Pelo primeira vez, eu e Guga estamos de dieta juntos. Nem poderia ser diferente, se compartilhamos o alimento diariamente.
O fato é que isso é bom. Sempre é melhor ter alguém no mesmo projeto de emagrecimento. Lembro que a primeira vez que fiz regime de verdade tive apoio de colegas de trabalho que eram pacientes da mesma endocrinologista. Era ótimo almoçar com eles - dávamos dicas uns aos outros a respeito da boa alimentação. Emagrecemos juntos e felizes, com ajuda da sibutramina.
No meu segundo regime, uns cinco ou seis anos depois, fui ao endocrinologista com Gustavo. Aqui, cada um cuidava do seu. Como na primeira vez, tomei sibutramina. Mas, sozinha em meu regime, me dediquei mais às atividades físicas - academia, flamenco, tai chi chuan. A alimentação não era exatamente a melhor, e acabava sendo compensada com exercícios.
Nos últimos três anos, voltei a ganhar peso. Pouca atividade física, falta de opção de restaurantes no novo bairro, estresse - tudo isso contribuiu para a subida dos números da balança. Quando comecei a cozinhar diariamente em casa, ainda estava mais focada nas experimentações culinárias, quase sempre engordativas. Cheguei à Bahia com um pouco mais do que tinha no segundo regime - o que, para mim, havia sido o auge da engorda.
Como já disse aqui, comecei a frequentar uma academia pequena no bairro, só caminhando na esteira ou no elíptico, por conta da tenossinovite. A alimentação continuava pouco light, embora cada vez mais saudável, com cada vez menos alimentos processados.
Pouco depois, logo que voltei a fazer pilates, vi uma foto minha na internet. Entrei em pânico. Estava definitivamente fazendo jus à herança paterna. Já havia perdido boa parte das minhas roupas, e vi que logo não teria o que vestir.
Quando Guga decidiu voltar a emagrecer, foi ótimo, porque isso significava menos pedidos de pratos especiais. E como ele é mais radical que eu na dieta, fomos aos poucos focando em alimentos que promoviam saciedade e bom humor (embora, como eu já devo ter dito, às vezes fico de mau humor por abstinência de coisas doces). Agoooora, acho que estamos no passo certo, ainda mais com o pedal presente em nossas vidas.
Só sei que quando tomo uma vitamina de abacate ou como banana amassada com aveia, acho uma das coisas mais deliciosas do planeta. Valorizo muito mais o sabor dos alimentos. A cerveja no final de semana, em menor quantidade, vira uma iguaria.
Com a idade, emagrecer é menos fácil, é verdade. Cada 200 g deve ser comemorado, e às vezes pinta o desânimo. Mas, desta vez, a ideia é incorporar um modo definitivo de ser saudável. Sem remédios, com alimentos frescos, sem conservantes, com atividade física constante e prazerosa. Uma nova vida mesmo.
sábado, 10 de dezembro de 2016
sábado, 3 de dezembro de 2016
O primeiro pedal na estrada
Foram meus primeiros 19 km na estrada com La Belle. Por isso, dedico a mim mesma esta canção:
"We are the champions, my friends
And we'll keep on fighting till the end
We are the champions, we are the champions
No time for losers 'cause we are the champions
Of the world"
Que venham mais 19, e mais ainda.
"We are the champions, my friends
And we'll keep on fighting till the end
We are the champions, we are the champions
No time for losers 'cause we are the champions
Of the world"
Que venham mais 19, e mais ainda.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
Quando a coisa fica séria
Agora que comecei a pedalar um pouco mais sério (ainda não fazendo trilhas como Guga, obviamente), resolvi comprar um ciclocomputador, para controlar meu tempo, contagem de calorias etc. E comprei também uma buzina nova. E uma bermuda para pedalar, convencida pelo que vem escrito nas pernas: LaBelle, como minha branquinha.
Tirando o ter de gastar, equipar-se é muito legal.
Tirando o ter de gastar, equipar-se é muito legal.
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sábado, 26 de novembro de 2016
O pedal ensina
Quando chegamos aqui, Guga comprou uma bike. Foi guiado pelo preço. Boazinha, aro 26. Mas, claramente, não estava satisfeito com ela. Pequena para ele, câmbio bem mais ou menos, marchas que não mudavam na subida. Ela mais ficava encostada do que em movimento. Nem nome tinha, como minha LaBelle.
