depressivo. Depois de dormir muito, não trabalhar, não me exercitar, ficar infeliz com ter que cozinhar três vezes, a arte, minha pequena arte, foi minha salvação. 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Desafio das redes - mil livros favoritos

Outro fenômeno desses tempos de pandemia, além do pão, são os desafios - dez álbuns, dez livros, dez filmes, dez cenas televisivas, dez obras de arte, dez artistas. Quer dizer, isso volta e meia já aparecia no Facebook, acredito que em outras redes sociais também, mas agora virou uma regra que todo dia algum amigo esteja cumprindo o desafio dado por outro amigo. Melhor que as "correntes", é importante dizer.  
Bueno, em um mês, ou pouco mais que isso, recebi o desafio de listar dez livros favoritos, vindo de três amigas diferentes, todas tão queridas. Me senti um pouco culpada, mas não dei conta de ficar postando a cada dia um livro e desafiando mais gente a postar - há uns dois anos, ainda fiz isso, postando filmes e séries, só que agora não tenho tempo nem ânimo nem foco. 
No entanto, é sempre bom parar para pensar nos nossos livros - ou filmes, ou artistas, ou obras, ou álbuns - de formação. Então hoje me dediquei a um brainstorm de obras que me marcaram em diferentes momentos da vida. Foi bom para perceber que há ainda poucas mulheres nessa lista, algo a se corrigir. 
Por que amamos um livro? Por que ele nos toca, nos incomoda? Fiquei me lembrando, dessa breve lista que acabei fazendo, do encontro com cada um, de ter ficado sem ar diante de alguns (A trégua, O amor nos tempos do cólera, A máquina de fazer espanhóis, Há quem prefira urtigas), de ter tido uma epifania (A paixão segundo G.H., A sagração da primavera, Orlando, Esperando Godot, Ensaio sobre a cegueira), de ter me emocionado até as lágrimas (Éramos seis, Quando florescem os ipês, Por quem os sinos dobram, Campo geral, A paixão segundo G.H.), de ter sofrido junto (Vidas secas, Hibisco roxo, A trégua, A amiga genial, Ensaio sobre a cegueira, Livro do desassossego), de ter me revoltado (O processo, Vidas secas), de ter me encantado com o engenho das palavras (Campo geral, Terra sonâmbula, Orlando, Dom Casmurro, Esperando Godot, A máquina de fazer espanhóis), de ter me fascinado com a tessitura do enredo (Amphitryon, Contraponto, O xará, A metamorfose, Cem anos de solidão), de ter devorado o livro em busca do final (O escaravelho do diabo, A amiga genial). Muitas vezes, várias dessas coisas acontecem, como se vê, com um mesmo livro. 
Como não amar a leitura, que nos possibilita conhecer outros mundos e o nosso em profundidade? Realmente, me compadeço de quem gostaria mas não tem acesso a ela. Ainda voltarei a trabalhar com formação de leitores. 
Já aquelas pessoas que têm acesso mas preferem seguir na escuridão, só posso lamentar por elas. 

Cabeceira

  • "Arte moderna", de Giulio Carlo Argan
  • "Geografia da fome", de Josué de Castro
  • "A metamorfose", de Franz Kafka
  • "Cem anos de solidão", de Gabriel García Márquez
  • "Orfeu extático na metrópole", de Nicolau Sevcenko
  • "Fica comigo esta noite", de Inês Pedrosa
  • "Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
  • "O estrangeiro", de Albert Camus
  • "Campo geral", de João Guimarães Rosa
  • "Por quem os sinos dobram", de Ernest Hemingway
  • "Sagarana", de João Guimarães Rosa
  • "A paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector
  • "A outra volta do parafuso", de Henry James
  • "O processo", de Franz Kafka
  • "Esperando Godot", de Samuel Beckett
  • "A sagração da primavera", de Alejo Carpentier
  • "Amphytrion", de Ignácio Padilla

Arquivo do blog