Como já disse, comecei a ir ao pilates de bike. O marido da minha professora comentou que pedalava a sério, eu comentei sobre meu marido que queria retomar as atividades físicas. Guga já queria mudar de bicicleta, mudou, comprou a Pretinha, comentei com Wendel, e pronto - logo resolveram formar uma dupla de pedal.
Isso foi ótimo para ele, e também para mim, e para nós. Quando ele não está treinando, damos um pedal até a praia. Das vezes que pedalei com ele, comecei a tirar mais da minha bike também. Utilizava as marchas incorretamente até então. Até comecei a emagrecer. Guga tem feito trilhas cada vez mais intensas, aprendendo a respeitar seus limites. Muito, muito bom.
Mas há uma coisa que pedalar me ensina e que se estende para tudo o mais na vida: a seguir minha respiração, o meu ritmo. Ao contrário do que aconteceu em Mendoza, quando caí da bicicleta e me estabaquei porque estava ansiosa por seguir o parceiro que ia se distanciando, e sem atentar para o que me dizia respeito, agora sigo a mim mesma. Atenta aos outros ao meu redor, mas ocupada apenas de mim, de onde estou e onde quero chegar. Essa é a melhor de todas as lições que pedalar me traz.
Como já disse, comecei a ir ao pilates de bike. O marido da minha professora comentou que pedalava a sério, eu comentei sobre meu marido que queria retomar as atividades físicas. Guga já queria mudar de bicicleta, mudou, comprou a Pretinha, comentei com Wendel, e pronto - logo resolveram formar uma dupla de pedal.
Isso foi ótimo para ele, e também para mim, e para nós. Quando ele não está treinando, damos um pedal até a praia. Das vezes que pedalei com ele, comecei a tirar mais da minha bike também. Utilizava as marchas incorretamente até então. Até comecei a emagrecer. Guga tem feito trilhas cada vez mais intensas, aprendendo a respeitar seus limites. Muito, muito bom.
Mas há uma coisa que pedalar me ensina e que se estende para tudo o mais na vida: a seguir minha respiração, o meu ritmo. Ao contrário do que aconteceu em Mendoza, quando caí da bicicleta e me estabaquei porque estava ansiosa por seguir o parceiro que ia se distanciando, e sem atentar para o que me dizia respeito, agora sigo a mim mesma. Atenta aos outros ao meu redor, mas ocupada apenas de mim, de onde estou e onde quero chegar. Essa é a melhor de todas as lições que pedalar me traz.
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quarta-feira, 23 de novembro de 2016
O retorno das mudinhas
Eu tinha dado um tempo da hortinha. O ataque do sapo e o sumiço de Chico, além do cansaço e da chuva que me desanimavam a sair para cuidar das plantas, me afastaram dessa prática que tinha começado tão prazerosa.
Percebi que preferia ter os vasinhos mais perto, ao alcance da vista e das mãos. Comentei com o marido que seria bom ter uma estantezinha para os vasos na varanda. Outro dia, procurei na internet uma para comprar. Os prazos de entrega eram bizarros. Então, o marido se dispôs a fazer uma para mim. Ebaaaaa!
Como Guga leva muito jeito com a marcenaria, o móvel ficou lindo. Mais lindo ainda com os primeiros vasos, em alturas à prova de sapos. Também quero mudinhas de flores antimosquitos. Vai ficar uma lindeza.
Percebi que preferia ter os vasinhos mais perto, ao alcance da vista e das mãos. Comentei com o marido que seria bom ter uma estantezinha para os vasos na varanda. Outro dia, procurei na internet uma para comprar. Os prazos de entrega eram bizarros. Então, o marido se dispôs a fazer uma para mim. Ebaaaaa!
Como Guga leva muito jeito com a marcenaria, o móvel ficou lindo. Mais lindo ainda com os primeiros vasos, em alturas à prova de sapos. Também quero mudinhas de flores antimosquitos. Vai ficar uma lindeza.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Pio, o pica-pau
Entre vários moradores que temos na Vila do Sossego (nome da nossa casa), hoje encontramos o Pio, um pica-pau (até então não tínhamos certeza de que era um, apesar da cabeleira vermelha). Bela havia caçado um passarinho, e em seguida Guga encontrou Pio caído no chão (não sabemos se ele era a caça de Bela, mas tudo indica que não - ele não teria sobrevivido à mordida certeira dela).
O bichinho estava assustadíssimo, com uma aparência deplorável, todo encharcado. Piava muito alto, principalmente quando tentávamos ajeitar as asas dele numa caixa que forramos com panos para mantê-lo aquecido.
Eu nunca tinha socorrido um passarinho, então não tirei o olho dele o tempo todo. Coloquei água numa seringa e ia dando gotinhas para ele. Amassei um pouco de banana para dar-lhe de comer. Aos poucos, ele foi relaxando, e até dormiu. Demos uma saída rápida, tomando o cuidado de deixá-lo dentro do barracão, para evitar uma visita de Zen com instintos de caça reavivados (mas ele nem se interessou muito por Pio). Quando voltamos, Pio já estava quase seco e parecia ter fome, abrindo o bico como quem espera a mãe trazer o alimento.
Consegui que ele comesse um pouco de banana. Logo ele quis levantar voo, e acabou voando para mim, vindo estacionar no meu ombro direito. Colocamos o pajarito na pitangueira, e a primeira coisa que ele fez foi bicar a árvore - pronto, não havia mais dúvida de que era um pica-pau (o primeiro que consegui ver, e tão perto - todas as vezes que Guga me chamava para ver um, o bicho sumia antes de eu chegar).
Acabamos levando Pio para a mangueira ao lado da qual Guga o encontrou. Surpreendentemente, o quase moribundo passarinho subiu agilmente pela árvore, usando as garras e as asas. Sumiu-se lá em cima. Foi ser rouge na vida.
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Pão de bagaço de malte de cevada
Guga tem um tio que é um verdadeiro mestre cervejeiro. Volta e meia ele aparece com uns preparos maravilhosos, especialmente as cervejas escuras. Sentimos ao beber o prazer que ele tem ao produzi-las. Até comentei que demos a ele um livro sobre cervejas, e eu ganhei um, sobre pratos à base de cerveja.
Outro dia, Degas nos ofereceu os grãos moídos utilizados no preparo, aquilo que normalmente é descartado, para que eu fizesse PÃES. Imaginei que devia ser bom, mas inventei de aquecer no forno para secar, já que o bagaço contém bastante água. Acabou não parecendo muito bacana de utilizar, e descartei. Mas ele apareceu novamente com a matéria-prima, e com uma amostra do pão que faz com ela, e resolvi então usar o bagaço com água e tudo, considerando o teor de umidade na receita.
Adaptei uma receita de pão multigrãos do Rogério Shimura, substituindo a farinha integral ou de centeio pelo bagaço de malte. Caramba, ficou ótimo! Parece que o malte confere maior aeração à massa, que ficou levíssima.
Como ainda tenho bastante bagaço de malte na geladeira, ontem fiz outra experiência, uma receita experimental para aproveitamento de resíduos da indústria da cerveja, publicada por alunos do Senac de Santa Catarina - esta receita leva leite, e essa pequena porcentagem de gordura acaba dando mais liga à massa, que continua fofa, mas produz um pão mais firme, perfeito para o corte. Maravilha.
Já estou aventando a hipótese de uma cuca de banana com o bagaço de malte. Até o levain deve entrar na dança.
Pão de bagaço de malte - receita I (adaptada da receita do Shimura)
Ingredientes:
400 g de farinha de trigo
100 g de bagaço de malte
200 mL de água
60 g de manteiga amolecida
20 g de fermento fresco ou 10 g fermento biológico seco
10 g de açúcar (usei demerara)
5 g de sal
12 g de sementes de girassol
12 g de gergelim negro
12 g de gergelim branco
10 g de flocos de cevada
25 mL de óleo
Preparo:
Misture a farinha, o bagaço de malte e o sal. Se for usar o fermento seco, junte a ele a água e o açúcar - depois de uns 15 minutos, deve formar uma esponja, que será acrescentada aos ingredientes secos; junte então a manteiga. Se usar o fermento fresco, pode juntar com a farinha, o bagaço, o sal e o açúcar e então ir acrescentando a manteiga e a água aos poucos, enquanto sova na batedeira em velocidade baixa. Sove por cerca de 8 minutos. Acrescente então os grãos, misturando-os bem, por mais 2 minutos na batedeira. Deixe descansar na própria tigela da batedeira, coberta por plástico filme, por 15 minutos. Unte uma forma e coloque nela a massa, deixando-a dobrar de tamanho. Leve para assar em forno pré-aquecido a 180 graus por cerca de 30 minutos.
Pão de bagaço de malte - receita II (do Senac-SC)
Ingredientes:
150 g de bagaço de malte
400 g de farinha de trigo
2 colheres de sopa de mel
10 g de fermento biológico seco (1 sachê)
150 mL de leite
1/2 colher de manteiga amolecida
1 ovo para pincelar (opcional)
Preparo:
Misturar todos os ingredientes e sovar por 10 minutos em velocidade baixa. Deixar a massa descansar por 1 hora, coberta com filme plástico. Modelar a massa, apertando-a levemente, e colocá-la em um forma untada. Pincelar a superfície com um ovo levemente batido. Assar em forno alto (250 graus) por cerca de 30 minutos.
Outro dia, Degas nos ofereceu os grãos moídos utilizados no preparo, aquilo que normalmente é descartado, para que eu fizesse PÃES. Imaginei que devia ser bom, mas inventei de aquecer no forno para secar, já que o bagaço contém bastante água. Acabou não parecendo muito bacana de utilizar, e descartei. Mas ele apareceu novamente com a matéria-prima, e com uma amostra do pão que faz com ela, e resolvi então usar o bagaço com água e tudo, considerando o teor de umidade na receita.

Como ainda tenho bastante bagaço de malte na geladeira, ontem fiz outra experiência, uma receita experimental para aproveitamento de resíduos da indústria da cerveja, publicada por alunos do Senac de Santa Catarina - esta receita leva leite, e essa pequena porcentagem de gordura acaba dando mais liga à massa, que continua fofa, mas produz um pão mais firme, perfeito para o corte. Maravilha.
Já estou aventando a hipótese de uma cuca de banana com o bagaço de malte. Até o levain deve entrar na dança.
Pão de bagaço de malte - receita I (adaptada da receita do Shimura)
Ingredientes:
400 g de farinha de trigo
100 g de bagaço de malte
200 mL de água
60 g de manteiga amolecida
20 g de fermento fresco ou 10 g fermento biológico seco
10 g de açúcar (usei demerara)
5 g de sal
12 g de sementes de girassol
12 g de gergelim negro
12 g de gergelim branco
10 g de flocos de cevada
25 mL de óleo
Preparo:
Misture a farinha, o bagaço de malte e o sal. Se for usar o fermento seco, junte a ele a água e o açúcar - depois de uns 15 minutos, deve formar uma esponja, que será acrescentada aos ingredientes secos; junte então a manteiga. Se usar o fermento fresco, pode juntar com a farinha, o bagaço, o sal e o açúcar e então ir acrescentando a manteiga e a água aos poucos, enquanto sova na batedeira em velocidade baixa. Sove por cerca de 8 minutos. Acrescente então os grãos, misturando-os bem, por mais 2 minutos na batedeira. Deixe descansar na própria tigela da batedeira, coberta por plástico filme, por 15 minutos. Unte uma forma e coloque nela a massa, deixando-a dobrar de tamanho. Leve para assar em forno pré-aquecido a 180 graus por cerca de 30 minutos.
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150 g de bagaço de malte
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2 colheres de sopa de mel
10 g de fermento biológico seco (1 sachê)
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1/2 colher de manteiga amolecida
1 ovo para pincelar (opcional)
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Misturar todos os ingredientes e sovar por 10 minutos em velocidade baixa. Deixar a massa descansar por 1 hora, coberta com filme plástico. Modelar a massa, apertando-a levemente, e colocá-la em um forma untada. Pincelar a superfície com um ovo levemente batido. Assar em forno alto (250 graus) por cerca de 30 minutos.
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